Campello: Cortar Bolsa Família causará retrocesso por gerações

Ministra do Desenvolvimento Social mostrou os avanços do programa nos últimos 13 anos e afirmou que proposta de Temer excluirá 36 milhões de brasileiros

Foto: Lia de Paula/MDS

Ex-ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, trabalhou na nova versão do programa, agora rebatizado Mais Bolsa Família. “Ou fazemos isso, ou a desigualdade continuará crescendo”, aponta

Em entrevista coletiva, na manhã desta quarta-feira (4) a blogueiros, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, destacou os avanços conquistados nos 13 anos de implantação do programa Bolsa Família e enfatizou que propostas que visam cortar investimentos em programas sociais podem acarretar em retrocessos por gerações.

A afirmação da ministra faz referência ao programa intitulado “Travessia Social“, documento vazado pela assessoria do vice-presidente Michel Temer (PMDB) que pretende reduzir o Bolsa Família e concentrar o benefício somente aos 5% mais pobres.

“Reduzir o Bolsa Família para os 5% mais pobres significaria tirar do programa 36 milhões de pessoas, 17 milhões de crianças de zero a 15 anos”, disse. A ministra explicou que atualmente o programa atende a quase 25% da população, representando 46 milhões de brasileiros beneficiados.

Para Campello, o projeto de Temer é “vendido como novo”, mas que, na realidade, é uma proposta antiga e que foi derrotada nas urnas. Segundo a ministra, “a maioria das pessoas não sabe direito o que está acontecendo, o risco que corre com um corte no Bolsa Família”. “O silêncio total sobre isso, principalmente por parte da mídia tradicional, é tentar impedir que a população tome conhecimento do que está acontecendo”, frisou.

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A ministra garantiu que o Bolsa Família não está inchado e não é um programa caro para o Estado.

“O Bolsa Família é um programa barato. O Brasil não está em crise econômica porque gastou com o Bolsa Família e eventuais reduções de gastos nesse programa não resolvem nosso orçamento. O que se economizar no Bolsa Família não resolve o problema fiscal do Brasil. Aliás, além do impacto reduzindo e amenizando a pobreza, o Bolsa Família mantém a economia local”, salientou, lembrando que para R$1,00 investido pelo governo no programa, R$ 1,78 de volta para economia.

Segundo ela, o real custo ao País seria não fazer o Bolsa Família. “A discussão deveria ser quanto custaria ao Brasil não fazer o Bolsa Família. Em longo prazo, vai trazer problemas estruturais para o País, como o aumento do trabalho infantil, da fome, da desnutrição”, apontou.

A ministra divulgou diversos números positivos do programa do governo federal. “Reduzimos a mortalidade infantil As crianças estão ficando mais altas porque estão comendo melhor. Na área da saúde os resultados são impressionantes, e na educação o mais interessante de todos, para mim, é que hoje a gente consegue demonstrar a redução da desigualdade escolar, que foi de 40%. Em 2002 terminavam o ensino fundamental na idade certa 32% dos alunos. Em 2012, saltamos para 58%. É um salto de 80% em 10 anos”, disse.

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Foto: Ana Nascimento / MDS Ministério do Desenvolvimento Social

“O nível de exclusão no Brasil era tão gigantesco que um pouquinho que se faz gerou um aumento de 80% de crianças que chegam ao ensino médio na idade certa, em 10 anos”, destacou.

Na avaliação da ministra, limitar o Bolsa Família para apenas mais dois anos, como quer a proposta de Temer, também causaria retrocessos.

“Esse é o debate q a gente está vivendo: voltar a perder gerações. Hoje o Brasil tem a primeira geração sem fome e na escola. O risco de retrocesso nessa rede de proteção, principalmente para as crianças, com a proposta de apenas dois anos de programa, é que as crianças não vão chegar ao final do ensino médio na idade certa, vão voltar a ficar desnutridas, vão voltar para o trabalho infantil”, afirmou.

Tereza Campello comentou ainda sobre o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, que ela considera uma ameaça aos direitos adquiridos nos últimos anos pelos segmentos mais discriminados. “O golpe é contra os pobres, contra os gays, os negros e as mulheres”, enfatizou.

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Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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