Gleisi critica manobra do TCU contra projeto que acaba com reajuste automático para ministros

De acordo com o jornal Valor Econômico, ministros do TCU teriam feito forte pressão sobre senadores da oposição pela rejeição da PEC

Plenário do Senado durante sessão não deliberativa. Em discurso, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) reagiu à movimentação de alguns ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) que querem derrubar a proposta de emenda à Constituição (PEC), de autoria da parlamentar petista, que acaba com o alinhamento automático dos reajustes salariais do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal com as assembleias legislativas, câmaras municipais e outros tribunais, entre eles, o TCU.

Com a proposta de Gleisi, cada uma dessas instâncias terá que apontar, por lei específica ou ato normativo, o percentual que incidirá sobre seus reajustes. “Não há porque se esconderem da opinião pública. Esses órgãos é que sabem de sua realidade orçamentária. Será que os estados — que vivem situações fiscais diferentes — não precisam discutir o percentual de reajuste na remuneração de seus governadores e deputados, por exemplo?”, questionou a senadora.

O PEC 62/2015 está há oito sessões na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Na reunião do colegiado, na manhã desta quarta-feira (4), a matéria teve sua votação novamente adiada. A senadora criticou duramente a movimentação de alguns ministros do TCU que, conforme matéria veiculada pelo jornal Valor Econômico, teriam feito forte pressão sobre senadores da oposição pela rejeição da PEC, alegando que a proposição legislativa – apresentada em maio deste ano — tivesse o objetivo de “retaliar” o tribunal pela recomendação de rejeição das contas da presidenta Dilma.

Gleisi derruba essa argumentação. “Primeiro, a PEC é anterior à discussão das contas da presidenta da República. Segundo, o TCU é um órgão de assessoria ao Senado Federal, mas está se sentindo o centro das atenções políticas do País”, reagiu Gleisi. “Porque o órgão que tem que zelar pela transparência das contas públicas não quer ser transparente na hora de fixar o percentual de reajuste dos subsídios de seus integrantes?”, cobrou.

O Congresso e o STF discutem e apontam, a cada quatro anos, o reajuste que deve incidir sobre os subsídios de seus integrantes. Cabe ao Legislativo aprovar esses reajustes, assim como fixar a remuneração do chefe do Executivo. A Constituição determina que, no nível estadual, o poder equivalente terá remuneração não superior a 75% desses vencimentos, assim como, no plano municipal, os subsídios não podem ultrapassar os 75% dos valores pagos na esfera do estado.  Na prática, o que acontece é que assim que os reajustes dos Poderes são definidos no plano federal, o mesmo índice é automaticamente estendido aos milhares de casas legislativas do País, aos governadores, prefeitos e integrantes da magistratura.

“Essa vinculação automática precisa acabar. Cada instância de poder sabe de seu orçamento e tem que dizer ao contribuinte o tamanho do percentual de reajuste que pode assumir”, resumiu Gleisi.

O relator da PEC 62/2015, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), defendeu a aprovação da matéria. “Essa PEC não é matéria nem de governo nem de oposição. É de interesse fundamental para o País e para ajustar uma deformação do nosso pacto federativo”, afirmou.

Randolfe lembrou, ainda, que fez “todos os debates possíveis e necessários” com os setores envolvidos nas mudanças propostas na PEC, como a magistratura e o Ministério Público, reafirmando sua convicção de que seu relatório reflete essas negociações e não ameaça qualquer garantia assegurada a essas categorias.

Do PT no Senado

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