Atilio Mattozo: É preciso buscar os trabalhadores das pequenas cidades

É extremamente urgente que se inicie a busca pela consciência política e dos acontecimentos atuais, porque ainda estamos muito atrasados neste sentido

Tribuna de Debates do PT

São Paulo- SP- Brasil- 17/02/2016- Manifestantes ligados a Central Única dos Trabalhadores (CUT), realizam protesto em frente ao Fórum da Barra Funda, na zona oeste da cidade. Foto: Roberto Parizotti/ CUT

A arma decisiva para vencer esta luta está nos trabalhadores dos pequenos municípios e é preciso ir buscá-los

Estamos vivendo um período que vai ficar marcado na historia do país, principalmente porque, em breve, o futuro será decidido, seja para o bem ou para o mal do povo Brasileiro. A busca pelo futuro bom está sendo liderada pelo PT, enquanto cumpre sua obrigação de apoiar todas as causas e movimentos sociais, dando suporte para suas lutas e buscando unificá-las para um fortalecimento do povo.

Por outro lado, os golpistas, fortalecidos com suas facções infiltradas na grande mídia, nas polícias e nas igrejas (nem todas) se organizam para conter e reprimir tais movimentos e criminalizar suas lutas, pois seus lideres e principais interessados sabem que o povo tem força e podem barrar seus planos de inaugurar uma ditadura conservadora, seletiva e formada pela elite branca do país.

É uma corrida pela organização das massas, seja o PT e os demais partidos de esquerda buscando conscientizar o povo para que lute contra a ditadura fascista que se aproxima, seja os golpistas com seus instrumentos de alienação das massas e fortalecimento do pensamento conservador, racista e seletivo, visando colocar o povo contra si mesmo.

A grande e decisiva arma para se vencer esta guerra está dentro dos pequenos municípios, onde a nossa propaganda não está chegando, onde a alienação e a desconfiança com a política reinam e a única coisa que muitos dos trabalhadores almejam são benefícios momentâneos, pequenos assistencialismos, pois são mantidos pelo sistema paternalista apoiado pelos empresários.

Não é possível, apenas com palavras, em uma única conversa, colocar nos trabalhadores a consciência política e inseri-los na luta pelos seus direitos, mas é preciso investir na busca por um meio de atrair sua atenção para o que acontece no país e qual deve ser seu posicionamento a respeito. Esta dificuldade, em minha opinião, se deve porque o partido falhou em levar até as massas, no âmbito dos pequenos municípios, a propaganda do trabalho feito pelo presidente Lula e o que ele representa para a classe trabalhadora.

Quando o PT esteve à frente do governo, não foi investido na consciência de classe dos trabalhadores nos pequenos municípios, sendo que hoje não conseguimos colher os frutos do trabalho do presidente, seja para lutar contra o golpe que derrubou a presidenta Dilma, quando aconteceu, seja agora para impedir as arbitrariedades do governo golpista e lutar contra a crescente ideologia conservadora e a ameaça de uma intervenção (ditadura) militar.

O fato é que a internet não alcança a classe trabalhadora nos pequenos municípios, nem a arte ou qualquer outra forma de levar a informação real dos acontecimentos em nível nacional e a consciência política e de classes. O que é preciso para inserir esta parte do proletariado na luta que defende seus direitos é levar até eles um jornal impresso, levando em conta o que já foi dito, que a internet não alcança as massas. Um jornal que leve a notícia e o posicionamento que deve ser adquirido pelos trabalhadores.

Para isso, os círculos locais do partido devem ser acionados e orientados, pois, ou o partido cria um meio de comunicação destinado aos lugares mais remotos do país, que chegue até o trabalhador das classes mais baixas, ou orienta seus representantes nesses locais para que criem seus próprios jornais locais ou regionais. Nesta opção, será preciso reunir todos os movimentos sociais que existirem no local para ajudar a organizar e a financiar o material.

Minha opinião para que isso aconteça é que seja organizado o referido meio de comunicação, mas com coordenação em nível estadual, reunindo os representantes municipais do partido e exortando a criar as equipes que vão trabalhar na distribuição, bem como outros detalhes técnicos e financeiros.

Com um material assim em mãos, fica mais fácil para aqueles que têm a capacidade de agitação política para motivar os trabalhadores a participar da luta que está acontecendo, não desperdiçando o momento de tensão que vive o país. Quando os trabalhadores que estão isolados nos pequenos municípios, presos à cultura dos coronéis e dos populistas exploradores, se unirem aos movimentos estudantis, aos professores, ao MST, ao MTST, aos movimentos de cada minoria, teremos uma força indestrutível e chegaremos ao objetivo de uma política mais justa e igual para todos.

Porém, é preciso chamar a atenção dos dirigentes do partido nos círculos locais para que se desliguem da política local e foquem na efervescência dos acontecimentos em nível nacional, organizando em seus municípios o levante popular do proletariado.

É certo que os trabalhadores vão entrar na luta, devido a agitação que só vem crescendo, mas o meu medo é que a repressão chegue antes da união dos pequenos municípios aos grandes que já estão em atividade. Sendo assim, é extremamente urgente que se inicie a busca pela consciência política e dos acontecimentos atuais, porque ainda estamos muito atrasados neste sentido.

Atilio Daniel Mattozo, editor do site Geral de Notícias, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.

ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores

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