Transposição do São Francisco: Relatório da CGU faz Bolsonaro passar vergonha

Bolsonaro tenta dizer que a transposição do Rio São Francisco é uma obra dele. Mas documento da CGU mostra que, em 2017, faltavam apenas 2,5% para a conclusão do projeto

Site do PT/Divulgação

Se não fosse o PT, Bolsonaro não teria o que inaugurar. Essa é a verdade

Em entrevista ao Jornal Rádio PT, nesta sexta-feira (18), o ex-secretário nacional do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Maurício Muniz apresentou dados que tornam ainda mais vexaminosa a tentativa de Jair Bolsonaro de se apropriar da transposição do Rio Francisco.

Muniz apresentou um relatório, publicado pela Controladoria-Geral da União (CGU) em novembro de 2017, segundo o qual, naquela época, faltavam menos de 3% para a finalização da obra. Mais de um ano antes do governo Bolsonaro, todo o Eixo Leste, de 217km de extensão, estava concluído. E só faltavam 4,6% para finalizar o Eixo Norte, de 260km. 

“Se a gente pega os dois eixos, temos que, em 2017, fisicamente, já estava com 97,5% prontos. Ou seja, a obra foi feita pelos governos do PT”, afirmou Muniz, ressaltando que o relatório foi feito já durante o governo Temer, que não teria nenhum interesse em elogiar os governos de Lula e Dilma (assista à íntegra da entrevista ao fim desta matéria).

Os dados do relatório (disponível aqui) não deixam dúvida de que foi o PT quem fez e investiu na obra – aliás, 88% dos pagamentos foram feitos na época dos governos Lula e Dilma. Mesmo assim, Bolsonaro teve a cara de pau de, recentemente, posar diante da inauguração de um dos trechos finais, como se tivesse algum mérito pelo resultado.

Sensibilidade e planejamento de Lula

A verdade é que, se hoje o sertão nordestino pode contar com água, é porque Lula teve planejamento e vontade política. A ideia de canalizar a água do São Francisco para as regiões mais secas do Nordeste surgiu ainda na época do Império. Don Pedro II a propôs em 1847 e, em 1877, chegou a tentar executá-la, sem sucesso.

Na República, nenhum dos presidentes do país conseguiu implementá-la. Mas Lula, com sua visão de que o Brasil precisava investir não só para crescer economicamente e gerar empregos, mas também para melhorar as condições de vida da população, resolveu tirar o projeto do mundo das ideias e torná-lo realidade.

Para isso, em 2006, pagou a dívida do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que impunha um limite nos investimentos por parte do governo, e lançou, em janeiro de 2007, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que fez os investimentos em infraestrutura no Brasil saltarem de R$ 4 bilhões, na época do FMI, para R$ 470 bilhões (previsão inicial do PAC 1, que acabou, ao fim, chegando a R$ 675 bilhões).

Bolsonaro inaugura e destrói ao mesmo tempo

Muniz explicou que o PAC não foi um programa que investiu apenas em infraestrutura física, como estradas e portos, mas também em infraestrutura social, com obras de moradia, mobilidade urbana, saneamento básico e prevenção de acidentes causados por desastres naturais.

Um exemplo muito conhecido desse lado social foi o Minha Casa Minha Vida, em grande parte executado pelo PAC 2, de 2010, que teve investimentos de mais de R$ 1 trilhão. Lançado em 2009, o Minha Casa Minha Vida chegou a 2014 com 1,8 milhão de unidades residenciais entregues e mais de 3 milhões já contratadas. Ou seja, muitas das casas planejadas e financiadas pelo governo Dilma acabaram sendo inauguradas anos depois por Bolsonaro.

No entanto, Bolsonaro tem a desfaçatez de inaugurar obras alheias ao mesmo tempo em que destrói os programas que tornaram essas mesmas obras possíveis. No Minha Casa Minha Vida, por exemplo, ele matou a essência do programa ao extinguir a Faixa 1, que era a modalidade voltada para a construção de casas para pessoas de baixíssima renda, que não conseguem financiamento em bancos. 

“Hoje, a população de baixa renda não consegue acessar o programa”, denunciou Muniz, ressaltando que antigos problemas do Brasil foram resolvidos quando, finalmente, houve um governo com vontade política para fazê-lo.

O ex-secretário do PAC explicou que foram esses investimentos que fizeram a economia do país se movimentar e milhões de empregos com carteira assinada serem criados. Tudo só porque Lula decidiu que seu segundo mandato seria melhor que o primeiro. “Quando, hoje, a gente escuta o presidente Lula falar que (se voltar a ser presidente) não vai fazer o mesmo governo, que vai ser um governo muito melhor, com muito mais investimento, eu queria dizer que eu vivi esta experiência: quando o presidente Lula fala que vai fazer um governo melhor, ele faz um governo melhor”, afirmou Muniz. 

Da Redação

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