Dilma defende investigação, mas diz que “não respeita” delator
Dilma questiona delação premiada de Ricardo Pessoa, dono da UTC, e reforça que sua campanha foi legal e registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
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A presidenta Dilma Rousseff defendeu nesta segunda-feira (29) a legalidade das doações recebidas pela empreiteira UTC para a campanha eleitoral de 2014. Em entrevista coletiva realizada em Nova York, nos Estados Unidos, onde participa de evento com investidores, a petista disse não respeitar delatores.
“Eu não aceito e jamais aceitarei que insinuem sobre mim ou a minha campanha qualquer irregularidade”, declarou.
A fala da presidenta aconteceu em resposta às declarações do dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, feitas em delação premiada, no âmbito da Operação Lava Jato. O delator, preso em novembro do ano passado, disse que o recurso doado para a campanha era fruto de esquema de corrupção na Petrobras.
Dilma comparou a delação de Pessoa com as informações repassadas sob pressão durante a ditadura militar, sobre companheiros combatentes. “Eu não respeito delator. Até porque eu estive presa na ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em uma delatora; a ditadura fazia isso com as pessoas presas. E eu garanto para vocês que eu resisti bravamente, até em alguns momentos fui mal interpretada”, recordou.
A presidenta defendeu que “tudo, sem exceção” seja investigado pelo Ministério Público e a Polícia Federal, no âmbito da Lava Jato, inclusive as denúncias da delação.
Segundo Dilma, os R$ 7,5 milhões doados da UTC para sua campanha foram registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e realizados de maneira legal. A presidenta ressaltou que na época da campanha outros candidatos também receberam dinheiro da empreiteira. O senador Aécio Neves (PSDB), candidato derrotado à Presidência, por exemplo, recebeu R$ 8,7 milhões.
“O candidato que concorreu comigo recebeu também, com uma diferença muito pequena de valores. Eu estou falando do Aécio Neves”, disse.
A presidenta não descartou a possibilidade de tomar providências judiciais, caso o delator faça acusações sem provas.
Por Michelle Chiappa, da Agência PT de Notícias