Plataforma Interpartidária Internacional na Internet / “InternationalInterparty Internet Platform” (IIIP)

Relato do Fórum de Xanghai, em português e inglês

Penildon Silva Filho

Professor da UFBA

Membro do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo – PT

Ocorreu dias 21, 22 e 23 de outubro do presente ano de 2020 um fórum interpartidário de vários países que foi um marco nas relações internacionais, inaugurando uma fase de internacionalismo de experiências partidárias contrahegemônicas no mundo. Trata-se da Plataforma Interpartidária Internacional na Internet / “InternationalInterparty Internet Platform” (IIIP), que teve como núcleo inicial a Organização de Cooperação de Xangai (com a sigla em inglês SCO) e seus partidos dirigentes, mas que avançou nas relações multilaterais com partidos da África, Europa e América. A SCO é composta pelos países: China, Rússia, Índia, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão e Paquistão. A SCO conta ainda como Estados observadores o Afeganistão, a Bielorrússia, o Irã e a Mongólia. Há ainda seis “parceiros de diálogo”: a Armênia, o Azerbaijão, o Camboja, o Nepal, o Sri Lanka e a Turquia.

A SCO estabeleceu relações com as Nações Unidas, onde é um observador na Assembleia Geral, a União Europeia, Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), a Comunidade de Estados Independentes e da Organização para a Cooperação Islâmica. Isso já demonstra a amplitude de relações estabelecida com um tripé econômico, geopolítico e de segurança. Esse conjunto de países membros e observadores já abrange mais de 70% do território da Ásia, metade da população mundial e mais da metade do Produto Interno Bruto Internacional, sendo que a China já ultrapassou os Estados Unidos como principal potência econômica, se avaliarmos o PIB pelo critério de paridade de poder de compra das moedas nacionais, e dentro de poucos anos a China ultrapassará o PIB estadunidense também em valores absolutos.

Nesse momento, os partidos da SCO decidiram realizar um fórum interpartidário com partidos que estão e que não estão nos governos nacionais, dentro de um espectro de engajamento na construção de uma “Economia para as pessoas”, ou seja, uma Economia voltada ao crescimento das oportunidades de emprego, trabalho e renda, a busca de uma ordem internacional multilateral que tenha a negociação e o diálogo como instrumentos da construção das relações, evitando o belicismo e promovendo a estabilidade e a Paz em todas as esferas. Nesse conceito de articulação interpartidária, eles abraçaram também fortemente a busca por uma transição ecológica rumo à uma Economia Verde, inclusive discutindo políticas públicas de estímulo às energias limpas e renováveis e à preservação do meio ambiente. Como foi uma reunião que transcendeu os partidos dos países membros, foi nomeada de “SCO+” com sua plataforma digital IIIP.

Nos diversos pronunciamentos percebemos um programa para a Humanidade diferente do Neoliberalismo que levou amplas parcelas de nossa espécie para a exclusão social, a miséria, a desigualdade e o esgotamento do meio ambiente, e que perigosamente leva o nosso ecossistema a um ponto sem volta de destruição da vida e dos recursos naturais. Os discursos de “austeridade, solidez do sistema financeiro, confiança do mercado, retirada de direitos sociais, diminuição do Estado” são substituídos pela defesa de crescimento de empregos, visando a diminuição do desemprego estrutural, com investimentos nas políticas sociais, especialmente na Educação e na Saúde. Também é forte a compreensão de que não se deve permitir a desestabilização de países nem o ataque à soberania nacional, propondo que a relação entre os países deve ser pela cooperação e pelo ganho mútuo, ao mesmo tempo em que coloca a centralidade de um desenvolvimento sustentável do ponto de vista ambiental.

O primeiro Fórum Interpartidário teve o interesse de reunir um tripé: os atores políticos (os partidos), pessoas dos negócios, para criar parcerias econômicas entre os países, e o fórum de especialistas, cientistas, gestores públicos que pesquisem suas áreas. Não se trata apenas de ser uma troca de experiências, mas de ter consequências práticas durante o tempo, basicamente construindo alianças empresariais(públicas e privadas) para fortalecimento da Economia, alianças políticas visando a Paz e a estabilidade Mundial e a alianças pela sobrevivência ambiental do planeta.

Nesse sentido será importante que o PT passe a integrar formalmente o IIIP(“InternationalInterparty Internet Platform”) para acompanhar e contribuir com a continuidade dos debates e das interações na plataforma digital, e criar mais um espaço de articulação internacional sólido. O Brasil foi citado como observador no IIIP, e o PT sempre tem uma referência muito positiva nesses fóruns internacionais. Devemos agora nos integrar formalmente e estreitar os laços com os partidos da SCO+, nas três dimensões indicadas: o político, o econômico e o científico/cultural.

O PT já tem uma longa tradição internacionalista, a exemplo do Foro de São Paulo e das relações bilaterais com o Partido Comunista Chinês, com o Rússia Unida e vários outros, e nossa participação nessa articulação mais ampla do SCO+/IIIP proporcionará um novo patamar para as nossas relações internacionais, para avançar de um espaço de troca de ideias e experiências para um movimento internacional, de ação conjunta mantendo evidentemente nossa autonomia, pois essa é a proposta do FórumSCO+/IIIP.

Tradução:

On October 21, 22 and 23 of this year, an inter-party forum from several countries took place, which was a milestone in international relations, inaugurating a phase of internationalism of partisan experiences against hegemonics in the world. This is the International Interparty Internet Platform / “International Interparty Internet Platform” (IIIP), which had as its initial nucleus the Shanghai Cooperation Organization (with the acronym in English SCO) and its leading parties, but which has advanced in multilateral relations with parties from Africa, Europe and America. The SCO is made up of the following countries: China, Russia, India, Kazakhstan, Kyrgyzstan, Tajikistan and Uzbekistan and Pakistan. SCO also counts as observer states Afghanistan, Belarus, Iran and Mongolia. There are also six “dialogue partners”: Armenia, Azerbaijan, Cambodia, Nepal, Sri Lanka and Turkey.

SCO has established relations with the United Nations, where it is an observer at the General Assembly, the European Union, the Association of Southeast Asian Nations (ASEAN), the Commonwealth of Independent States and the Organization for Islamic Cooperation. This already demonstrates the breadth of relations established with an economic, geopolitical and security tripod. This group of member and observer countries already covers more than 70% of the territory of Asia, half of the world population and more than half of the International Gross Domestic Product, with China already surpassing the United States as the main economic power, if we evaluate the GDP by the criterion of purchasing power parity of national currencies, and in a few years China will surpass the US GDP in absolute values.

At that time, SCO parties decided to hold an inter-party forum with parties that are and are not in national governments, within a spectrum of engagement in building an “Economy for the people”, that is, an Economy focused on the growth of opportunities for employment, work and income, the search for a multilateral international order that has negotiation and dialogue as instruments for building relationships, avoiding warmongering and promoting stability and peace in all spheres. In this concept of inter-party articulation, they also strongly embraced the search for an ecological transition towards a Green Economy, including discussing public policies to encourage clean and renewable energies and the preservation of the environment. As it was a meeting that transcended the parties of the member countries, it was named “SCO +” with its digital platform IIIP.

In the different pronouncements we perceive a program for Humanity that is different from Neoliberalism that has led large parts of our species to social exclusion, misery, inequality and the depletion of the environment, and that dangerously takes our ecosystem to a point of no return of destruction life and natural resources. The speeches of “austerity, solidity of the financial system, market confidence, withdrawal of social rights, reduction of the State” are replaced by the defense of job growth, aiming at the reduction of structural unemployment, with investments in social policies, especially in Education and in Health. There is also a strong understanding that destabilization of countries and attacks on national sovereignty should not be allowed, proposing that the relationship between countries should be based on cooperation and mutual gain, while placing the centrality of sustainable development from an environmental point of view.

The first Interpartisan Forum was interested in bringing together a tripod: the political actors (the parties), business people, to create economic partnerships between countries, and the forum of experts, scientists, public managers who research their areas. It is not just a matter of exchanging experiences, but of having practical consequences over time, basically building business alliances (public and private) to strengthen the Economy, political alliances aimed at World Peace and stability and alliances for the environmental survival of the planet.

In this sense, it will be important for PT to formally integrate the IIIP (“International Interparty Internet Platform”) to accompany and contribute to the continuity of debates and interactions on the digital platform, and to create yet another space for solid international articulation. Brazil was mentioned as an observer at the IIIP, and the PT always has a very positive reference in these international forums. We must now formally integrate and strengthen ties with the SCO + parties, in the three dimensions indicated: the political, the economic and the scientific / cultural.

The PT already has a long internationalist tradition, such as the São Paulo Forum and bilateral relations with the Chinese Communist Party, with United Russia and several others, and our participation in this broader articulation of SCO + / IIIP will provide a new level for our international relations, to move from a space for exchanging ideas and experiences to an international movement, of joint action evidently maintaining our autonomy, as this is the proposal of the SCO + / IIIP Forum.

PT Cast