“Época” exclui artigo para preservar FHC e condenar doações ao Instituto Lula
Para a doutora em Filosofia Política Roseli Coelho, atitude de apagar uma matéria de seus arquivos é “imoral e invalidou-a como fonte de informação”
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A revista “Época” tirou de seu site um artigo de novembro de 2002 que relatava como, em um jantar, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conseguiu apoio financeiro de 12 empresários para inaugurar seu instituto. Juntas, as doações somaram R$ 7 milhões (valor atualizado pelo IGPM em R$ 16,3 milhões). Entre os doadores, está Luiz Nascimento, da Camargo Corrêa.
A “Época” é um dos veículos de comunicação que questiona as doações da Camargo Corrêa ao Instituto Lula. A revista também levantou suspeitas de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria influenciado a decisão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a financiar empreendimentos da empresa no exterior. A acusação foi desmentida pela entidade.
“Trataram de tirar do ar os arquivos para poder insistir nessa tecla”, avalia a cientista política e professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), Roseli Coelho.
Para Roseli, a atitude da publicação é moralmente condenável. “É lamentável, uma falsificação da história porque o que ela publicou faz parte da história. O que a Época fez é imoral e invalidou-a como fonte de informação”, analisa.
O deputado Givaldo Vieira (PT-ES) também criticou a postura da revista e a responsabilizou por “distorções de fatos”. “Está se tornando um escândalo a forma como esses veículos se comportam. Há muitas inverdades e distorções de fatos”.
De acordo com o deputado, parte da imprensa se aliou ao PSDB na tentativa de tomar o poder. “São relações historicamente feitas com aqueles que dominaram a política brasileira até recentemente, quando o PT chegou ao poder”, detalha.
A maioria dos veículos que se posiciona claramente contra o PT são da chamada grande mídia. A revista “Época” faz parte das Organizações Globo, conglomerado de comunicação mantido pela família Marinho.
O deputado vê uma relação direta entre a concentração da mídia com a oposição ao Partido dos Trabalhadores. “O PT é o partido que vem liderando a luta para que haja democratização da comunicação do país. Esse comportamento é uma tentativa de impedir que o projeto vá em frente”.
A democratização é vista pelo partido como fundamental para consolidar a democracia. “A imprensa deve ser um canal democrático, comprometido com a verdade e tratar todos da mesma forma”, defende.
Por Cristina Sena, da Agência PT de Notícias