À CNN, Gleisi defende punição “pedagógica” para Bolsonaro e sua quadrilha

“A anistia, em um caso como esse, é para passar o pano e para não deixar que os responsáveis sejam punidos”, afirmou petista, ao defender o fim do PL da Anistia, em entrevista, nesta terça (27)

CNN / Reprodução

Gleisi: "Não pode ter anistia"

No calor das novas revelações sobre o inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado, a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), concedeu entrevista ao programa Bastidores CNN, nesta quarta-feira (27).

Gleisi disse que considera “estarrecedor” o relatório da Polícia Federal (PF) encaminhado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), à Procuradoria-Geral da República (PGR), no dia anterior, depois de suspenso o sigilo do processo. De acordo com o inquérito da PF, recheado de fartas evidências, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comandou a conspiração contra a democracia.

À CNN Brasil, a deputada rechaçou qualquer possibilidade de haver anistia para os golpistas, como almeja o bolsonarismo. A presidenta do PT avalia que o perdão não vai pacificar o país. Muito pelo contrário, tende a encorajar os extremistas de direita a atentarem novamente contra a democracia. A parlamentar cobrou punição “pedagógica” a Bolsonaro e à quadrilha cooptada por ele para enterrar o Estado Democrático de Direito.

Leia maisO cerco se fecha: Bolsonaro liderou tentativa de golpe, conclui PF

“É muito grave. O presidente da República, que estava no comando do país, organizou isso tudo, junto com seus assessores, com militares, enfim, outras pessoas que participaram desse processo. E isso tem que ser punido. Nós não podemos admitir que isso não tenha uma responsabilização, uma punição”, criticou.

“Por isso que nós não temos que nem discutir nem instalar essa comissão especial do ‘PL da Anistia’. Porque a anistia, em um caso como esse, é para passar o pano e para não deixar que os responsáveis sejam punidos”, prosseguiu.

Violência bolsonarista

Durante a entrevista, Gleisi atribuiu a escalada da violência no país à disseminação, por Bolsonaro e seus seguidores, do discurso de ódio. A parlamentar mencionou o atentado ao STF, há duas semanas, quando o bolsonarista Francisco Wanderley Luiz, 59 anos, explodiu-se em frente à sede do tribunal, influenciado pelo ódio às instituições democráticas.

“Essas pessoas fazem parte de comunidades que são comunidades violentas, que incentivam ações como essas. E são comunidades que foram incentivadas, e tiveram ajuda para serem organizadas, do bolsonarismo e do próprio Bolsonaro. As falas do Bolsonaro, a forma como ele agia, do seu entorno também, estimulando violência, ódio, fake news, criaram essa situação no país”, apontou.

A deputada federal reconheceu que a violência bolsonarista preocupa tanto o partido quanto o governo federal, ainda mais depois da descoberta pela PF do plano macabro para assassinar o presidente Lula, o vice, Geraldo Alckmin (PSB-SP), e o ministro Moraes.

“Eu conversei rapidamente com o presidente […] é óbvio que ele tem uma preocupação com isso. Não só com ele mesmo, com a vida dele, mas das pessoas que estão no governo, das pessoas que ajudam ele a fazer o governo. E preocupação também com essa desestabilização que querem levar ao país”, explicou Gleisi.

O DNA golpista das Forças Armadas

A presidenta do PT defendeu ainda o alijamento dos militares da política, dadas as inclinações das Forças Armadas (FAs) ao golpismo. Para ela, “política não combina com armas”.

“Quem está armado tem que cuidar da segurança, no caso das Forças Armadas, do território nacional, dos nossos céus, dos nossos mares, da soberania do país, e não fazer política […] Quando a política se confunde com armas, dá nisso: dá na ditadura que nós já tivemos e dá nessas tentativas de golpe”, concluiu.

Da Redação

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast