Bolsonaro ameaça tumultuar a Festa de Nossa Senhora de Aparecida com evento paralelo

Segundo nota do Santuário Nacional de Aparecida, a agenda de Bolsonaro informou a realização de um Terço organizado por um grupo independente no mesmo horário da solenidade tradicional, que ocorre há 65 anos; CNBB também se manifestou

Divulgação

Passarela da Fé, no Santuário de Nossa Senhora de Aparecida. Foto: Divulgação

O atual presidente Jair Bolsonaro ameaça tumultuar a Festa de Nossa Senhora de Aparecida com uma “agenda” paralela e oportunista ao evento oficial. Segundo nota do Santuário Nacional de Aparecida, a agenda de Bolsonaro informou a realização de um Terço no mesmo horário da solenidade tradicional.

A nota afirma que “embora tenha sido programada para acontecer no mesmo horário da Consagração a Nossa Senhora Aparecida, que há 65 anos tradicionalmente é rezada neste horário, a inciativa não tem qualquer relação com o Santuário Nacional e sua programação oficial para este dia”.

“Assim, é importante reforçar que esta atividade não é organizada pelo Santuário Nacional, tampouco tem anuência do Arcebispo de Aparecida”, esclarece a nota assinada por Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida.

Veja abaixo a íntegra da nota:

A Festa de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, organizada pelo Santuário Nacional, sob a supervisão do Arcebispo de Aparecida e dos Missionários Redentoristas,
tradicionalmente é destino anual de milhares de devotos. A programação para acolher estes peregrinos é idealizada para homenagear a Virgem Maria, sempre apontando para Jesus,
único redentor da humanidade.

Ao longo de todo o dia 12 de outubro, 7 missas serão celebradas na Basílica de Aparecida, tendo como ponto alto a Missa Solene das 9h. Durante o dia, ainda acontece a tradicional Consagração a Nossa Senhora Aparecida, às 15h, e a Procissão Solene, às 18h.

Nesta segunda-feira (10), o Cerimonial da Presidência da República informou que o Excelentíssimo Sr. Presidente da República, Jair Bolsonaro, pretende participar das comemorações, estando presente em uma das Missas programadas. Como nos anos anteriores, o Santuário Nacional organizará a acolhida ao Presidente nas melhores práticas que um Chefe de Estado requer, mas também buscando garantir que a rotina dos peregrinos não seja impactada pelas condições que a vista exige.

Posteriormente, chegou ao conhecimento do Santuário Nacional que também consta na agenda do Presidente a participação em um Terço que será rezado na cidade de Aparecida.

Assim, é importante reforçar que esta atividade não é organizada pelo Santuário Nacional, tampouco tem anuência do Arcebispo de Aparecida. É relevante também frisar que, embora tenha sido programada para acontecer no mesmo horário da Consagração a Nossa Senhora Aparecida, que há 65 anos tradicionalmente é rezada neste horário, a inciativa é de um grupo independente, que não tem qualquer relação com o Santuário Nacional e sua programação oficial para este dia.

Nas melhores expectativas de que a Festa da Padroeira do Brasil seja tempo de honras à Jesus e a sua Mãe, desejamos que os devotos possam vivenciar plenamente os momentos que para
eles foram planejados.

Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida

CNBB lamenta uso político da fé

Em nota, divulgada nesta terça-feira, 11, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamentou “a intensificação da exploração da fé e da religião para angariar votos no segundo turno”.

Veja a íntegra da nota:

NOTA DA PRESIDÊNCIA

“Existe um tempo para cada coisa” (Ecl. 3,1)

Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta e reprova tais ações e comportamentos.

A manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com a verdade e com o Evangelho.

Ratificamos que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral. Convocamos todos os cidadãos e cidadãs, na liberdade de sua consciência e compromisso com o bem comum, a fazerem deste momento oportunidade de reflexão e proposição de ações que foquem na dignidade da pessoa humana e na busca por um país mais justo, fraterno e solidário.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-presidente da CNBB

Dom Mário Antonio da Silva
Arcebispo de Cuiabá (MT)
Segundo Vice-presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB

Da Redação

 

 

Tópicos:

PT Cast