Papa recebe defensores de Lula Livre e mãe de Marielle Franco
Em visita, o papa afirmou observar que alguém acusado por corrupção através da mídia é destruído publicamente, depois o juiz inventa uma legislação
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Nesta sexta-feira (3) o papa Francisco recebeu uma comitiva com Marinete Silva, mãe da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), assassinada em março, a advogada Carol Proner, co-autora de um livro que critica a condenação do ex-presidente Lula, a pastora luterana Cibele Kuss e Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro de Direitos Humanos e ex-coordenador da CNV (Comissão Nacional da Verdade).
A visita acontece um dia após o ex-ministro Celso Amorim se encontrar com o pontífice, que recebeu um livro sobre Lula e redigiu uma carta de próprio punho para o ex-presidente.
O grupo desta sexta denunciar a violação de direitos humanos no país e a prisão política de Lula. “O papa está muito preocupado com a situação da América Latina e nos disse que está acompanhando tudo de perto”, disse Carol Proner em entrevista à Folha.
Proner entregou dois livros ao papa: um sobre o impeachment de Dilma Rousseff e o outro sobre a sentença do juiz Sergio Moro, que condenou Lula. “Eu expliquei a ele que a forma como a Operação Lava Jato está sendo conduzida, com a flexibilização de provas, de forma seletiva, e com a mídia elegendo juízes heróis, acaba gerando injustiças”, afirmou a jurista.
“Disse que o próprio Supremo Tribunal Federal violou um direito universal, que é o da presunção da inocência. Expliquei que isso prejudica não apenas o Lula mas milhares de pessoas que estão na mesma situação e que têm violado seus direitos de forma irreparável”, acrescentou Proner.
Ela relatou que Francisco repetiu palavras semelhantes às de um discurso feito em maio, sobre a forma como “a mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a difamação essas pessoas ficam manchadas”. “Depois chega a Justiça, as condena e, no final, se faz um golpe de Estado”, concluía o papa naquela fala.
Carol Proner ainda relatou que o papa afirmou observar que alguém acusado por corrupção através da mídia é destruído publicamente. “Depois o juiz inventa uma legislação, não respeitando direitos, para confirmar o processo de condenação antecipado”. O papa teria dito ainda que “hoje as pessoas precisam provar que são inocentes” e que isso seria “muito grave”.
A mãe de Marielle Franco entregou ao pontífice uma camiseta com imagens da filha. Ele afirmou que acompanha o caso de perto e manifestou preocupação com o assassinato de lideranças comunitárias, de indígenas e de políticos que se manifestam em defesa dos direitos humanos das minorias.
Por redação da Agência PT de notícias, com informações da Folha