“Atuação política” do presidente do BC impede avanço ainda maior do PIB, diz Gleisi

Em entrevista à CNN, presidenta do PT falou sobre os bons resultados da economia e a insistência do bolsonarista Roberto Campos Neto em sabotar o país

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"É um absurdo um presidente do Banco Central que tem atuação política, como tem o Campos Neto", diz Gleisi

Em entrevista ao programa Bastidor, da CNN Brasil, nesta quarta-feira (5), a presidenta do PT, deputada Federal Gleisi Hoffmann (PR), comemorou o crescimento de 0,8% do PIB no primeiro trimestre, mas afirmou que os altos patamares da taxa básica de juros (Selic) impedem um avanço maior da economia. A parlamentar condenou a “atuação política” do presidente do Banco Central, o bolsonarista Roberto Campos Neto, e disse que ele usa o cargo também para favorecer a especulação financeira, razão pela qual será investigado pela Polícia Federal, a pedido do Tribunal de Contas da União (TCU).

“O crescimento do trimestre de 0,8 [por cento], todo mundo apostando que não ia acontecer, que o Brasil não ia conseguir crescer. Pois bem, o Brasil está conseguindo crescer, o Brasil está gerando mais emprego, as coisas estão melhorando, e a inflação está sob controle. Se nós tivéssemos um juro menor, a gente já teve uma melhora no crédito, isso foi importante também para o PIB, nós poderíamos ter uma melhora maior ainda no crédito e nós teríamos um crescimento maior do PIB, mais dinheiro em circulação”, disse Gleisi.

“É isso que nós precisamos na economia. Então ficar com essa lenga-lenga de que não pode cair taxas de juro, que é político o movimento, não tem justificativa técnica para não mexer nas taxas de juro agora”, criticou.

Durante a entrevista, a parlamentar voltou a defender a saída do bolsonarista da presidência do BC.

“Eu acho que está mais do que na hora de mudar. É um absurdo a gente ter um presidente do Banco Central que tem atuação política, como tem o Campos Neto. É claramente política, não há justificativa para ficar esse juro estratosférico. Vamos ver, a inflação hoje está em 3,65 [por cento], qual é a justificativa de um juro de duas casas decimais, acima de 10%, e ainda faz especulação lá do Banco Central dizendo que a inflação vai subir, que o juro vai parar de cair. Aliás, ele vai ser investigado pela Polícia Federal”, disse Gleisi.

A presidenta do PT se referiu à investigação da Polícia Federal sobre indícios de que o boletim Focus, no qual as previsões dos analistas baseiam as decisões do BC sobre a Selic, esteja sendo manipulado para favorecer os lucros dos especuladores do mercado financeiro.  

“Tem muitos agentes de mercado ali que fazem uma especulação em relação à inflação para pressionar o Banco Central e aumentar a taxa de juros. Tem uma instituição, não diz qual é o nome, o boletim não fornece o nome, mas uma das instituições que fazem essa análise chegou a apontar uma inflação de 8% para este ano. Mas nada leva a crer que isso vai acontecer, não tem base isso daí”, prosseguiu. “Então o Campos Neto pode acabar virando um caso de polícia. E é muito ruim para o nosso país”.

Privatização das praias

A presidenta do PT foi questionada também sobre a PEC das praias, relatada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e que abre caminho para a privatização de faixas da costa brasileira. Ela lembrou que, desde a tramitação na Câmara, o partido se posicionou contra a proposta. 

“Eu, na época, votei com a orientação do partido, sempre voto, e que era contrária a essa posição na época. Eu sou contra, porque eu acho que a gente tem que preservar essa faixa da Marinha nas mãos do Estado brasileiro. Primeiro, pela questão de ter que assegurar praias públicas. A gente já tem situações em que pessoas constroem perto do mar, às vezes numa ponta, e já deixam esse pedaço de praia privada, ou então em ilhas, enfim”, disse.

“E, segundo, isso também é uma questão de segurança. Você tem que sempre ter a mão alí, as suas encostas, enfim. Então eu sou contra a PEC, e espero que o Senado vote contra. Se voltar para a Câmara, a gente vai orientar também contrariamente”, acrescentou.

Da Redação

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