“Visão estratégica de Lula trouxe ao Brasil um novo horizonte”, diz Pochmann
Em entrevista à TV 247, presidente do IBGE citou avanços como queda da inflação e do desemprego, crescimento da massa salarial e do PIB
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O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, fez um balanço positivo do primeiro ano do governo Lula, durante o programa Conversas com Hildegard Angel, da TV 247, exibido no domingo (17). Queda da inflação e do desemprego, aumento da massa salarial e crescimento econômico acima das expectativas foram alguns exemplos citados pelo economista. Ele também previu um 2024 com novos avanços, como a recuperação da indústria, a partir do reposicionamento do Brasil no mundo.
“O dados apresentados pelo IBGE neste ano de 2023 são dados bastante importantes, porque revelam uma trajetória de redução da taxa de inflação, que estava muito alta, revela uma queda na taxa de desemprego, uma melhora no nível salarial e também aponta um crescimento econômico muito diferente daquilo que se imaginava ao final do ano de 2022, após aquela eleição e tudo o que ocorreu no ano passado”, disse Pochmann.
O presidente do IBGE atribuiu esses avanços, entre outros fatores, à “maturidade” e à “visão estratégica” que o presidente Lula tem do Brasil. “Eu penso que o presidente Lula tem essa tarefa fundamental de conduzir o Brasil, após um período muito difícil que passamos, um período em que o Brasil praticamente cancelou o seu futuro, não sonhava mais com o seu futuro, estava muito limitado no presente. E o presidente Lula, com todo o seu esforço, com sua maturidade, visão estratégica do Brasil, nos trouxe para um novo patamar”, disse.
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Segundo o economista, “o patamar ainda é muito difícil, da população, como um todo, perceber, mas acredito que, ao superarmos esse primeiro ano, nós temos um horizonte melhor, pois se constrói, na verdade, uma perspectiva diferente para o Brasil”.
Pochmann pontuou que o IBGE, nesse sentido, se encaixa perfeitamente no cenário atual de reconstrução do Brasil. “O IBGE tem sido uma espécie de cartão postal do Brasil, ele apresenta o Brasil para o mundo a partir de suas pesquisas, estudos. O IBGE revela, a cada ano, cerca de 250 divulgações de pesquisas, estudos, leva aos brasileiros a realidade que se encontra. E, ao mesmo tempo, também o IBGE é uma espécie de bússola, para onde o país está indo”, frisou.
A entrevista tratou de vários temas, entre os quais os dois primeiros mandatos de Lula, as injustiças cometidas contra o presidente e sua terceira eleição. Pochmann afirmou que Lula voltou à presidência “com um coração ainda mais nobre em relação aos desafios do Brasil, de entender que é possível avançar mas precisa considerar partes mais amplas da sociedade”.
Para o economista, esse terceiro mandato de Lula é muito diferente dos dois anteriores, sobretudo pelas mudanças no cenário internacional. Ele lembrou que, àquela época, a influência dos Estados Unidos era inquestionável, e o grau de manobra que o Brasil tinha era relativamente pequeno.
“E, mesmo assim, conseguimos avançar, com a construção dos BRICS, por exemplo, o papel que ele [Lula] teve na cooperação com a África, entre tantas outras ações, junto com esse magnífico ministro Celso Amorim, e, hoje, eu entendo que o contexto internacional é diferente, o Brasil tem oportunidades muito maiores do ponto de vista do contexto internacional”, disse o presidente do IBGE.
“Veja a liderança que o Brasil vai ter neste ano de 2024 a partir do G20, a liderança nos BRICS, que agora foram para 11 países. Então, nós não temos paralelo histórico dessa importância internacional”, prosseguiu Pochmann.
O economista disse reconhecer que a presença do Brasil no mundo não é suficiente para resolver os problemas internos, mas, para ele, “a combinação de uma situação mais favorável no âmbito internacional com a realidade nacional nos dá uma oportunidade diferente da que nós tínhamos até então”.
“Esses esforços que o presidente Lula está realizando para trazer investimentos, possivelmente de vários países, mas também da China, isso poderá dar um salto em relação à recuperação industrial, o que é fundamental para o Brasil. Não se conhece um país que se desenvolveu sem ter uma boa base industrial, e nós perdemos muito da indústria”, afirmou.
Investimentos disparam
Avaliações positivas sobre o primeiro ano do governo Lula também foram feitas por representantes do mercado financeiro, segundo matéria publicada nesta segunda-feira (18) pelo portal G1.
O texto cita dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), segundo os quais o volume de dinheiro investido por pessoas físicas no Brasil não para de crescer e somou R$ 5,5 trilhões em setembro de 2023. O número representa um crescimento de 9,7% em comparação ao montante total investido no ano passado, de R$ 5 trilhões. Em relação ao mesmo período de 2022 (R$ 4,9 trilhões), a alta foi de 12,4%.
A matéria informa também que, em 2023, o Ibovespa caminha para ter o melhor desempenho entre os índices pela primeira vez desde 2019. Até o momento de fechamento da avaliação, o principal índice de ações da bolsa de valores brasileira havia acumulado alta de 15,6%.
Além disso, o texto afirma que não há dúvida de que as perspectivas para a atividade econômica melhoraram: não apenas houve uma redução da dívida bruta do governo e níveis recordes do superávit comercial, como também há uma melhora generalizada das expectativas para o país.
“Nesse sentido, os juros e a inflação caíram mais do que o esperado, o real sai levemente fortalecido e há uma previsão quase três vezes maior de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) contra as primeiras projeções”, diz o G1.
A matéria traz uma entrevista com Marina Renosto, chefe de alocação da Blackbird Investimentos. “Já víamos um arrefecimento da inflação no final do ano passado, mas a gente ainda tinha receio de que isso poderia ser artificial, diante das medidas de redução pontual de combustível nos últimos meses de 2022”, disse Marina.
A especialista acrescentou: “Mas vimos que a inflação realmente começou a desacelerar e se aproximar um pouco mais da meta, o que contribuiu para que houvesse o início do ciclo de queda de juros no Brasil”.
A matéria diz também que parte da melhora do cenário veio na esteira de um maior otimismo após a aprovação do novo arcabouço fiscal por parte do governo.
“É um instrumento que ainda vai ser testado. Mas independente das possíveis imperfeições que foram detectadas e descritas [no arcabouço], o mercado se sentiu mais confortável por ter uma diretriz sobre a maneira como [o governo] conduziria a política fiscal”, disse o gestor de multimercados da Neo Investimentos, Mario Schalch, entrevistado pelo G1.
Da Redação, com 247