Tuca celebra candidaturas e clama por liberdade de Lula
Tradicional teatro da PUC-SP reúne artistas, intelectuais e estudantes em nome da democracia e contra os retrocessos na educação após o golpe de 2016
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“Aqui de longe consigo sentir a energia que irradia de mais uma noite histórica no Tuca. Nem a distância nem as paredes podem barrar”. O recado de Lula, lido sob lágrimas pelo ator Sérgio Mamberti, define com precisão o clima que tomou conta do Teatro da PUC-SP (Tuca) na noite de segunda-feira (10) durante o ato Arrancada da Vitória.
A ausência do ex-presidente, representado por seu neto Thiago, foi suprida por falas contundentes de diversos candidatos do partido e aliados, além de atores, intelectuais, juristas e, claro, as três centenas de estudantes que lotaram a histórica arena da universidade. Fernando Haddad, que teve de ficar em Curitiba para reunião com a Executiva do partido, mandou o seu recado pela voz de sua companheira Ana Estela.
“Haddad está aqui de coração, mas o momento é extremamente delicado. A ONU enviou nova manifestação e estão descumprindo outra vez. É muito triste ver o maior líder que esse país já teve privado de seus direitos políticos e o povo privado de sua soberania que é o voto popular”, lamentou.
Ana Estela, no entanto, tratou logo de espantar qualquer fagulha de pessimismo para deixar claro o que tem testemunhado nas andanças pelo país. “Diferentemente de 2016, ano do golpe e de um ataque sistemático contra o partido, o pulsar das ruas é agora outro. Não estamos sozinhos. O povo escolheu votar 13”.
Opinião semelhante tem Manuela D’Ávila, que compõe a chapa presidencial do partido, e sabe como poucos candidatos dialogar com a juventude. “Esse é um ato especial porque acontece no Tuca e porque acontece com a ausência do maior líder popular da história do Brasil. Sentimos a ausência, mas é um ato sobre liberdade. Porque nós sabemos que em pouco mais de 20 dias o Brasil traçará seu rumo e poderá escolher se quer liberdade novamente ou não”, disse Manu, aplaudida de pé pelo público.
Manu também lembrou da importância de Lula e Haddad para a transformação da Educação no Brasil. “Lula teve coragem de colocar Haddad ministro e ele teve a coragem de democratizar a Educação. Haddad tocou num espaço sagrado das elites brasileiras: que é o ensino superior. Hoje ninguém contesta os resultados de uma década de inclusão nas universidades”, completou.
Aloizio Mercadante, também ex-ministro da Educação durante os governos do PT, também defendeu o colega. “Fernando Haddad teve papel extraordinário na educação infantil. Porque as crianças nascem com oportunidades diferentes e cabe ao Estado permitir que tenham oportunidade iguais. Mas ele também foi decisivo para democratizar a educação e permitir que pessoas que nunca sonharam em entrar numa universidade saíssem com um diploma. Essa é a verdadeira revolução feita por Haddad no país”, completou.
Em seguida, Mercadante ainda criticou a postura dos que veem na violência a solução para todos os problemas do país. “Essa direita brasileira que acha que a solução é mais faca, mais revólver e mais fuzil não percebe que a solução sempre foi mais livros, mais caneta e mais escolas”.
A presidenta da UNE, Marianna Dias, concorda. Se dependesse dos que estão aí não teríamos nem candidato. Por isso esse grito de liberdade tem que ser ecoado. Somos o Brasil dos 8 milhões de estudantes universitários. Somos os filhos das cotas, Do ProUni, do Ciência sem Fronteiras… E esses milhões se chamam lula e Haddad. Agora, esses dois grandes brasileiros ganham o reforço de outra grande brasileira que é a Manu. Por tudo o que estão fazendo com o país, esta é a eleição mais importante da minha geração”, declarou.
O candidato ao governo do estado de São Paulo, Luiz Marinho abriu e fechou o evento como cerimonialista, acompanhado de sua vice, Ana Bock. “Essa demonstração de força que estamos vendo aqui nesta noite é a prova de que o povo quer mudança em todas as esferas, tanto no governo federal, quando no governo estadual e no Congresso. Só temos a agradecer o apoio de todos vocês”, afirmou Marinho.
Por Henrique Nunes da Agência PT de Notícias