Bolsa Família: Bolsonaro insulta as 14 milhões de famílias beneficiadas

Jair Bolsonaro afirmou que “filhos do Bolsa Família” tem “desenvolvimento intelectual menor”; programa é reconhecido pela ONU como exemplo de erradicação da pobreza

Jefferson Rudy/ Agência Senado

Graças ao Bolsa Família, jovens em situação de pobreza puderam concluir os estudos e mudar de vida

Os “filhos do Bolsa Família” têm “desenvolvimento intelectual menor”, disse Jair Bolsonaro (PSL) em um vídeo que gravou junto com seu filho, Eduardo Bolsonaro (PSL), esta semana durante a visita aos Estados Unidos. Citanto uma pesquisa supostamente feita pelo seu ministro da Cidadania, Osmar Terra, ele afirma que crianças de 0 a 3 anos beneficiadas pelo programa têm intelecto menor e “fica difícil” que elas tenham uma boa formação ou sejam bons profissionais no futuro.

Após a declaração desrespeitosa de Jair o assunto esteve entre os mais debatidos nas redes sociais e jovens que conseguiram superar a pobreza e ingressar em carreiras de sucesso falaram sobre a importância que o auxílio teve em suas vidas.

Eu ganhei Bolsa Família, participei do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), fui bolsista em escola particular, sou PROUNI (Programa Universidade para Todos) na faculdade e estou concorrendo a um mestrado europeu – protestou uma usuária do Twitter.

Na mesma rede social, um jornalista também destacou a importância do programa em sua formação acadêmica. “Eu, quando criança, tive o benefício do bolsa família com minha mãe e meus irmãos. Éramos de origem pobre, assim como muitos. Nos ajudava muito no complemento da renda em casa. Hoje, formado, ganhei seis prêmios com trabalhos de fotografias e jornalismo no país”, declarou.

No twitter, jovens que foram beneficiados pelo Bolsa Família rebatem Bolsonaro

“Meus pais receberam Bolsa Família quando eu era criança e hoje estou pra me formar em Relações Internacionais, desenvolvi pesquisa científica, ganhei prêmios por orientar pesquisas do ensino médio e consegui uma bolsa com a qual fui estudar no exterior”, disse mais uma usuária da rede.

Fala de Bolsonaro gera polêmicas

Ao afirmar que as crianças beneficiadas têm intelecto menor, Bolsonaro insulta 14,1 milhões de famílias brasileiras que são atendidas pelo programa e recebem um valor médio de R$178. O número está disponível no Visualizador de Dados Sociais do Governo Federal, atualizado em 15 de março deste ano.

Outros jovens lamentaram a falta de conhecimento e o desprezo com que Jair fala sobre o tema:

Recebi bolsa-família por toda minha infância. Nunca me senti com um desenvolvimento intelectual menor ao dos meus colegas que não recebiam. Pelo contrário, graças ao benefício tínhamos dinheiro pro material escolar e uniforme. É triste ver o presidente falando essas coisas.

Programa é referência mundial de erradicação da pobreza

O Bolsa Família foi promulgado em 2003, no primeiro mandato do ex-presidente Lula. É reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um exemplo de erradicação da pobreza que deveria ser seguido por outros países. A eficiência do projeto também foi atestada pelo Funo Monetário Internacional (FMI), pelo Banco Mundial e Associação Internacional de Seguridade Social (ISSA), dentre outras organizações.

Nos dez primeiros anos do programa, cerca de 29 milhões de brasileiros saíram da pobreza, segundo informações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Nesse mesmo período, a escolaridade subiu oito pontos percentuais, de acordo com estudo divulgado em 2013 pelo Instituto Data Popular. No primeiro ano de Governo do ex-presidente Lula, 28% da população ocupada tinham ensino médio incompleto ou completo. Dez anos depois, o índice era 36%. A pesquisa mostrou ainda que o rendimento médio do trabalhador aumentou de R$1.305 para R$1.898 nessa década.

Outro indicador social que pode ser usado para provar a eficiência programa é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que aumentou de 0,694 para 0,754 entre 2004 e 2014, os dez primeiros anos do Bolsa Família. O indicador da ONU é usado para monitorar questões como acesso a saúde, educação e acesso à renda. Quanto mais perto de 1, melhor a avaliação do país.

Os números são resultado das políticas públicas de redistribuição de renda e assistência social, que tem o Bolsa Família como carro chefe, combinadas com o aumento real do salário mínimo.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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