20 de novembro, justiça social, igualdade racial e vida digna para todos

Celebramos o 20 de novembro sem ilusões, mas radicalmente comprometidas com o sonho de uma sociedade com justiça social e igualdade racial, afirma o coletivo de vereadoras negras do PT

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Manifesto da 19ª Marcha da Consciência Negra de São Paulo

Por todo o Brasil, o mês de novembro se transformou no mês da Consciência Negra, um momento singular para refletirmos sobre o papel da população negra, outrora escravizada, na construção da nossa sociedade. Entretanto não nos alienamos do fato de que os nossos problemas se resolvem com uma data específica como é o caso do 20 de novembro. Para nós negras e negros de todo o país, novembro carrega um profundo sentido simbólico e político no processo de conscientização, politização e sensibilização sobre as criminosas práticas discriminatórias e nas consequentes desigualdades provocadas pelo racismo em nosso país.

As celebrações referentes ao mês da Consciência Negra surgiram das lutas dos movimentos sociais contra o racismo que identificaram na data da morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares, uma significativa simbologia que representa um sentimento de rebeldia, apreço à liberdade e intenso orgulho para a população negra de todo o país. O movimento negro brasileiro sugeriu que o 20 de novembro seja conhecido como o dia Nacional da Consciência Negra e que nesta data fosse comemorado o valor da comunidade negra e inegável contribuição para o desenvolvimento da nossa sociedade.

A memória tem um papel fundamental na formação social de uma comunidade, de um país. A importância do 20 de novembro está relacionada a salvaguardar a memória da população negra, assim como a memória de todos os afrodescendentes do Brasil, colaborando assim na instauração da nossa identidade coletiva.

Ainda que o dia 20 de novembro esteja relacionado com a morte de Zumbi dos Palmares, não podemos esquecer que o propósito do dia da Consciência Negra, deve ser compreendido no plano das lutas coletivas do povo negro do passado e do presente. Isso significa dizer, que ao mesmo tempo que precisamos lembrar das lutas gerais por liberdade e dignidade, também é fundamental, registrarmos a importância do papel das mulheres negras nestas mesmas lutas e nos referenciarmos, nos inspirarmos para as lutas da atualidade.

Nas eleições de 2020, nove mil mulheres foram eleitas vereadoras por todo o Brasil, entretanto, deste total, somente 6,3% são mulheres negras. Porém, os casos de desrespeitos e ameaças sofridas pelas vereadoras neste quase um ano de exercício dos seus mandatos públicos, expõem números alarmantes sobre a violência contra as mulheres negras na politica.

A violência política contra as mulheres se manifesta de forma física, psicológica, simbólica e econômica. Estas violências se visibilizam em agressões diversas, em restrições e constrangimentos que intimidam as mulheres no exercício cotidiano do fazer político. Muitas vezes, violência política coloca as próprias vidas das mulheres, em especial as mulheres negras, sob ameaça ou em risco. A dimensão simbólica da violência política também reafirma a manutenção do status quo que visa seguir excluindo as mulheres negras dos espaços de representação e decisão e se apresenta como reação à inevitável mudança instaurada pelas mulheres no espaço público.

A violência de gênero e o racismo, estão no meio de nós, estão por todas as partes e estas opressões não são enfrentadas sem firmeza política e disposição para reposicionar a realidade da nossa sociedade. Não é por acaso que mulheres negras por todo o Brasil tem conquistado visibilidade, direito à fala pública e controle sobre suas próprias narrativas. As conquistas antirracistas e de combate ao machismo serão sempre marcadas por conflitos e compreendemos que as conquistas até aqui acumuladas não terão retrocesso. Lutamos por isso.

Nós, vereadoras do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, mulheres negras democraticamente eleitas pela população de diversos municípios, no exercício dos nossos mandatos públicos, reforçamos o compromisso ético e politico com a luta antirracista não apenas no dia 20 de Novembro, mas em todas os dias do ano. Sabemos que para construir um processo de vitórias historicamente demandadas pela população pobre e negra do nosso município, precisamos avançar na criação de maiores e melhores políticas públicas e para tanto é necessário uma luta contínua e coletiva. Uma luta com dedicação, compromisso e responsabilidade. Por isso, celebramos o mês da consciência negra, celebramos o 20 de novembro sem ilusões mas radicalmente comprometidas com o sonho de uma sociedade com justiça social, igualdade racial, a eliminação de todas as opressões e uma vida digna para todo o povo.

Grupo Formando Teias – coletivo de vereadoras negras do PT

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