Em 12 anos, quase metade dos jovens do Bolsa Família deixaram o CadÚnico
Pesquisa do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) comprova sucesso do programa desenvolvido pelo PT e replicado mundo afora
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A pesquisa Determinantes da Saída do Cadastro Único: Evidências Longitudinais a Partir dos Beneficiários do Bolsa Família 2012, elaborada pelo Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), revelou que quase metade dos inseridos (48,9%, o equivalente a 7,6 milhões de pessoas) deixou completamente o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) até 2024.
O IMDS acompanhou a trajetória de 15,5 milhões de jovens durante 12 anos e identificou os fatores que determinaram a permanência ou a saída deles da rede de proteção social. O instituto analisou pessoas que, em dezembro daquele ano, tinham entre 7 e 16 anos e estavam registradas como dependentes na folha de pagamento do Bolsa Família.
Outros cerca de 2,7 milhões de jovens (17,6%) saíram do programa, mas permaneceram no CadÚnico, sugerindo melhora relativa da renda.
A pesquisa contabilizou também a permanência no Bolsa Família de aproximadamente 5,2 milhões de pessoas (33,5%), o que sinaliza a persistência de condições de vulnerabilidade.
O IMDS elegeu 2012 por representar um momento de estabilidade institucional do programa e por ser o primeiro ano com microdados detalhados do CadÚnico sistematicamente disponíveis.
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Perfil dos beneficiários
O grupo observado era composto por jovens pretos e pardos, em sua maioria. Eles configuravam, aproximadamente, 73,4% do total.
Embora 96% frequentassem a escola, 27,4% estavam em defasagem idade-série. Uma parcela expressiva das famílias vivia em condições domiciliares precárias: 14,3% moravam em casas com materiais frágeis e menos da metade, 40,4%, gozavam de saneamento básico.
A análise revelou que os jovens com melhores condições iniciais em 2012 foram exatamente aqueles que deixaram o CadÚnico em 2024. O sexo masculino constituiu o fator individual mais robusto, aumentando significativamente as chances de saída. Os alfabetizados tiveram maior probabilidade de desvinculação, assim como aqueles que trabalhavam precocemente.
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De acordo com o IMDS, as condições familiares também influenciaram a percurso dos jovens. Responsáveis com maior escolaridade, especialmente aqueles com ensino médio completo ou superior, aumentaram a possibilidade de desligamento.
Da mesma maneira, a inserção em empregos formais esteve diretamente associada à saída do programa, a exemplo da situação de famílias com renda per capita superior a R$ 140,00 em 2012.
Em contrapartida, fatores de vulnerabilidade social contribuíram amplamente para a permanência no CadÚnico, já que jovens pretos e pardos apresentaram menor probabilidade de saída em relação aos brancos.
Por fim, famílias com curta exposição ao programa federal, de até dois anos, foram as que mais alcançaram o desligamento.
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Da Redação, com informações da Agência Gov
