Após 526 dias, Gilmar Mendes devolve ação contra financiamento empresarial

A retomada do julgamento depende agora do presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, que deverá marcar nova data para conclusão do caso

Ascom/STF

O ministro Gilmar Mendes, que fez críticas públicas à ministra Cármen Lúcia

Depois de 526 dias em posse do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, foi devolvida ao plenário de votações a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4650, impetrada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em setembro de 2011, que questiona doações de pessoas jurídicas a campanhas eleitorais.

A retomada do julgamento depende agora do presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, que deverá marca nova data para conclusão do caso.

Para a vice-presidenta Nacional do PT e coordenadora da campanha pela reforma política proposta pelo partido, Gleide Andrade, o minitro estava apenas esperando a Câmara dos Deputados constitucionalizar o financiamento empresarial de campanhas eleitorais.

“As pessoas não podem ter a inocência de achar que ele sentou em cima porque não queria liberar o voto. Foi porque sabia que precisava esperar constitucionalizar”, declara Gleide.

A petista lamentou o corporativismo do ministro perante as instituições. “É uma lástima que no Brasil tenhamos no STF pessoas com o nível de maquiavelismo que o senhor Gilmar Mendes agiu com entidades tão sérias quanto a OAB, a CNBB e centrais sindicais”, condenou.

Para o deputado Bohn Gass (PT-RS), é um “absurdo” ele ter sido o único dos ministros a não se posicionar. Até 2 de abril, quando Mendes pediu vista, o placar em favor da ADI era de 6 a favor e 1 contra.

“Deveria ter no regimento uma regra que não permitisse essa literal manobra para manter o financiamento empresarial. Quem perde é o País e a política”, ressalta o deputado.

Para o cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Michel Zaidan, tudo indica que há uma ação coordenada por Mendes e por parte da oposição para a confirmação da Câmara sobre o financiamento empresarial de campanhas eleitorais.

“Só pode ser um lobby e o sr. Gilmar Mendes deve ser o representante, no STF, desses interesses. Ele faz uma espécie de advocacia administrativa dentro do STF a favor desse grupo”, afirma.

De acordo com o professor, ao se retirar o financiamento empresarial de campanhas, fica difícil para alguns candidatos se elegerem, porque eles “são meros despachantes de luxo” de grupos de lobby que chamam o financiamento de “investimento” que as empresas fazem para colher os resultados depois. Para ele, há uma grande diferença da base aliada ao governo entre o Senado e a Câmara.

“Na Câmara, ela tem um comportamento diferente em função da liderança do presidente. Ele tem exercido uma influência muito negativa no sentido da desagregação da base aliada”, explica o professor.

Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias

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