Bolsonaro desmonta Censo 2020 para esconder o fracasso do seu governo
Desmonte promovido pelo governo trará consequências graves à gestão das políticas públicas, uma vez que o levantamento ajudou o país a sair da miséria
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Os desmontes de Jair Bolsonaro (PSL) seguem a todo vapor. Para além da Educação e da Previdência Social, o despreparado presidente resolveu atacar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e o Censo 2020. Bolsonaro sabe que o trabalho do IBGE é esclarecedor e que em pouco tempo vai conseguir constatar os nefastos impactos do seu desgoverno. Por isso, resolveu cortar 25% do orçamento previsto para a pesquisa demográfica que será realizada no ano que vem.
A presidenta do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, anunciou que o Censo 2020 deve custar em torno de R$ 2,3 bilhões. O valor previsto inicialmente era de R$ 3,1 bilhões. A redução impactou no questionário. O instituto, segundo Susana, reduziu o número total de perguntas de 112 para 76. O levantamento é feito a cada dez anos e tem abrangência nacional. Os pesquisadores do IBGE visitam os domicílios pelo país para obter dados sobre as características dos moradores, nível de estudo, trabalho, entre outras informações.
Reportagem do G1 mostrou que entre as principais mudanças apresentadas para o Censo 2020 está a alteração no quesito ‘trabalho e rendimento’. Segundo o IBGE, os brasileiros terão que responder qual é a renda total do responsável pelo domicílio, tal como no censo 2000. No último censo, em 2010, os pesquisadores perguntavam sobre a renda de todos os moradores de cada residência.
A alteração no questionário vai contribuir para esconder os desastrosos impactos das políticas neoliberais que foram implantadas no país com o golpe de 2016. Entre elas, a reforma Trabalhista de Michel Temer, que foi aprovada com o apoio do então deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), responsável por precarização e redução de empregos no Brasil.
Desmonte para esconder o fracasso
Assim como fez com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), que teve seu papel de fiscalização reduzido, Bolsonaro ataca os órgãos e instituições que afetam seus interesses particulares. No caso do Ibama, o despreparado presidente fez uma retaliação por conta da multa recebida por pesca irregular, quando era deputado. Já no caso do IBGE, o despreparado chefe do Executivo tem como meta esconder o fracasso do seu governo, sobretudo, na geração de empregos e melhoria da vida dos brasileiros.
Em abril, o professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE Paulo Jannuzzi criticou, em entrevista à Agência PT de Notícias, a possibilidade do corte no orçamento, agora concretizado pelo desgoverno de Bolsonaro.
“Para um estado que não pretende fiscalizar trabalho infantil, que identifique bolsões de pobreza ou que esteja preocupado com desigualdade, ter informações sobre a população é irrelevante. Mas as informações são importantes também para tornar o estado mais eficiente. Portanto, até neste discurso de Estado Mínimo defendido por Bolsonaro os dados do Censo são fundamentais”, explica Paulo Jannuzzi, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE.
Desconhecimento da realidade socioeconômica do país
O Conselho Federal de Economia (Cofecon) publicou uma nota oficial em que critica o corte no orçamento do Censo 2020. Segundo o Cofecon, a decisão de Bolsonaro compromete a qualidade das informações sobre a realidade socioeconômica do país e coloca em risco análises de natureza socioeconômica nos próximos dez anos.
O conselho destacou ainda que as informações coletadas pelo Censo são cruciais tanto para o planejamento governamental quanto para o setor privado e as instituições de ensino e pesquisa. Na nota, o Cofecon também lembrou que as informações obtidas pelo Censo “são indispensáveis para possíveis correções na distribuição dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), para a elaboração de políticas educacionais e de saúde, para a geração de emprego e renda e redução das desigualdades”.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do G1 e Cofecon.