Demanda em alta estimula nacionalização da indústria de energia eólica
BNDES exige que equipamentos que produzem energia a partir da força dos ventos tenham maior parte de componentes nacionais; investimentos de até R$ 100 bilhões até 2023 facilitam processo
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Apesar de aparentemente desfavorável, o cenário econômico brasileiro tem sido um estímulo aos fabricantes de geradores de energia eólica no Brasil, aquela que é produzida a partir da força dos ventos. A energia eólica é uma alternativa cada dia mais representativa no conjunto de fontes de geração que compõem a matriz energética do Brasil – praticamente dobrou a escala de tamanho a partir de 2011.
O setor estima investimentos em projetos eólicos no Brasil de R$ 76 bilhões a R$ 101 bilhões até 2023, suficientes para concretizar seus planos de desenvolvimento. O setor vive, no entanto, um momento crucial: está a cinco meses do prazo final para conclusão do cronograma de nacionalização dos equipamentos utilizados na implantação de projetos setoriais.
Até janeiro de 2016, a indústria de aerogeradores não só quer cumprir a meta estabelecida pelos contratos de financiamento firmados com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), como faz o possível para maximizar as oportunidades de produção.
A edição de setembro da revista “Brasil Energia” mostra que o obstáculo à importação de componentes, causado pela forte elevação do dólar, e a falta de concorrência em determinados elos da cadeia produtiva, aliados ao interesse de indústrias em entrar para um setor que ainda cresce no Brasil, “são alguns dos fatores que incentivam” o desenvolvimento da cadeia produtiva.
Pelo menos três fabricantes estão atuando no Brasil e já adotam as práticas de conteúdo local exigidas pelo banco. “A brasileira WEG e a espanhola Acciona já receberam a confirmação da instituição (BNDES); e a norte-americana GE afirma ter completado o cronograma, mas ainda aguarda a homologação” dos procedimentos pelo banco.
A raiz do esforço para cumprimento das exigências é que só sobreviverá no mercado brasileiro as fabricantes de aerogeradores adequados aos critérios de nacionalização. “Apenas aerogeradores enquadrados podem ser financiados pelo BNDES”, esclarece a reportagem.
A flutuação cambial revigora o projeto de nacionalização, pois acena com a possibilidade de o produto nacional abrir novas fronteiras de mercado no exterior. O desenvolvimento do mercado de fornecedores de componentes pela indústria nacional segue a estratégia de visibilizar a demanda futura aos parceiros. A lógica é: se há demanda, há potencial de crescimento.
A WEG informou que já atinge uma nacionalização de 90% de sua turbina, excedendo o exigido pelo BNDES. Para chegar a isso, “se valeu dos fornecedores que já a atendiam em outros setores” e atraiu 234 empresas para a cadeia produtiva eólica.
A Acciona declarou que “vai continuar nacionalizando mais componentes, o que agora, com a alta do dólar e do euro, faz cada vez mais sentido”. O problema é que alguns componentes têm apenas um fornecedor, “o que limita a competição e a oferta”, como das flanges, componentes usados nas torres de geração.
“A boa notícia é que cenário atual favorece esse aumento do número de fornecedores”, informa a reportagem, pois segmentos industriais de bens de capital afetados pela retração “tendem a migrar para o setor eólico”.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias