Abuso eleitoral: Bolsonaro torra R$ 670 mi para mudar cartão do Bolsa Família

“O governo trama mais um golpe: trocar desnecessariamente os cartões do Bolsa Família. Serão 18 milhões de “santinhos” eleitorais na porta dos mais pobres”, reagiu a ex-ministra Tereza Campello

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Para não infringir a lei eleitoral, ministério corre contra o tempo para trocar 18 milhões de cartões

Não bastou extinguir o Bolsa Família, um programa de sucesso internacional que ajudou a tirar 36 milhões de brasileiros da miséria. Bolsonaro também faz questão de torrar dinheiro público para aplicar mais um golpe eleitoreiro no país. Para não infringir a lei eleitoral, o Ministério da Cidadania corre contra o relógio para substituir, até o fim de junho, 18 milhões de cartões do Bolsa Família, ainda ativos, para imprimir a marca do eleitoreiro Auxílio Brasil, uma das maiores ações de exclusão social da história brasileira. A manobra irá custar R$ 670 milhões aos cofres públicos.

A indecência da ação bolsonarista é admitida pelos técnicos do próprio governo, segundo o diário O Globo. Em off, membros da equipe do ministério confessaram, de acordo com o jornal, “que o objetivo final desta ação é reforçar a campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro à reeleição com o nome de seu programa social no cartão que dá renda à população mais pobre, sobretudo dos estados do Norte e Nordeste”.

O golpe, um típico ato de apropriação do governo de algo que não é criação dele, foi duramente criticado pela ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do governo Dilma, Tereza Campello. “O governo trama mais um golpe: trocar desnecessariamente os cartões do Bolsa Família. Serão 18 milhões de “santinhos” eleitorais na porta dos mais pobres”, reagiu Campello, pelo Twitter.

Segundo a ex-ministra, uma das responsáveis pela retirada do Brasil do Mapa da Fome, em 2014, o golpe não passa de propaganda eleitoral com injeção de milhões de reais. “O custo de R$670 milhões é mais que o orçamento anual de apoio a municípios para cadastramento e acompanhamento das condicionalidades de saúde e educação”, lembrou Tereza Campello, apontando para a fila invisível de pobres que esperam o cadastramento no programa.

Bolsonaro volta copiar o ídolo Trump

Além de ser um parasita de obras e ações que não são suas, o chupim de extrema direita adora copiar o ídolo americano Donald Trump, quando este ocupou a cadeira de presidente na Casa Branca. Há dois anos, em pleno recrudescimento da pandemia de Covid-19, Trump atrasou o pagamento do auxílio emergencial aos americanos para que os cheques pudessem ter seu nome impresso neles.

O cálculo era capitalizar eleitoralmente os dividendos do benefício, cujo cheque somava US$ 1,2 mil. A exigência de Trump, que gerou enorme atraso na emissão dos cheques, não deu certo: em novembro de 2020, o líder de extrema direita sofreu uma humilhante derrota nas urnas e foi obrigado a entregar a Presidência dos EUA para Joe Biden no ano seguinte. Golpista como o fã brasileiro, protagonizou um vexame internacional ao incentivar a invasão do Capitólio em janeiro.

Bolsa Família, política de Estado que tirou 36 milhões da miséria

Diferentemente do caráter eleitoreiro do Auxílio Brasil, uma ação que tem data para acabar, seu antecessor, o Bolsa Família, era uma política de Estado, perene, cuja articulação com várias políticas integradas dos governos do PT ajudaram a tirar 36 milhões de pessoas da extrema pobreza. O programa completou a maioridade no ano passado, pouco antes de ser extinto.

Em 18 anos, fez uma revolução porque, como afirmou Tereza Campello, foi nos governos do PT que o Estado se organizou pela primeira vez para reduzir, de forma sistemática e sustentável, a pobreza no país. O programa foi reconhecido internacionalmente e hoje há mais de 20 mil estudos sobre os resultados alcançados.

Um deles destaca que o Bolsa Família reduziu em 16% a mortalidade de crianças de 1 a 4 anos, entre 2006 e 2015. O Ipea, o Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica e Aplicada, chegou a publicar um livro com mais dados: redução da  pobreza em 15% e da extrema pobreza em 25%. O governo prestou assistência a mais de 14 milhões de famílias, cerca de 50 milhões de pessoas beneficiadas todo mês.

E tudo isso a um custo muito baixo para o Estado: Em 2015, um ano antes do golpe, por exemplo, o programa custou menos de 0,5% do PIB, perto de R$ 27,7 bilhões. Como foi provado, incluir os pobres no orçamento nunca foi gasto, e sim investimento. Para cada um real gasto com o programa, houve aumento de R$ 1,78 de injeção na economia e R$ 2,40 girando no consumo nas famílias. Ou seja, foi um programa que ajudou a roda da economia girar.

Redução da evasão escolar

O Bolsa Família também reduziu a taxa de evasão escolar do ensino fundamental para 2,9%. Até o golpe de 2016, cerca de 17 milhões de estudantes tinham a frequência acompanhada pelo ministério. O programa permitiu ainda que beneficiários se matriculassem em cursos técnicos.

Em 2013, quase 10% dos microempreendedores do país eram beneficiários do programa, uma prova de que o Bolsa Família não acomodava ninguém, ao contrário, deu oportunidades para as pessoas melhorarem de vida. Muito diferente, portanto, do caráter puramente eleitoreiro que a turma do ministro-banqueiro Paulo Guedes conferiu ao Auxílio Brasil.

Da Redação, com informações do Globo

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