Tragédia na Bahia: “Bolsonaro demonstra desprezo à vida”, diz Rui Costa
Enquanto Bolsonaro passeia no litoral em meio ao caos na Bahia, governo federal recusa ajuda da Argentina ao estado. “A prioridade do presidente não é com o povo, é com a morte”, reage Alexandre Padilha
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O povo da Bahia agoniza em meio ao rastro de caos deixado pelas enchentes que castigam o estado. O saldo da tragédia são 24 mortos, 434 feridos e 91 mil desabrigados, entre os quase 630 mil atingidos. Enquanto isso, Jair Bolsonaro aproveita as férias no litoral catarinense. O descanso presidencial, regado a passeios de jet ski, no entanto, não impediu Bolsonaro de – em mais um ato de perversidade – vetar o apoio oferecido pela Argentina ao governador Rui Costa. Nesta quarta-feira (29), a gestão de Costa soube, pelo consulado argentino, da recusa. O governo brasileiro informou, por meio do Itamaraty, que a crise “está sendo enfrentada com a mobilização interna de todos os recursos financeiros”.
“O país vizinho pretendia enviar imediatamente ao sul da Bahia uma missão com profissionais especializados nas áreas de água, saneamento, logística e apoio psicossocial para vítimas de desastres”, relatou o governo da Bahia, em nota.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Costa condenou a indiferença de Bolsonaro e lamentou que o extremista de direita seja desprovido de sentimentos de compaixão. “O presidente durante toda a sua gestão demonstrava desprezo em relação à vida humana”, desabafou Costa.
Meu agradecimento ao governo argentino pela oferta de ajuda humanitária às vítimas das enchentes na Bahia, em especial ao embaixador Daniel Scioli, ao cônsul-geral na Bahia, Pablo Virasoro, e à presidente da comissão nacional dos Capacetes Brancos, a embaixadora Sabina Frederic.
— Rui Costa (@costa_rui) December 29, 2021
“Se você me perguntar: “O senhor esperava ele aí?”, vou dizer que não. Durante três anos, em nenhum momento, em nenhum outro desastre, na pandemia, ou em qualquer situação que significasse prestar solidariedade à vida humana ele fez qualquer gesto. É um presidente que não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo”, apontou.
O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) reagiu duramente à decisão do ocupante do Planalto. “Bolsonaro não tem tempo para visitar o sul da Bahia porque está de férias, pescando e andando de jet-ski, mas tem tempo o suficiente para impedir, com uma canetada, a ajuda humanitária vinda da Argentina. A prioridade do presidente não é com o povo, é com a morte”, definiu o parlamentar.
ABSURDO
Bolsonaro NEGOU autorização para ajuda humanitária da Argentina à Bahia. Profissionais viriam à região sul do Estado a pedido do governador @costa_rui. Mais vidas estão sendo perdidas pela mão do genocida. É obrigação do Bolsonaro facilitar qualquer auxílio para a região.— Alexandre Padilha (@padilhando) December 30, 2021
Rui Costa fez questão de agradecer ao governo argentino pela oferta. “Meu agradecimento ao governo argentino pela oferta de ajuda humanitária às vítimas das enchentes na Bahia, em especial ao embaixador Daniel Scioli, ao cônsul-geral na Bahia, Pablo Virasoro, e à presidente da comissão nacional dos Capacetes Brancos, a embaixadora Sabina Frederic”.
Não bastasse tirar férias enquanto o povo da Bahia sofre sem teto e comida e mentir sobre a verba de socorro aos desabrigados, agora Bolsonaro recusa ajuda humanitária da Argentina. Como pode alguém ser tão ruim?
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) December 30, 2021
Verba insuficiente
O governador queixou-se ainda da verba anunciada pelo governo, de R$ 80 milhões, para recuperar estradas federais no estado, quando seriam necessários pelo menos R$ 400 milhões.
“Não vou ficar de braço cruzado esperando recurso. Vamos garantir auxílio financeiro e a reconstrução das cidades, rodovias estaduais e pontes”, assegurou o governador, pelo Twitter.
Enquanto Bolsonaro desfruta um não merecido descanso no litoral, as redes sociais trataram de apontar a principal atividade exercida pelo atual ocupante do Planalto: A hashtag “Bolsonaro vagabundo” ocupou o topo dos trending topics do Twitter nos últimos dois dias.
Da Redação, com informações de Folha de S. Paulo