Anne Moura: “A luta das mulheres não é só no 8 de março”
Em entrevista ao Jornal PT Brasil, a secretária nacional de mulheres afirmou que o projeto Elas por Elas é o legado das companheiras do PT
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Em alusão ao mês da mulher, período que marca o 8 de março, quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher, a secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura, participou da edição de ontem (10) do Jornal PT Brasil. A dirigente falou sobre a importância da data, o combate à violência doméstica, o papel das mulheres nos 45 anos do PT e o programa de formação política Elas por Elas.
Anne destacou que, mesmo o 8 de março ocorrendo durante a semana do carnaval, a mobilização foi grande em todo o país, o que permitiu a realização de atos em todos os estados com movimentos sociais, de mulheres e feministas.
“Agora é muito importante registrar que a luta das mulheres não é só no 8 de março, ela é todo dia, para nos mantermos vivas, para lutar pelos nossos direitos, por igualdade salarial, para diminuir a carga do trabalho do cuidado, enfim, a gente tem uma luta quase que cotidiana”, disse.
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Questionada sobre é como é passar pela data com números de feminicídios e assédios crescendo, a secretária afirmou que as mulheres seguem no enfrentamento ao maior dos medos, que é a violência. “A gente fala muito de feminicídio, mas também há outros tipos de violências que vêm crescendo”, disse. Para ela, uma das razões que explica o aumento dos casos de violência ocorre porque as mulheres estão denunciando mais.
Ela ressaltou ainda a importância de as pessoas não se calarem quando presenciarem episódios de violência: “Temos que acabar com aquela história de que ‘em briga de marido e mulher não se mete a colher’. Sim, se mete a colher, sim. A sociedade precisa compreender que a responsabilidade de manter as mulheres vivas não pode ser direcionada somente a nós, mulheres. As pessoas precisam estar envolvidas também nessa luta.”
Indagada sobre como fortalecer as políticas públicas para evitar crimes contra as mulheres, Anne pontuou os 10 anos da Lei do Feminicídio, bem como a Lei Maria da Penha, e a Casa da Mulher Brasileira, além da criação do Ministério das Mulheres, como instrumentos e ações que ajudam na luta contra a violência de gênero.
Mulheres nos 45 anos do PT
Sobre a participação das mulheres nos 45 anos do partido, a secretária nacional reforçou que a relação entre o PT e as mulheres é antiga: “Antes do partido surgir as mulheres já estavam ali, enfileiradas ao lado dos homens. Por isso, o PT é vanguarda em várias coisas, como a luta pelos 30%, que hoje é o que a gente disputa num processo eleitoral, e isso já era garantido no nosso partido, e é fruto da luta de mulheres que vieram antes, que são os 30% de mulheres na direção, e ao longo dessa história a gente foi conquistando mais direitos até chegar na paridade.”
A entrevistada também lembrou que, no final do ano passado, foi lançado o livro “Feminismo e o PT – trajetórias e desafios políticos”, publicado pela Fundação Perseu Abramo (FPA), que resgata parte da história das mulheres no partido e nas instâncias de mulheres petistas. “A nossa construção se entrelaça com a luta pela democracia brasileira. Por isso, as mulheres e o PT como um todo estão unidos desde a redemocratização.”
Outro ponto de destaque, na avaliação da dirigente, e que reforça a força das companheiras petistas, é o fato de a maior bancada feminina na Câmara dos Deputados ser a das mulheres do PT. “Posso afirmar que não tem um partido parecido com o nosso, sempre pensando no futuro com maior presença das mulheres na política.”
Anne ainda relembrou o golpe misógino que a presidenta Dilma Rousseff sofreu, em 2016. E que a história a inocentou, sendo que hoje ela é a atual presidenta do Banco dos Brics, por exemplo: “A presidenta Dilma vai ser sempre uma referência, porque ela fez com que meninas sonhassem em ser presidentas da República, e isso é muito significativo para o nosso país.”
Ela também reconheceu a atuação da companheira Gleisi Hoffmann, que assumiu ontem o Ministério das Relações Institucionais da presidência da República: “Nesses últimos 8 anos, Gleisi foi um farol de luta, de resistência no momento em que o partido precisava. A gente vinha de um processo do golpe da presidenta Dilma, da ameaça até a prisão do presidente Lula. Ela foi firme e altiva, sempre mostrando os caminhos, construindo unidade, pacificando, trazendo os movimentos. E ela foi peça fundamental na construção de uma frente democrática para eleger o presidente Lula. Eu sei que eu falo por muitas e tantas outras que estão em cada canto desse país. Nos emociona muito e nos dá muito orgulho e inspiração para seguir na luta, ter essas mulheres como lideranças em nosso partido.”
Elas por Elas – legado das mulheres do PT
Encerrando a entrevista, Anne destacou o projeto de formação política Elas por Elas, e o classificou como um legado das mulheres petistas: “Nós fizemos um processo de organização, formação e preparação para eleger mais mulheres para ocupar a política, mas nós agora, nesse ano, vamos nos concentrar na preparação dessas mulheres. Por isso, nós lançamos no aniversário do PT, o Circuito de Formação Schirlei e Nalu, que é uma estratégia de qualificação que vai percorrer o país inteiro fazendo formação política e organizando as mulheres petistas para o ano que vem. Por isso, a gente precisa se preparar para disputar as eleições de 2026 ao lado do nosso presidente Lula.”
Da Redação do Elas por Elas