Gleisi cobra instalação do impeachment para impedir destruição do país
Em pronunciamento na Câmara dos Deputados, a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), cobrou a instalação do impeachment de Bolsonaro, para impedir que o país continue sendo destruído por um governo irresponsável que compromete a vida dos brasileiros e o país
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Em corajoso pronunciamento na sessão da Câmara dos Deputados, a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), cobrou urgência para impedir que o governo Bolsonaro continue destruindo os empregos, a economia nacional, o Brasil.
Em resposta ao deputado Rodrigo Maia, que descartou a medida, Gleisi advertiu para a necessidade da Câmara dos Deputados abrir o processo de impeachment contra Bolsonaro, para cumprir seu papel institucional, agindo contra um presidente criminoso que compromete a vida do povo.
Citando os mais de 50 pedidos de impeachment, Gleisi destacou a lista de crimes cometidos por Bolsonaro, que atentou contra a democracia, a Constituição Federal e a saúde pública. Também lembrou que atenta contra a soberania nacional, submetendo os interesses do Brasil aos interesses externos, em especial dos EUA.
Veja o vídeo e leia a integra do pronunciamento.
A conivência desse Congresso Nacional, se não tomar uma medida política dura em relação a Jair Bolsonaro, irá fazê-lo corresponsável pelo desastre que esse governo é e pelos crimes que já cometeu e continua cometendo. Nós temos que cumprir o papel que a Constituição nos dá, o designo que ela nos dá, e não esperar ter as condições necessárias para agir com um Presidente criminoso.
A íntegra do pronunciamento (sem revisão da autora)
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, chegamos hoje a 95 mil mortos pela COVID, quase 2 milhões de pessoas infectadas, uma tragédia humana.
Eu quero aqui me solidarizar às vítimas, a todos aqueles que tiveram seus entes queridos levados por esta doença e também a todos os trabalhadores e trabalhadoras do Sistema Único de Saúde, que têm enfrentado esta pandemia.
Nós não precisávamos estar assim, nós poderíamos ter evitado essa tragédia, faltou responsabilidade, faltou organização, faltou coordenação e, sobretudo, faltou comando para o presidente e capitão ou capitão-presidente, que não conseguiu demonstrar que consegue comandar, deixou as coisas acontecerem e continuou fazendo política.
A sua escalada autoritária e o seu destempero foram calados por Queiroz, que foi preso, e, depois, Queiroz, calado, por ser colocado em prisão domiciliar.
Logo, o Presidente se articulou com o que chama de velha política, para dar um jeito de permanecer no cargo e não sofrer um impeachment, ficar até 2022, sim, porque este Presidente tinha que ser julgado e tem que ser julgado pelos crimes que cometeu. Ele é um Presidente criminoso.
Ele atentou contra a Constituição Federal, contra as instituições, contra a democracia.
Ele atentou contra a vida e contra a saúde pública ao dizer que era uma gripezinha, ao desdenhar da dor das pessoas: “E daí? Não sou coveiro”.
Levou milhões de pessoas a se infectarem e milhares a morrerem.
Atenta cotidianamente contra a nossa soberania, e comete crime continuado ao levar desinformações e notícias falsas sobre a pandemia. Mas, se fosse só a sua fala, aí, ainda assim, já estaria cometendo crime pior do que isso.
A sua fala é reproduzida em dezenas de sites, blogs, plataformas nas redes sociais, uma rede falsa, fake, operada por servidores, por assessores do Presidente Jair Bolsonaro, paga com dinheiro público, como noticiou o Fantástico.
Bolsonoro tem de nos explicar quem é Tercio Tomaz, que ganha 13 mil reais, é seu assessor e atuava, desde a campanha de 2018, organizando essa rede falsa e organizando agora o gabinete do ódio.
Também tem de dar explicações o senador, que é seu filho, porque seus assessores também estão envolvidos nessa operação.
Tinham páginas como se fossem páginas de notícias, de um jornal, de um blog de informação, mas que na realidade se tratava de perfis falsos operados por servidores públicos pagos pelo Erário.
Isso não é crime? Aliás, empresários ligados a Bolsonaro, como o “Véio da Havan”, tão bem conhecido, aquele sonegador, ladrão do Estado, também está proibido agora de atuar nas redes sociais.
Nós estamos pedindo que essas provas que estão instruindo o processo de fake news no Supremo Tribunal Federal instruam também o processo do TSE, em que temos ações judiciais para cassar a chapa de Bolsonaro e Mourão pela quantidade de fake news que espalharam na campanha eleitoral de 2018 — aliás, ganharam graças a isso.
E nós o que vamos fazer? O que vai fazer esta Câmara diante de todos esses crimes praticados? Ficaremos olhando? Seremos tolerantes?
Quantos mais crimes, Presidente Rodrigo Maia, precisa cometer Jair Bolsonaro para que possa se abrir um dos mais de cinquenta processos de impeachment que dormitam nesta Casa? Isso mostra o que a sociedade quer. É um número de processos muito grande.
Não cometeu crime Bolsonaro? Eu assisti à sua entrevista. Eu assistia à entrevista em que V.Exa. disse que não se arrepende do impeachment da Presidente Dilma.
Aí eu pergunto:
A Dilma cometeu crime?
A pedalada fiscal é crime, um fato criado para justificar um impeachment sem crime, num golpe parlamentar que foi dado?
E Bolsonaro não comete crime quando atenta contra a vida?
Quando faz com que milhões se coloquem frente ao vírus ou que morram por essas infecções?
Não comete crime quando faz propaganda da cloroquina, que nós sabemos que não tem prescrição científica?
Não comete crime quando coloca seus assessores para manipularem a opinião das pessoas, no gabinete do ódio, perseguindo seus adversários políticos, falando contra o Congresso Nacional, querendo fechar o Supremo Tribunal Federal?
Não cometeu crime quando foi àquelas manifestações e incentivou, sim, aqueles que queriam uma ditadura militar?
Comete crime, sim. Eu sei que estamos numa pandemia, mas não é justificativa para nós não discutirmos o impeachment.
Há muita coisas acontecendo neste País, inclusive as festas de Jair Bolsonaro nas inaugurações das obras dos outros, porque ele está fazendo isso, e continua aí estimulando que o vídeo se espalhe. Nós devemos chegar a 200 mil mortos no País. Repito aqui, não precisaria.
Nós precisamos frear Jair Bolsonaro, sob pena de deixar esse País arrebentado.
Ou nós não vamos discutir isso e vamos deixar que esse Governo torre os mais de 300 bilhões de dólares que os Governos do PT deixaram para o Brasil como reserva internacional e que estão ajudando a segurar a crise brasileira?
Ou vamos deixar eles continuarem vendendo patrimônio público? A ELETROBRAS cujo projeto está aqui.
Vamos deixar venderem a PETROBRAS fatiada?
Vamos começar a mudar a regulação que temos nos serviços?
Vamos deixar que o Embaixador americano continue dando ordens para o Brasil, o que é uma vergonha?
Que venha aqui dizer com quem nós vamos ter que comercializar o 5G ou que devemos tirar o subsídio do etanol brasileiro para que o etanol americano seja mais competitivo dentro do Brasil?
Nós vamos deixar Jair Bolsonaro continuar esse Governo?
Vamos deixar queimar a Amazônia?
Permitir que o garimpo ilegal se alastre? A grilagem? O genocídio dos povos indígenas?
Nós vamos deixar que ele permita o desemprego e a queda da renda em massa da população brasileira?
Porque é o que vai acontecer com a responsabilidade econômica que eles têm.
Vamos deixar que reduzam o salário emergencial para 200 reais?
Vamos deixar que os mortos cheguem a 200 mil?
Porque a cem mil já chegaram. E ele disse que era só uma gripezinha. Vamos deixar ele continuar receitando cloroquina, que, aliás, se fosse boa e pela produção que o Exército Brasileiro tem no Brasil, nós não teríamos nenhuma pessoa morta.
Vamos deixar ele continuar espalhando fake news, mentiras, detratando opositores, enganando a população, manipulando as pessoas? Não. Nós temos responsabilidade.
A conivência desse Congresso Nacional, se não tomar uma medida política dura em relação a Jair Bolsonaro, irá fazê-lo corresponsável pelo desastre que esse Governo é e pelos crimes que já cometeu e continua cometendo.
Nós temos que cumprir o papel que a Constituição nos dá, o designo que ela nos dá, e não esperar ter as condições necessárias para agir com um Presidente criminoso.
É agir na adversidade para criá-las, cumprir o nosso papel. Delegar ao povo, ao voto popular, a decisão sobre o seu destino. E não entrar, senhores, em pactos macabros, em que a vida do povo passa a ser detalhe e os negócios de mercado dominam a política.
Temos a responsabilidade, sim. E eu acho que tem muitos crimes, aliás, eu acho não, está comprovado que tem muitos crimes, para que possamos abrir o impeachment de Jair Bolsonaro.
Da Redação com Assessoria da Câmara dos Deputados.