Artigo: Pessoas idosas, no PT e no eleitorado, e os Setoriais

A realidade do envelhecimento populacional no Brasil é tão mais gritante quando se compara as quantidades atuais de eleitoras e eleitores jovens e na condição idosa, adverte Milton Pomar

Arissom Marinho

Atualmente, 20% do eleitorado brasileiro são pessoas idosas.

Hoje, 20% do eleitorado brasileiro são pessoas idosas. Serão mais de 40% em2035. Nos quase cinco mil municípios com menos de 10 mil eleitoras e eleitores, as pessoas idosas serão 50% ou mais. Será o caos, porque a sociedade não está preparada para essa situação: faltam políticas públicas, recursos e ações efetivas para atender essa parcela do eleitorado, com mais idade e pouco ou nenhum dinheiro, e demandas específicas, de saúde, atividades físicas, lazer, cultura.

O cadastro do Tribunal Superior Eleitoral (nov/21) revela outros dois aspectos impressionantes: existem três milhões de idosas a mais do que idosos (16,4 milhões e 13,4 milhões), e na parcela de 45 a 59 anos de idade, mais 2,2 milhões de mulheres a mais (19,5 milhões e 17,3 milhões): 5,2 milhões de mulheres a mais, do total de 66,6 milhões de pessoas idosas e que ficarão idosas até 2035. E 50,6 milhões de eleitoras e eleitores são analfabetos funcionais – número nove vezes maior do que o de analfabetos declarados (5,7 milhões).

A tragédia do analfabetismo funcional é um caso à parte, na dramática situação do eleitorado com 60 anos de idade ou chegando lá: 34,3 milhões de eleitoras e eleitores não concluíram o Fundamental (contra 9,7 milhões com o Fundamental completo) e 10,6 milhões declararam apenas que “lê e escreve”. Não dispomos de dados atualizados sobre a população brasileira, porque o Censo 2020 não foi realizado. Utilizando o Censo 2010 como parâmetro, é possível concluir que grande parte dos analfabetos funcionais do eleitorado brasileiro são pessoas com 45 anos de idade e mais, residentes em municípios com menos de 10 mil eleitoras e eleitores.

A realidade do envelhecimento populacional no Brasil é tão mais gritante quando se compara as quantidades atuais de eleitoras e eleitores jovens e na condição idosa: na faixa não-obrigatória (16 a 18 anos de idade), há apenas 631 mil eleitoras e eleitores inscritos; de 18 a 20 anos, 6,12 milhões; 20 a 24 anos 12,29 milhões; 25 a 34 anos 30,15 milhões e de 35 a 44 anos 30,8 milhões. Na faixa de 45 a 59 anos de idade há 36,8 milhões (25,1% do total do eleitorado) e de 60 anos e mais são 29,8 milhões (20,3%). Como não há a faixa de 25 a 29 anos de idade, fica-se sem saber exatamente qual é a quantidade de eleitores e eleitoras de 16 a 29 anos, mas já é evidente que até 2035 a parcela idosa do eleitorado será bem maior do que a de jovens.

Aliás, a situação do envelhecimento populacional brasileiro é tão visível, que esses números todos são até dispensáveis – basta ir a uma reunião de qualquer segmento (exceto de jovens…) e constatar que Portugal, China, Espanha, Itália e Japão hoje são o Brasil amanhã. E o amanhã, nesse caso, é logo ali – a próxima década.

Por tudo isso, criamos no PT-SC o Setorial das Pessoas Idosas, com os objetivos de sensibilizar a militância e a sociedade sobre a importância de estudar o assunto, elaborar propostas de políticas públicas e de destinação de recursos, e cobrar legislativos e executivos, municipais e o estadual, para que as coisas comecem realmente a acontecer no atendimento diferenciado às idosas e idosos. Por óbvio, não temos tempo a perder.

Milton Pomar é coordenador do Setorial das Pessoas Idosas do PT-SC, professor, geógrafo, mestre em Políticas Públicas, 63 anos.

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