Café PT: democracia, cultura e redes sociais são destaques da conversa com José de Abreu
Ator também falou de sua participação nas cerimônias em memória aos ataques golpistas do 8/1, lideradas pelo presidente Lula: “Foi emocionante estar lá”
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O Café PT desta sexta-feira (10) recebeu o ator José de Abreu, que falou sobre temas fundamentais para o Brasil contemporâneo, os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, os retrocessos nas redes sociais, a reconstrução cultural do país no governo Lula e suas expectativas para as eleições de 2026.
Durante a conversa, o ator contou sobre sua participação nas cerimônias em memória ao 8 de janeiro, lideradas pelo presidente Lula, em Brasília, na quarta-feira (8). “Foi emocionante estar lá. Ver as obras depredadas sendo entregues restauradas é uma forma de afirmar que a democracia não foi vencida”, disse ele, citando a devolução do histórico Relógio de Balthazar Martinot, do Palácio do Planalto.
Abreu também não poupou críticas aos golpistas. “Passar uma picareta em uma mesa de vidro que guarda relíquias do Brasil é o auge do desprezo pela cultura e pela história. O bolsonarismo é carregado de psicopatia. Eles destruíram sem entender o valor do que atacavam”, afirmou.
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Relembrou ainda um dos momentos mais simbólicos da cerimônia. “A descida da rampa pelo presidente Lula foi arrebatadora. Mesmo com segurança, o ato mostrou a força da democracia. Foi uma reafirmação do nosso compromisso com a resistência.”
Cultura reconhecida internacionalmente
A vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro também foi pauta no Café PT. “A Nanda é espetacular. Quando anunciaram o prêmio, eu dei um berro. Receber esse prêmio de Angela Davis, em um filme que fala da ditadura, foi simbólico. Mostra que a cultura brasileira tem força para enfrentar o negacionismo e a desinformação”, comemorou.
Abreu elogiou o talento de Fernanda Torres e a relevância de sua obra. “Ela é filha de dois gigantes, Fernanda Montenegro e Fernando Torres, e consegue ser ainda maior. Esse prêmio é uma resposta direta àqueles que tentam diminuir a importância da cultura no país.”
Fake News e retrocessos
Outro tema de destaque na entrevista foi a decisão da Meta (controladora das redes Facebook e Instagram), de Mark Zuckerberg, de encerrar as checagens de fatos. Abreu, vítima frequente de desinformação, não poupou críticas.
“Isso é um retrocesso absurdo. A falta de regulamentação cria um terreno fértil para a desinformação, que é usada como arma política. Espero que o Supremo Tribunal Federal e o governo brasileiro não permitam que isso se espalhe aqui”, alertou.
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Ele também apontou as dificuldades de se combater o uso das redes para disseminação de ódio. “A pessoa que propaga fake news no WhatsApp ou no Instagram não está apenas desinformando, está cometendo crimes como racismo e homofobia. Precisamos de regulamentação para responsabilizar essas plataformas”.
Reconstrução da cultura
Abreu elogiou os avanços na área cultural promovidos pelo governo Lula. “O Ministério da Cultura nunca teve tanto dinheiro, mas ainda falta protagonismo. Precisamos liderar a luta pelos direitos dos artistas. Hoje, escritores e atores estão sendo explorados pelas grandes plataformas de streaming, e o ministério precisa assumir essa briga”, afirmou.
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Ele destacou a importância de leis como a Paulo Gustavo e Aldir Blanc. “Essas leis dão fôlego para os produtores culturais. Mas a burocracia ainda é um entrave. Precisamos agilizar esses processos para garantir que os recursos cheguem a quem realmente precisa”.
Projetos culturais em Maricá
Abreu revelou projetos culturais em Maricá, onde será diretor de cultura. Ele está trabalhando na criação de uma escola de cinema inspirada na Escola Internacional de Cinema e Televisão de Cuba.
“A ideia é formar jovens de Maricá para o mercado cinematográfico. Já temos 10 alunos que irão para Cuba em 2025, onde farão um curso intensivo. Enquanto isso, vamos estruturar a Film Commission de Maricá e criar a produtora Filmar”, explicou.
Ele destacou o impacto desse projeto para a cidade. “Maricá tem potencial para ser um polo cultural. Queremos transformar a cidade em um referencial de produção audiovisual no Brasil”.
Perspectivas para 2026
Sobre as eleições de 2026, Abreu defendeu um quarto mandato para o presidente Lula. “Lula é a representação da esperança. Ele tem a capacidade de unir o país e reconstruir o que foi destruído nos últimos anos. Tenho certeza de que será reeleito”, afirmou.
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Ele relembrou um momento pessoal com o presidente. “No dia da vitória, encontrei Lula no hotel antes de ele descer para cumprimentar a militância. Quando perguntei sobre o futuro, ele disse: ‘Quatro anos em Brasília, nem saio de São Paulo’. Foi uma demonstração clara de que ele está comprometido com mais um mandato”.
“O Brasil tem um imenso potencial, mas é preciso trabalhar com seriedade e compromisso. Cultura é resistência, e resistência é democracia. Estamos no caminho certo”, concluiu.
Da Redação