Saudação do presidente Lula ao XXIV Encontro do Foro de São Paulo

O XXIV Encontro do Foro de São Paulo acontece nesse final de semana em Havana, Cuba


SAUDAÇÃO DO EX-PRESIDENTE LULA AO XXIV ENCONTRO DO FORO DE SÃO PAULO

Quero saudar nossos anfitriões do Partido Comunista de Cuba, o Presidente Miguel Dias Canel a quem desejo sucesso frente ao governo deste país irmão, as delegadas e delegados a este 24º Encontro do Foro de São Paulo, a companheira Monica Valente sua secretária executiva e os companheiros convidados de partidos fraternos de outros países. Agradeço o apoio e a solidariedade que vocês têm dado à minha pessoa, ao meu partido, o PT, e a outros companheiros perseguidos pela direita no Brasil. Esta não sabe conviver com a democracia e com apoio dos meios de comunicação e setores do poder judiciário quer nos impedir de retornar ao governo e recuperar a dignidade, a liberdade e os direitos do povo brasileiro.

Quando Fidel e eu em 1990 propusemos que a esquerda latino – americana e caribenha deveria se reunir para avaliar as profundas transformações que o mundo havia sofrido naquele momento com a ascensão do neoliberalismo na economia e na política, com o fim dos regimes do socialismo real no Leste Europeu e o fim da bipolaridade do sistema internacional, tínhamos clareza da importância desta iniciativa.

O que não prevíamos era que o Foro de São Paulo fosse crescer como cresceu e que conseguisse se manter como o mais importante, amplo e duradouro foro de debates e formulações da esquerda latino – americana e caribenha ao longo destes 28 anos. Este feito extraordinário, contribuiu para que no início do século 21 governássemos vários de nossos países e implementássemos programas de combate à pobreza, de participação popular eintegração entre nossos países.

No entanto, apesar de implementar governos que buscaram resgatar os direitos de nossa população, principalmente das parcelas mais pobres e vulneráveis, governando para todos e gerando oportunidades para que todos se beneficiassem de nossa política de desenvolvimento nacional e regional, as nossas elites não toleram a esquerda no governo e nem a ascensão do povo excluído aos seus direitos mínimos como alimentos, saúde, educação e moradia.

Talvez, tenhamos subestimado esta intolerância e a disposição das elites de nos enfrentar à qualquer custo e por qualquer meio, inclusive de golpes de Estado como assistimos em Honduras, Paraguai e no Brasil. Eu sempre disse que se quiserem disputar conosco que disputem politicamente, que se candidatem e nos derrotem democraticamente se for o caso. Porque não temos medo deles e saberemos enfrenta-los e discutir com o povo qual é o futuro que este quer. Se é o desenvolvimento soberano com justiça social ou o entreguismo e a concentração de renda.

Repudiamos as sanções aplicadas contra a Venezuela e as ameaças de intervenção armada feitas pelo Presidente dos Estados Unidos que lamentavelmente a direita no continente não condena. Pelo contrário, na prática, apoia ao tentar excluir a Venezuela dos fóruns a que tem direito de participar como a OEA e o Mercosul. Isso, sem falar no prosseguimento do bloqueio criminoso a Cuba e a maneira como o imperialismo trata Porto Rico e outras ilhas no Caribe.

As dificuldades que enfrentamos hoje, mais do que nunca requerem a presença, as posições e ações do Foro de São Paulo. Da mesma forma, a discussão sobre a conjuntura, a importância das propostas da esquerda para enfrentar suas dificuldades, ampliando o diálogo com o povo e seu envolvimento na busca das soluções nacionais e internacionais. Um elemento essencial que está posto neste momento é a unidade da esquerda neste enfrentamento político com as elites reacionárias, entreguistas e intolerantes da América Latina e com o imperialismo. A defesa da integração latino – americana, não apenas como uma herança das ideias progressistas de várias épocas, é mais necessária do que nunca como um fator de desenvolvimento e de enfrentamento à crise econômica. Temos que resistir aos ataques contra os direitos sociais e trabalhistas que ocorrem em vários de nossos países. Nossos partidos têm que defender uma política externa com pontos comuns que privilegiem a nossa soberania, nacional e regional, a redução dos conflitos e uma visão humanista sobre o tema dos migrantes e refugiados.

Quando iniciamos esta empreitada, ninguém prometeu que seria fácil, mas já demonstramos que podemos vencer e implementar mudanças de suma importância. Entretanto, um valor fundamental que os interesses econômicos e a ganância das elites buscam reduzir e submeter, é o Estado democrático de direito. A nossa resposta deve ser o aprimoramento e o fortalecimento da democracia para que a justiça, a liberdade e a igualdade possam florescer plenamente.

Desejo um bom encontro a vocês e quero reafirmar meu inconformismo por estar impedido de apresentar esta mensagem pessoalmente devido à perseguição política à qual estou submetido por meio de uma condenação absurda e Kafkiana, por um crime que não existe. Querem me impedir de disputar as eleições no Brasil este ano, mas jamais me calarão e tampouco me impedirão de lutar pelos direitos do povo brasileiro, latino – americano e caribenho.

Um grande abraço do Lula.

PT Cast