Senadores do PT questionam protocolo da cloroquina no TCU

Com a medida, a bancada de senadores do Partido dos Trabalhadores busca proteger a vida dos brasileiros, impedindo que a população sirva de experimento de terapias não comprovadas. A senadora Zenaide Maia (PROS-RN) também assina a representação.

Cloroquina. remédio defendido por Bolsonaro para "cura" da Covid-19, sem comprovação médica.

A bancada do PT no Senado Federal entrou com representação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) questionando o novo protocolo de tratamento de Covid-19, divulgado ontem (20), pelo do Ministério da Saúde.

Os parlamentares apontam a inexistência de evidências científicas para o uso da cloroquina como tratamento da Covid-19,  nas condições sugeridas pelo protocolo oficial. Com a medida, o PT busca proteger a vida dos brasileiros, impedindo que a população sirva de experimento de terapias não comprovadas. A senadora Zenaide Maia (PROS-RN) também assina a representação.

A representação acusa o protocolo de desrespeitar os ritos e os requisitos próprios para aprovação de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas previstos na Lei da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). “O tratamento que, porventura, será ministrado aos brasileiros deve seguir protocolos mundialmente estabelecidos, ou, em última e extrema necessidade, deve ser balizada pelo conhecimento de um profissional devidamente capacitado”, argumentam os parlamentares.

A decisão de Bolsonaro expõe a ausência de um plano do atual governo para o enfrentamento da pandemia e, com isso, o Presidente da República corre atrás de uma “droga milagrosa” que acaba expondo as pessoas a “sério risco”

Senador Humberto Costa (PT-PE), ex-ministro da Saúde no Governo Lula

Para senador o senador Humberto Costa (PT-PE), “a decisão de Bolsonaro expõe a ausência de um plano do atual governo para o enfrentamento da pandemia e, com isso, o Presidente da República corre atrás de uma “droga milagrosa” que acaba expondo as pessoas a “sério risco”.  Líder da bancada do PT no Senado, o senador Rogério Carvalho (PT-SE), advertiu que a liberação da cloroquina é um ato político desprovido de amparo científico. Bolsonaro brinca com a vida dos brasileiros. Volta com a falsa esperança da cloroquina e ainda tenta se livrar através de uma medida provisória da responsabilidade das quase 18 mil mortes até agora”.

Nos últimos meses, o governo acionou os laboratórios do Exército para ampliar a produção da cloroquina, provocando a elevação dos insumos do medicamento no mercado nacional e mundial. Foto: Reprodução.

Irresponsável, Bolsonaro reconhece riscos

O alerta dos parlamentares ganhou ainda mais relevância diante do comportamento adotado na divulgação do protocolo  pelo governo e por  Bolsonaro. Em seu perfil de Twitter, o presidente Bolsonaro afirmou que “não existe garantia de resultados positivos” e, mais, que “não há estudos demonstrando benefícios clínicos” para o uso do medicamento. Após afastar dois ministros e promover uma ampla campanha publicitária em defesa da adoção da cloroquina, o protocolo não teve assinatura oficial de autoridade do Ministério da Saúde, ou do governo.

Na justificativa da representação, os parlamentares destacam a posição de médicos e pesquisadores contrários ao novo protocolo, “por  ausência de evidências científicas favoráveis ao uso, bem como a possível elevação dos índices de letalidade do medicamento”. Atestando a irresponsabilidade oficial,  o próprio Bolsonaro destacou em suas redes sociais os efeitos colaterais do medicamento, citando “disfunção grave de órgãos, prolongamento da internação, incapacidade temporária ou permanente, e até ao óbito”.

A representação também alerta para a aplicação de recursos públicos em medicamento sem comprovação médica e não em outros tratamentos com maior aceitação global para a Covid-19. Nos últimos meses, o governo acionou os laboratórios do Exército para ampliar a produção da cloroquina, provocando a elevação dos insumos do medicamento no mercado nacional e mundial. A propaganda enganosa de Bolsonaro também resultou na falta do medicamento nas farmácias, prejudicando o tratamento de portadores de malária e de doenças reumáticas como artrite reumatoide e lúpus.

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