Após 9 meses, Cunha perde na CCJ, e cassação vai a plenário
Com derrota expressiva, ex-presidente da Câmara vai enfrentar, em agosto, última etapa do processo de perda de mandato que é o mais longo da história
Publicado em
Com uma derrota expressiva na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) vai enfrentar, em agosto, a votação no plenário da Casa do parecer que recomenda a cassação do seu mandato por quebra de decoro parlamentar.
Foram mais de 19 horas de discussão na CCJ até que, por 48 votos a 12, foi rejeitado recurso de Cunha para que nova votação fosse realizada no Conselho de Ética da Câmara, em mais uma tentativa de manobrar para que seu processo fosse arquivado. Todos os deputados do PT votaram contra o recurso de Cunha, no processo de cassação mais longo da história –nove meses.
O ex-presidente da Câmara recorreu à CCJ para anular a votação no conselho que aprovou o relatório que sustenta a perda de seu mandato por ele ter mentido sobre a existência de contas na Suíça.
O relator do recurso na CCJ, deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF), acolheu os argumentos de Cunha e votou por zerar a votação no Conselho de Ética. Mas seu relatório recebeu quatro vezes mais votos contrários do que os registrados a favor de seu texto. Em seguida, foi aprovado por 40 votos a 11 o relatório alternativo, do deputado Max Filho (PSDB-ES), que reuniu os diversos posicionamentos em contrário ao texto de Fonseca.
Cunha está suspenso do mandato parlamentar por decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF), que já recebeu também duas denúncias contra o deputado e analisa um terceiro pedido de abertura de processo por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A série de acusações, apresentação de provas e reações às manobras de adiamento de seu processo levou a uma situação insustentável para Cunha, que acabou renunciando à presidência da Câmara. Cunha contava que a renúncia lhe ajudasse a enterrar seu processo e preservar o mandato. Para tanto, chegou a fazer ameaças veladas aos demais deputados.
“Hoje, sou eu. É o efeito Orloff: Vocês, amanhã”, chegou a dizer Cunha, apelando para o espírito de corpo dos parlamentares. Não funcionou na CCJ.
Logo após a decisão, deputados do PT comemoraram a continuidade do processo contra Cunha no plenário da Casa e lembraram sua ligação com o presidente golpista, Michel Temer, e sua participação na orquestração do golpe.
“Após 9 meses e várias manobras, finalmente, o processo de cassação de Eduardo Cunha prossegue para votação em plenário”, disse o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).
“Cunha faz parte dos muitos parlamentares da tropa de Michel Temer acusados de corrupção e que usaram o golpe contra a Presidenta Dilma Rousseff para barrar as investigações e salvar todo mundo”, completou.
No twitter, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) postou imagem com o resultado da votação.
Eduardo Cunha perde recurso na Comissão de Constituição e Justiça. Processo de cassação vai a plenario pic.twitter.com/ccgYnUzqAu
— Paulo Teixeira (@pauloteixeira13) July 14, 2016
Também no Twitter a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) reforçou a importância de colocar em pauta o processo de Cunha logo após a volta do recesso branco, para que não haja espaço para novas manobras.
Depois de todas as manobras, processo de Cunha só irá ao Plenário em Agosto. Vamos atuar p/ q sua cassação seja pautada logo após o recesso
— Erika Kokay (@erikakokay) July 14, 2016
Da Redação da Agência PT de Notícias