4º Congresso: PT aprovou cotas étnico-raciais em 2011

Em 2011, PT avançou na construção da igualdade dentro do partido e instaurou as cotas de étnico-raciais em todas as intâncias partidárias; relembre

José Cruz/Agência Brasil

Abertura do 4º Congresso Nacional do PT, em 2011

O 4º Congresso Nacional do PT, em 2011, foi marcado pela aprovação das cotas étnico-raciais, etárias e pela paridade de gênero.

No 1º Congresso, em 1991, o PT havia aprovado a cota de gênero de 30% nas direções partidárias. Vinte anos depois, o partido avançou na discussão a partir de um amplo debate promovido pelas setoriais do partido e aprovou paridade de gênero,  20% de cotas geracionais e 20% de cotas étnico-raciais.

À época, as mudanças envolveram um grande trabalho de convencimento por parte das secretarias setoriais, segundo Cida Abreu, Secretária Nacional de Combate ao Racismo em 2011. No caso das cotas étnico-raciais, exigiu o esforço do Coletivo Nacional de Combate ao Racismo que, segundo Cida, definiu a ampliação da presença e participação dos negros no partido seria o ponto prioritário.

“A gente teve que conquistar o seguinte: somos mulheres, mas não somos iguais”, explica a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que foi uma das principais articuladoras das cotas de gênero em 1991, e teve participação importante também em 2011. “Nós criamos um quilombo forte e fomos para dentro do partido fazer esse debate da questão racial, foi muito difícil”, afirma a deputada.

Segundo a deputada, contou para o debate os avanços conquistados pelos governos petistas, como as cotas nas universidades, e que mostraram que era preciso avançar dentro do partido.

Para Nelson Padilha, atual Secretário Nacional de Combate ao Racismo do PT, a aprovação das cotas foi o ápice de um amplo processo de mobilização. “Não teve surpresa nenhuma porque havia um clamor e uma busca muito grande por parte da militância do PT de todo o Brasil”, diz. “Foi construído de maneira árdua com todas as nossas bases”.

Com as cotas, segundo ele, o partido ampliou sua base social e seu diálogo com a população. “A instituição das cotas foi um avanço porque oficializou o que já fazíamos. Isso legitimou, fortaleceu”, diz ele. “Ficou mais fácil falar com quilombolas, com povo do samba, com povo de terreiro na medida em que nos nossos estatutos estava registrada a importância das cotas”, diz.

“Se tem uma agremiação que tem capacidade de reproduzir a população brasileira em sua plenitude e complexidade é o PT”

Para ele, o partido é o mais plural da política brasileira. “Se tem uma agremiação que tem capacidade de reproduzir a população brasileira em sua plenitude e complexidade é o PT”, afirmou.

Mas, lembra Benedita, ainda é necessário dar mais espaço para incluir os negros dentro do partido, como intelectuais e formadores políticos. “Nós queremos uma visibilidade com qualidade. Dificilmente você chama um intelectual negro para fazer uma palestra”, diz.

Para Padilha, houve resistência para aprovação das cotas. “Temos que continuar lutando para que a totalidade da população brasileira seja representada”, diz ele.

Essa reportagem integra a série sobre a histórias dos Congressos Nacionais do PT, produzida em ocasião do 6º Congresso Nacional, que ocorrerá em junho. Para ler as outras matérias, clique aqui

Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias

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