Atingidos por barragem lançam campanha “Revida Mariana” em busca de justiça

Vítimas do rompimento da barragem do Fundão buscam reparação 8 anos após a tragédia que atingiu 3 estados e devastou a Bacia do Rio Doce; crime continua impune

Isis Medeiros

Campanha "Revida Mariana" foi lançada em busca de justiça e reparação para as famílias atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana(MG)

Foi lançada na quinta-feira (14), em Brasília, a campanha “ Revida Mariana ” pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), em busca de justiça para as famílias atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão em Mariana (MG), na Bacia do Rio Doce. A campanha teve seu lançamento às 16h20, horário em que ocorreu o rompimento da barragem que devastou a região.

Em 5 de novembro de 2015, às 16h20, uma barragem de Fundão, de propriedade da mineradora Samarco, controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton, rompeu e despejou cerca de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração de ferro. A tragédia matou pessoas, destruiu comunidades inteiras e plantações, além de poluir cursos d’água, deixando um rastro de destruição em toda a bacia do rio Doce, em Minas Gerais, chegando até a foz do rio, no estado do Espírito Santo e, por consequência, no oceano Atlântico.

De acordo com os responsáveis ​​​​pela campanha, até o momento, as vítimas da tragédia aguardavam que as autoridades brasileiras valessem seus direitos, enfatizando que o crime de roubo pelas mineradoras Vale, Samarco e BHP Billiton não pode cair no esquecimento.

Segundo informações do MAB, “até o momento, não houve proteção aos prejudicados, pois as famílias estão sem abastecimento de água potável, sem renda, moradia entre tantos outros direitos que estão sendo violados. “Revida Mariana” é uma campanha por peças integrais e um grito por justiça!”.

A campanha terá ainda uma série de ações em Minas Gerais, no Espírito Santo e na Bahia, estados que foram os mais atingidos pelo mar de lama provocado pelo rompimento da barragem.

Thiago Alves, membro da coordenação nacional do MAB, esclarece que o objetivo principal da campanha é “fazer ecoar a voz de milhares de famílias que sofrem os efeitos dessa tragédia criminosa; exige indenização integral pelos danos sofridos, dialogar com a sociedade, e mostrar a luta dos atingidos e atingidos nestes quase oito anos de crime”.

Segundo o MAB, enquanto “no Brasil a justiça caminha a passos lentos há quase 8 anos, lá fora, nos tribunais do Reino Unido, os atingidos e atingidos estão sendo ouvidos. Já há previsão para que, em outubro de 2024, a BHP Billiton, a maior mineradora do mundo, e a Vale, controladoras da Samarco, sejam julgadas pela responsabilidade no rompimento”.

Devastação e sofrimento

A campanha traz uma série de peças e vídeos produzidos para as redes sociais, imprensa e formadores de opinião onde é exposta a realidade devastadora do desastre de responsabilidade das mineradoras.

Os depoimentos mostram o sofrimento de quem perdeu tudo, teve sua casa, parentes e animais de estimação varridos pela lama tóxica, além da fala de sobreviventes que escaparam da morte, mas cujo sofrimento perdura até os dias de hoje.

As peças da campanha também abordam o desespero de indígenas e ribeirinhos que choram às margens do Rio Doce, um rio importante para a região, que segue morto, deixando inteiras sem saber de famílias onde irá tirar seu sustento.

Da Redação , com site do MAB

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