Mídia internacional é mais responsável que a brasileira diante do golpismo

Enquanto a imprensa nacional engaja-se em uma campanha contra o PT e a presidenta, jornais estrangeiros, como o “Financial Times”, alertam sobre os riscos de um golpe para o Brasil

O jornal “Financial Times” voltou a chamar a atenção para os riscos do impeachment da presidenta Dilma Rousseff à estabilidade democrática brasileira. O texto, publicado na quarta-feira (30), defende que “sem embasamento forte, impeachment pode colocar em risco a reputação do País, uma democracia jovem”.

Em outro texto publicado em agosto, o jornal inglês declarou que a substituição de Dilma não resolveria as dificuldades econômicas que o Brasil enfrenta. O norte-americano “The New York Times” também alertou para os riscos da destituição da presidenta sem base legal.

Ao longo dos últimos meses, diversos veículos de comunicação internacionais posicionaram-se contra a as tentativas de destituição de Dilma, em editoriais, análises e reportagens. Entre eles estão “El País”, agência “France Presse”, “CNN” e “Le Monde”.

A imprensa brasileira, no entanto, tem se posicionado de maneira oposta. “A imprensa internacional acaba sendo mais responsável do que a brasileira”, dispara o professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e coordenador do Manchetômetro, João Feres Júnior.

O Manchetômetro é uma ferramenta criada para analisar a cobertura midiática, pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (Lemep), sediado na UERJ.

De acordo com o Manchetômetro, entre 13 e 19 de setembro, os jornais impressos brasileiros publicaram 24 conteúdos contrários à presidenta Dilma, 14 neutros e nenhum favorável. No mesmo período, foram publicados 17 editoriais contrários, nenhum neutro ou positivo.

Em recente editorial, o jornal “Folha de S. Paulo” decretou que a administração de Dilma Rousseff estava “por um fio”.

“A mídia brasileira está engajada em uma campanha contra o PT faz tempo. Estudos mostram essa disposição desde a eleição do Lula”, avalia o professor.

De acordo com Feres, a imprensa internacional não é “tão investida politicamente nisso, ainda que absorva muitos enquadramentos” da imprensa local.

Algumas publicações fizeram “campanha descarada para Aécio” Neves (PSDB), lembra João Feres. Outros somam matérias negativas sobre o governo e integrantes do PT a omissões em relação ao envolvimento de tucanos e representantes de outros partidos de direita em escândalos de corrupção.

Por Cristina Sena, da Agência PT de Notícias

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