Avião com drogas afunda imagem do país e amplia turbulência de Bolsonaro
Presidente tenta minimizar prisão de militar de sua comitiva com 39 quilos de cocaína na Espanha, mas a notícia é um dos principais assuntos em jornais do país europeu
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Desde que assumiu o cargo mais alto da República no Brasil, Jair Bolsonaro tem chocado o mundo com medidas que conduzem o país ao mais profundo retrocesso em diversas áreas. Mas seu total despreparo, que já causava espanto e indignação antes mesmo de tornar-se presidente, agora conduz também a imagem do próprio país ao fundo do poço a cada novo escândalo – o mais recente deles foi a prisão do militar da aeronáutica no aeroporto de Sevilha (Espanha) na terça-feira (25) com 39 quilos de cocaína em avião da FAB.
A aeronave seria usada pela comitiva de Bolsonaro em viagem ao Japão, mas foi detido em solo espanhol e a comitiva do governo brasileiro decidiu mudar a programação para tentar amenizar as consequências da notícia. Na parte da tarde, no entanto, o presidente em exercício, Hamilton Mourão, revelou em entrevista ao UOL que o militar detido por tráfico voltaria ao Brasil no mesmo avião que Bolsonaro.
Desde então, o caso tem sido repercutido em excesso pelos principais jornais do país europeu. A rede RTVE foi enfática na chamada escolhida para divulgar a notícia: “Detido em Sevilha um militar de Bolsonaro com 39 quilos de cocaína”.
Detenido en Sevilla un militar de Bolsonaro con 39 kilos de cocaína. https://t.co/vsopLbAMHu
— RTVE (@rtve) June 26, 2019
A edição global do jornal El País descreveu o momento da apreensão e ainda citou o fato de o militar sequer ter se preocupado em disfarçar a droga – que estava dividida em 37 tabletes – em uma das duas malas que carregava. O nome do militar não foi fornecido pela polícia espanhola.
Uno de los miembros de la comitiva del presidente Bolsonaro, un militar que pilota uno de sus aviones, viajaba con 39 kilos de cocaína. Ha sido detenido durante una escala en Españahttps://t.co/nr73jpXaH7
— EL PAÍS (@el_pais) June 26, 2019
Na contramão do mundo
O britânico The Guardian preferiu usar o escândalo da prisão do militar para relembrar a medida promulgada por Bolsonaro no início de junho que pretende endurecer as penas para os traficantes e obrigar usuários a se reabilitarem em centros privados ou religiosos.
“As novas regras elevam a sentença mínima de prisão para traficantes que lideram organizações criminosas de cinco a oito anos. Além disso, reforçam o papel das comunidades terapêuticas. Especialistas argumentam que a legislação move o Brasil na direção oposta de muitos países que tentam abordar o vício como um problema de saúde”, aponta a reportagem do periódico.
O jornal ainda reitera o fato de que, antes do governo de extrema direita chegar ao poder, os usuários de drogas no país tinham que concordar com a internação hospitalar, a exemplo do que ocorre nos países mais desenvolvidos do mundo.
Da Redação da Agência PT de Notícias