Encontro reúne Religiosos Ecumênicos e MST em São Paulo

O encontro reuniu um conjunto de representações religiosas, lideranças comunitárias, representantes de centrais sindicais e movimentos sociais.

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Encontro reuniu religiosos e MST

Na última quinta-feira (30) representantes e lideranças ecumênicas se encontraram para debater a conjuntura e os desafios da luta política no Brasil, sobretudo do ponto de vista das igrejas e dos religiosos.

Participaram do evento Padre Naves, da Arquidiocese de São Paulo, Vanderlúcia de Oliveira, do MST, Frei Betto, escritor e frade dominicano, Gilberto Carvalho, filósofo e ex-ministro, além de Kelli Mafort, membro da direção nacional do Movimento Sem Terra.

Os Coordenadores da mesa Padre Naves e Vanderlúcia, do MST ressaltaram que as reflexões do encontro, bem como a propositura de resoluções a partir dele, deveriam ter como mote o problema da fome, que atinge hoje mais de 33 milhões de brasileiros. O Padre frisou ainda a importância dos Comitês Populares na luta pela reversão dessa realidade.

A bênção inicial do encontro foi dada pelo Pastor Jair, em solidariedade aos mártires indígenas. Jair lembrou da acolhida do texto da Missa da Terra Sem Males de Pedro Tierra, uma missa de memória, remorso, denúncia e compromisso dos povos originários e oprimidos da América em busca de liberdade.

Na sequência, Kelli Mafort, da Coordenação Nacional do MST, fez uma breve análise sócio-econômica do Brasil, indicando que a hegemonia da financeirização e a ascensão do neoliberalismo nesta fase de crise do capitalismo lega a população vulnerável à pobreza, sobretudo nos países dependentes da periferia do capitalismo.

Kelly ressaltou também que o governo Bolsonaro faz parte deste plano de desmonte e aprofunda as mazelas do povo brasileiro, produzindo uma grave crise de fome, quase sem precedentes. 

Para a diretora do MST, uma das grandes tarefas para os próximos meses é justamente a criação e ampliação dos Comitês Populares, que definiu como organizações de trabalho de base, de olho no olho, em defesa das candidaturas progressistas e na luta permanente pela consolidação da organização do poder popular.

O filósofo Gilberto Carvalho ressaltou o compromisso espiritual e material daqueles que têm fé no combate à fome. O ex-ministro indicou que estamos diante das eleições mais importantes dos últimos tempos, já que trata-se de uma luta em defesa da convivência democrática, contra o ódio, a fome e contra a degradação absoluta da população mais pobre.

Gilberto abordou incisivamente o desafio de reverter o uso malfadado do povo religioso, sobretudo neopentecostais, em função do fundamentalismo, do atraso e do conservadorismo. Para ele, a religiosidade e o uso da fé como elemento para a produção de fake news precisa ser uma preocupação para quem pretende fazer trabalho popular nas periferias.

A exemplo de Kelli, Gilberto frisou a importância dos Comitês Populares na construção de uma campanha eleitoral organizativa e educativa. Os comitês, segundo ele, devem ser  indutores de uma governabilidade efetiva e real, que darão a um possível governo Lula o estímulo e a capacidade de fazer reformas necessárias para mudar a realidade do povo.

Também convidado do encontro, Frei Betto, enfatizou que estamos diante de eleições que extrapolam questões partidárias. O frade dominicano explicou que este período eleitoral nos coloca diante de uma questão ética, humanitária, teológica e de princípios, vez que o grande desafio é acabar com o projeto antidemocrático e “fascista” do governo Bolsonaro.

Frei Betto defendeu que a única alternativa para frear esta catástrofe é a eleição não só do ex-presidente Lula, mas também de deputados e governadores do campo progressistas. 

Betto cobrou também a retomada do trabalho de base, frisando que o hiato deixado pela esquerda fez com que as bases fossem tomadas e ocupadas por fundamentalistas, narcotraficantes e milícias.

Ao fim das exposições, Pastor Ricardo leu o evangelho e propôs o resgate do que chamou de  “Jesus dos pés no chão, do Cristo das trincheiras e dos pobres”. Para o pastor, a igreja tem de voltar às periferias e se afastar das demandas do Capital.

Após as exposições, representações religiosas, representantes de movimentos e líderes comunitários presentes, assumiram a tarefa da criação de calendários comuns na agenda religiosa , como romarias, e se comprometeram na criação e construção dos Comitês Populares.

Da Redação/Comitê Popular de Luta

                                                                                                       

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