Testemunha confirma desvio de verba da Educação para campanha de Richa

Para o deputado deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), denúncias relacionadas a tucanos são tratadas com “diligência” e “ponderação”

Em depoimento de delação premiada durante investigações da operação Quadro Negro, do Ministério Público do Paraná, uma nova testemunha afirma que a campanha do governador Beto Richa (PSDB) à reeleição teria sido beneficiada com esquema de desvio de recursos da Educação.

Reportagem da revista “Carta Capital”, publicada na terça-feira (12), traz trecho do depoimento da assessora jurídica da construtora Valor, Úrsulla Andrea Ramos, investigada pelo MP por suposto envolvimento em lavagem de dinheiro.

Em vídeo entregue à Procuradoria-Geral da República há duas semanas, Úrsulla Ramos afirma que recursos destinados à construção de escolas da rede estadual teriam sido repassados para a campanha de Richa, em 2014.

O dinheiro teria ajudado a financiar também outros três candidatos a deputado estadual: o filho do conselheiro Durval Amaral, o deputado estadual Tiago Amaral (PSB); do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano (PSDB) e do deputado estadual e primeiro secretário do legislativo paranaense, Plauto Miró (DEM).

“Esse dinheiro não ficou comigo, esse dinheiro foi feito repasse pra campanha do governador Beto Richa e pra essas três campanhas. Foi o que ele me disse”, confirma a advogada sobre conversa que teria tido com o dono da empresa, Eduardo Lopes de Souza.

No depoimento, a advogada diz ainda ter perguntado ao empresário se ele teria provas do que estava dizendo. Como resposta, Eduardo Lopes de Souza garantiu possuir gravações de todas as negociações sobre os contratos.

O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) lamenta o aparecimento de novos escândalos no governo de Beto Richa que configuram “mais um capítulo triste para a educação paranaense”.

“O Paraná ainda vive o trauma do massacre aos professores, ocorrido em abril do ano passado, quando protestavam de maneira legítima, e uma série de desmandos, desmantelamentos de escolas e a interrupção de contratos de educadores às vésperas do natal”, condena.

O parlamentar cobra agilidade nas investigações e diz esperar que haja punição rigorosa dos envolvidos. “O Brasil já está cansado dessa história de ‘dois pesos e duas medidas’ nas investigações”, critica.

Para ele, diferentemente do que ocorre quando há citação de nomes relacionados ao Partido dos Trabalhadores, em que as denúncias ganham grande destaque, denúncias que envolvem tucanos são tratadas com “diligência” e “ponderação”.

“É uma denúncia muito grave. Isso mostra que o governo estadual administrou mal os recursos públicos e deixou que fosse desviado por empresas sem compromisso algum com a sociedade”, atenta o deputado estadual Professor Lemos (PT-PR).

O MP investiga suspeitas de fraudes em contratos para obras de construção e reformas de escolas nos municípios de Santa Terezinha do Itaipu, Cornélio Procópio, Rio Negro, Campina Grande do Sul, Curitiba, Coronel Vivida, Joaquim Távora e Ponta Grossa.

“Por isso temos estudantes estudando em escolas muito precárias”, condena Lemos.

O deputado também cobra que as investigações culminem na punição severa aos culpados. “O governador (Beto Richa) precisa dar explicações à população. Se ficar comprovado que ele se beneficiou isso fatalmente levará ao afastamento do mandato, como já aconteceu em outros estados, quando tomou pra si dinheiro público. Isso além de crime, é uma imoralidade”, repudia.

Vale lembrar que Richa é alvo de uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público por omissão no episódio do massacre de professores que protestavam em frente à Assembleia Legislativa do estado, em 29 de abril de 2015.

De acordo com a reportagem da “Carta Capital”, o esquema de desvios de recursos da educação começou há quase 20 anos e teria causado um rombo de pelo menos 18 milhões aos cofres do Paraná.

Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias

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