AGU pede suspensão da privatização da Sabesp por conflito de interesses

Em manifestação ao STF, Advocacia-Geral da União acata medida cautelar proposta pelo PT e destaca irregularidades no processo. Subvalorização de ações é apontada pelo órgão

Wesley Mcallister/ Ascom AGU

O principal argumento da AGU é a existência de um conflito de interesses flagrante no processo

A Advocacia-Geral da União se posicionou favoravelmente, na última quinta-feira (18), pela suspensão da privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, Sabesp. A manifestação foi encaminhada ao STF, em resposta à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 1182, proposta pelo Partido dos Trabalhadores.

O principal argumento da AGU é a existência de um conflito de interesses flagrante no processo. Karla Bertocco Trindade, ex-diretora da Equatorial Participações e Investimentos participou diretamente das decisões do conselho que deliberou a favor da privatização. A Equatorial foi a única empresa a apresentar uma proposta, indicando um cenário de competição limitada e potencial favorecimento.

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Desrespeito aos princípios constitucionais

A Advocacia-Geral da União também ressaltou que a privatização desrespeita os princípios constitucionais da administração pública, incluindo legalidade, moralidade, impessoalidade, isonomia, publicidade e eficiência. A venda das ações da Sabesp foi realizada a um preço significativamente abaixo do valor de mercado. O Relatório de Avaliação Econômico-Financeira (Valuation) aponta um custo de R$ 103,90 por ação, 55% maior que o aceito pelo estado de São Paulo, de R$ 67,00.

O PT questiona ainda a celeridade do processo, que concedeu apenas três dias para a inscrição de competidores interessados. O prazo curto pode ter comprometido sua lisura, já que a complexidade e o volume de documentos necessitariam de um período mais extenso para análise.

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Prejuízo aos cofres públicos

A medida cautelar solicitada ao STF procura impedir a venda das ações da Sabesp, prevista para a próxima segunda-feira (22). A AGU reforça a necessidade de uma revisão detalhada e transparente do processo e argumenta que a não concessão da medida pode causar prejuízos irreparáveis aos cofres estaduais.

Capitaneada pelo governador bolsonarista Tarcísio de Freitas, essa tentativa de privatização vai na contramão da crescente reestatização de serviços públicos essenciais, observada em países como Alemanha, França, Bolívia, Argentina, Equador e Honduras. A entrega da Sabesp à iniciativa privada não apenas ameaça a qualidade dos serviços prestados, mas também levanta preocupações sobre a gestão de recursos públicos e a transparência dos processos administrativos.

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Da Redação

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