Aumento da gasolina: inflação para pobres, dividendos para ricos
Já é o oitavo reajuste somente em 2021. Enquanto anuncia mais sofrimento para os pobres, a estatal distribui R$ 31,6 bilhões para os seus acionistas
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A Petrobras anunciou mais um novo aumento no preço da gasolina a partir desta quinta-feira (12), que elevará de R$ 2,69 para R$ 2,78 o preço do combustível para as refinarias com um reajuste médio de 3,34% no seu valor por litro. De janeiro a agosto de 2021, a gasolina já sofreu oito reajustes, o que representa um impacto de 51% no seu valor.
Quem sofre com os sucessivos aumentos é o consumidor final que paga o preço da soma de tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de etanol anidro, além dos custos e margens das companhias distribuidoras e dos revendedores.
O preço médio do litro da gasolina já superou a casa dos R$ 6 e em algumas regiões do país já está sendo vendido a R$ 7, e a tendência aumentar ainda mais com esse novo reajuste anunciado pela estatal.
Mais um aumento da gasolina hoje. Meta de Bolsonaro é R$ 10 o litro? Ninguém aguenta mais essa política de preços da Petrobras que penaliza o povo brasileiro e só beneficia acionistas da empresa.
— Erika Kokay (@erikakokay) August 12, 2021
Esses sucessivos reajustes no preço do combustível aumenta os índices de inflação porque impacta nos preços de todas as mercadorias, que ficam muito mais caras e aprofundam ainda mais a crise social que atinge as famílias mais pobres, já bastante afetadas pelo desemprego e pela diminuição dos salários.
Com a adoção da política de dolarização dos preços dos combustíveis, implementada a partir do golpe contra Dilma Rousseff em 2016, os preços da gasolina e do diesel já atingiram os maiores níveis do ano nos postos, além dos valores do gás de cozinha que também já atingiram níveis astronômicos para as famílias de baixa renda.
O expressivo lucro da Petrobras de R$ 42,85 bilhões no segundo trimestre deste ano que foi comemorado pelos acionistas é uma das consequências do aumento dos preços dos derivados, em detrimento do consumidor. E isso ocorre justamente em um cenário de precarização do mercado de trabalho, com o desemprego em alta e a renda em queda total, o que aumenta a pobreza e a fome no país.
O trabalhador do Brasil saiu de casa hoje e viu o 9º (NONO) aumento do preço do combustível. Essa é a política de Guedes e Bolsonaro. Um governo que não fica do lado do povo em nenhuma oportunidade. Tragédia.
— Humberto Costa (@senadorhumberto) August 12, 2021
Dividendos para acionistas
Enquanto anuncia péssimas notícias para os consumidores e contribui para o aumento da inflação e da crise social no país, a Petrobras não tem o mínimo pudor em divulgar que irá distribuir antecipadamente a exorbitante quantia de R$ 31,6 bilhões em dividendos para os seus acionistas.
E para 2022, a companhia também anunciou que será consolidada uma nova fórmula de remuneração dos seus acionistas com a distribuição de dividendos que irão superar a média atual.
Em artigo publicado no site Brasil de Fato, a economista Juliane Furno afirma que “de 2018 para 2019 o lucro distribuído para os acionistas cresceu 51%, para a alegria dos representantes do ‘mercado’ que veem engordar seus bolsos as custas do processo de deterioração da cadeia de petróleo e gás brasileira – expressa pela política privatista de venda de ativos fixos e desinvestimento – e de apequenamento da empresa da sua missão principal como empresa estatal.”
Da Redação