Café PT: reitor da UFRJ exalta a relevância da pesquisa científica brasileira
Roberto Medronho destaca no programa da TvPT a pesquisa crucial desenvolvida por sua universidade no tratamento das lesões na medula e ressalta os investimentos do governo Lula em ciência e na tecnologia
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Em entrevista ao programa Café PT, produzido e transmitido pela TvPT, nesta segunda-feira (13), Roberto Medronho, reitor da UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro, destacou a importância das pesquisas científicas desenvolvidas no Brasil e no mundo, principalmente pelas universidades. Durante a sua participação, ele fez a defesa da ciência, da tecnologia e da inovação como elementos importantes dentro do sentimento de defesa da soberania nacional.
Para exemplificar a excelência dos trabalhos científicos desenvolvidos no país, Roberto Medronho citou uma pesquisa revolucionária realizada pela própria UFRJ durante 25 anos de estudos para o tratamento de lesões na medula espinhal com a polilamina, que é um medicamento experimental desenvolvido pela universidade, em associação com um laboratório nacional.
“A população como um todo tem uma visão tanto quanto lúdica da ciência. Acho que a pessoa acorda, tem uma inspiração e descobre alguma coisa. Não, a pesquisa é muito mais transpiração e também inspiração, claro. Então, após 25 anos, a professora Tatiana Sampaio, lá da UFRJ, desenvolveu esses experimentos e evoluiu agora recentemente para testes em animais, foi bem-sucedido, e testado em um grupo pequeno de humanos também muito promissora essa proteína. E especificamente com o laboratório nacional foi solicitado à Anvisa a autorização para fazer o ensaio clínico com um número muito maior de pessoas, pois os resultados no laboratório nesse grupo pequeno de humanos realmente são resultados alvissareiros”, comemora o reitor.
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O reitor explica de maneira mais simplificada como funcionaria o tratamento em pessoas vítimas de lesões medulares. “Bom, essa substância a gente injeta no local da lesão e ela vai tentar recompor aquelas terminações nervosas que foram rompidas para voltarem a se conectar. De uma forma simples, é como se eu tivesse um cabo de eletricidade que foi cortado, eu vou lá e vou fazer um remendo bem feito, direitinho na passagem elétrica, porque trata-se disso, de passagem elétrica pelos nervos, faz com que a conexão do meu cérebro volte a conectar-se com os meus músculos”, explica.
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E complementa a explicação: “Quando der o comando quando eu quiser mexer com minhas mãos, basta um comando no meu cérebro e ela voltará a mexer .
Assista no vídeo abaixo a íntegra do programa Café PT desta segunda-feira (13)
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Retrocesso e retomada dos investimentos em ciência
Roberto Medronho ressalta na entrevista ao Café PT a persistência na formação crítica dos cidadãos e cidadãs, apesar dos ataques sofridos à ciência no Brasil e no mundo. Ele, inclusive, relembra o que ocorreu no Brasil neste sentido, após o golpe sofrido pela presidente Dilma Rousseff em 2016.
“Após o golpe contra a presidente Dilma houve uma quase que terra arrasada na área da ciência e tecnologia. No governo anterior, então, não precisa nem ficar citando aquele período tenebroso da história do país e das universidades, que eu vejo isso como uma volta ao obscurantismo. Essas pessoas normalmente são ligadas aos extremos, tem direita alguns inamovíveis. E a ciência é exatamente o inverso. A ciência busca a verdade. Na ciência, uma verdade hoje pode ser outra amanhã. A descoberta que eu descobri hoje, eu mesmo vou me questionar e tentar ver se ela realmente é verdadeira e pode não ser verdadeira, e eu mudo os meus paradigmas Então, a ciência é evolução, a ciência é progresso, a ciência é se questionar”, argumenta.
Com relação aos investimentos em ciência e tecnologia e nas universidades que estão sendo feitas pelo governo Lula, Roberto Medronho afirmou que não tem nem como comparar com o governo anterior, por exemplo.
“A primeira coisa que o presidente Lula fez em prol das universidades e da ciência foi recompor o orçamento da universidade para anterior a 2019. Então, isso foi a primeira coisa. Então, se você vê a curva, ela vem na descendente e nesse e o governo Lula ela começa a crescer. Isso é fundamental para que possamos produzir mais e melhor. Óbvio que a gente verifica que há necessidade de mais investimentos, porque o passivo pelos dois governos anteriores é muito grande. As nossas infraestruturas são muito precárias e você não reconstrói uma coisa de um dia para o outro”.
“Então nós confirmamos e valorizamos e agradecemos o compromisso que o ministro Camilo Santana, da Educação, a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, sob a determinação do presidente Lula têm feito para as nossas universidades e institutos federais. dá um ânimo enorme”, alegou Medronho.
Soberania com ciência, tecnologia e inovação
O reitor da UFRJ ressalta ainda na entrevista a importância da defesa da soberania nacional, da melhoria do meio ambiente, mas destaca também a questão do fortalecimento da ciência e da tecnologia dentro dessa defesa encampada pelo povo brasileiro.
‘O presidente o que puder fazer, ele fará e está fazendo para melhorar o ambiente, o ecossistema de educação, ciência, tecnologia e inovação para o nosso país porque isso é uma questão de soberania. Soberania nacional. Hoje, a discussão da soberania e é muito bem colocada pelo nosso presidente Lula, mas o povo acha que a soberania é apenas a defesa do território, a proteção dos recursos naturais. Isso também é soberania. Mas soberania também é ciência, tecnologia, inovação e educação. Não podemos ficar mais dependentes do que é produzido lá no Norte Global. Nós temos que produzir as nossas próprias soluções”, reforça.
“O povo brasileiro é um dos mais criativos do mundo. E ele tem certamente a sabedoria popular que, associada à pesquisa científica, apresenta soluções inovadoras para resolver nossos próprios problemas. O exemplo da Covid ficou claro para todo o mundo. O Consórcio Nordeste comprou 600 respiradores da China. Chegou lá em porto americano, o Trump confiscou. Aqui na UFRJ, os pesquisadores da COP e da Medicina, desenvolveram um respirador nacional que foi testado em humanos lá no nosso hospital e faculdade. O que que faltou? Faltou a escala, faltou ter a associação com a produção, com o setor produtivo e, especialmente, o setor produtivo nacional para que pudéssemos produzir respiradores brasileiros e não precisaríamos mais depender de respiradores do exterior também”, ressalta o reitor.
Da Redação