Acho que FHC poderia ter renunciado quando comprou a reeleição, afirma Lembo

O ex-governador de São Paulo é contra o impeachment da presidenta Dilma. Segundo ele, interromper o mandato eletivo é desrespeito à população

Foto: EBC

O ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, se posicionou contra o impeachment e afirmou que não existe crime de responsabilidade contra a presidenta Dilma Rousseff.

Lembo também critica a ideia, já sugerida por Fernando Henrique Cardoso, de que Dilma deveria renunciar. “Um ex-presidente não devia falar isso. Eu também acho que ele poderia ter renunciado quando comprou a reeleição”, provocou.

Conhecido pela ironia, ele desdenha as manifestações que pedem a queda da presidente. “A elite branca está furiosa. Não entendeu que o Brasil mudou, por isso está perdida”.

Ele contesta a tese de que o impeachment é um instrumento legal, diferente de um golpe. “A lei exige um crime de responsabilidade, o que não vejo. Ninguém diz que a presidente enriqueceu. Sua honra está preservada”, defendeu. A declaração foi publicada nesta terça-feira (27) pelo colunista Bernardo Mello Franco do jornal “Folha de S. Paulo”.

“Não se deve buscar interromper o mandato eletivo. Isso é um desrespeito à população, seja quem for o eleito. O impeachment é um instrumento violento, que causa instabilidade à economia e ao pais”, ressaltou.

Segundo o ex-governador, a oposição não aceitou o resultado da eleição e quer derrubar o governo a qualquer custo. “Só sabem falar em impeachment. Estão perdidos, em estado de neurose coletiva”, completou.

Para Lembo, o afastamento de presidentes se tomou “uma nova patologia” na política da América Latina.

“Os golpes militares da época da Guerra Fria estão sendo substituídos pelo impeachment. A função do Congresso é fiscalizar os governos, e não derrubá-los. Isso é o mesmo que bater às portas dos quartéis”, afirmou.

Aos 77 anos, o professor de direito da USP e do Mackenzie escreveu um parecer sobre o tema e cita o jurista Pontes de Miranda (1892-1979) ao afirmar que o afastamento de um presidente “só se permite, nas democracias, em caso de extrema necessidade”.

Da Redação da Agência PT de Notícias

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast