Atentado à saúde: Bolsonaro usa verba de emergência para produzir cloroquina

Reportagem da ‘Folha’ revela que pasta da Saúde utilizou estrutura da Fiocruz para produzir 4 milhões de medicamento comprovadamente ineficaz para o tratamento da Covid-19. Documentos do ministério apontam gasto de R$ 70,4 milhões para produzir cloroquina e Tamiflu. “No Brasil, sobra cloroquina e falta vacinas”, denuncia a deputada federal Érica Kokay (PT-DF). “Bolsonaro e Pazuello precisam ser responsabilizados por crime contra a saúde pública”

A campanha meticulosamente coordenada por Jair Bolsonaro para impedir o combate ao coronavírus desdobra-se em novos fatos a cada semana. Reportagem da ‘Folha de S. Paulo’ desta quinta-feira (11) revela que o Ministério da Saúde utilizou a estrutura da Fiocruz para produzir cerca de 4 milhões de comprimidos de cloroquina com recursos do orçamento emergencial para o enfrentamento da pandemia. O medicamento é comprovadamente ineficaz para tratamento da Covid-19.

Segundo a ‘Folha’, documentos apontam um gasto de  R$ 70,4 milhões para produzir cloroquina e Tamiflu. A verba foi executada graças à Medida Provisória 940, de 2 de abril, assinada por Bolsonaro e que garantiu recursos de emergência para ações de combate ao vírus. A MP abriu um crédito extraordinário de R$ 9,44 bilhões. Os despachos são de 29 de junho e 6 de outubro.

“No Brasil, sobra cloroquina e falta vacinas”, denunciou a deputada federal Érica Kokay (PT-DF). O governo utilizou a Fiocruz para produzir milhões de comprimidos de cloroquina e não fez nada para que tivéssemos quantidade suficiente de vacinas”, afirmou Kokay. “Bolsonaro e Pazuello precisam ser responsabilizados por crime contra a saúde pública”, cobrou a deputada.

“Na exposição de motivos sobre a MP, não houve detalhamento de como o dinheiro seria gasto. O texto da Presidência da República enviado ao Congresso fala em ‘produção de medicamentos’”, relata a reportagem do jornal.

“O Farmanguinhos [Laboratório Farmacêutica Federal de Manguinhos] produz cloroquina somente para o que está previsto em sua bula”, alegou a Fiocruz, na semana passada. O documento da Saúde obtido pelo jornal, no entanto, indica que o medicamento seria utilizado para “manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da covid-19”.

Ainda de acordo com o jornal, nem a Fiocruz nem o Ministério da Saúde explicaram o uso de recursos destinados para ações emergenciais. Em nota, a Saúde informou que a entrega da cloroquina não foi concretizada e que a produção deve ser explicada pela Fiocruz. Além disso, o Tamiflu, argumentou a pasta, é indicado para influenza. “Ao atuar no tratamento da influenza, ele favorece a redução da sobrecarga ao sistema de saúde em função do aumento de doenças respiratórias”.

Da Redação, com informações de ‘Folha’

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