Com Margarida Salomão, Juiz de Fora terá mais empregos, educação e cultura

Deputada federal pode se tornar a primeira prefeita na história de Juiz de Fora, que passaria a ser governada pelo PT pela primeira vez. A petista anunciou uma gestão anti racista, com pessoas negras em cargos proeminentes, e garantiu a participação popular na definição das políticas públicas, bandeira histórica do partido

Divulgação/Campanha

Margarida Salomão durante atividade de campanha em Juiz de Fora

Juiz de Fora está prestes a eleger a primeira prefeita de sua história, e a ser governada pelo PT pela primeira vez. É o dizem as ruas da cidade após o debate promovido nesta sexta (27) pela TV Integração, retransmissora local da Rede Globo, entre a deputada federal Margarida Salomão (PT-MG) e seu adversários neste segundo turno, o empresário do ramo da construção Wilson Rezato (PSB).

O Ibope não realizou pesquisa com intenção de votos dos eleitores para o segundo turno em Juiz de Fora, que passou a ser conhecida como “Manchester Mineira” à época em que seu pioneirismo na industrialização a tornou o município mais importante de Minas Gerais. No primeiro turno, Margarida teve 102.489 votos (39,46%), contra 59.633 (22,9%) votos para Wilson.

Margarida iniciou o debate, que foi dividido em três blocos, lembrando que 42% por cento da população de Juiz de Fora é formado por pessoas negras, e perguntou a Rezato que políticas contra o racismo seriam adotadas. Para ela, “não basta ser não racista, é necessário ser anti racista”.

A deputada federal ressaltou que a população da cidade tem uma grande dívida com a população negra, pela sua contribuição ao desenvolvimento do municípios, e elencou três compromissos: “Nós teremos um órgão destinado a fazer essa reparação histórica. Teremos também homens e mulheres negras em posições de proeminência no nosso governo. E, finalmente, assumo o compromisso de construir um museu da população negra em Juiz de Fora”, afirmou.

Ao ser questionada sobre que ações adotaria nos bairros e comunidades mais carentes e na zona rural, Margarida afirmou que adotará um planejamento focado no território. “As pessoas que vivem os problemas são as mais capazes de identificar esses problemas e sugerir decisões apropriadas”, argumentou a candidata do PT, adiantando que manterá a tradição petista de participação popular na escolha de políticas públicas.

“O que a gente verifica é uma necessidade muito urgente de intervenção em muitas áreas. Temos alagamentos, ameaça de desabamento de encostas, moradias sob risco e uma grande desorganização urbana que em boa parte é causada por grandes empreendimentos imobiliários implantados sem planejamento e sem uma estrutura urbana que os atenda da maneira devida”, criticou Margarida, pregando o aperfeiçoamento da legislação urbana do município.

“O que hoje acontece é que alguém faz um empreendimento e não arca com nenhuma contrapartida ao impacto causada por esses empreendimentos. Alguém embolsa os ganhos e a comunidade arca com os gastos”, criticou a petista, sem, no entanto, mencionar que seu adversário, empreiteiro do ramo imobiliário, é um dos promotores da desordem urbana na cidade.

Margarida Salomão faz uma campanha propositiva e está sendo alvo de ataques do adversário. Ela lembra que o PT nunca administrou Juiz de Fora

Mais saúde, mais educação, mais cultura e mais empregos

Ao falar sobre saúde, Margarida lembrou que os recursos atualmente empregados na reforma da Policlínica da cidade, onde passará a funcionar um centro de especialidades médicas, são oriundos de uma emenda parlamentar apresentada por ela como deputada federal. “Da mesma forma, logo no início da campanha eu dei uma entrevista a esta mesma emissora falando de meu compromisso de abertura de uma porta de emergência no Hospital João Penido, para que ele possa funcionar com o uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da região, pois fazer gestão pública é empregar os recursos que já existem da melhor maneira possível”, defendeu.

Margarida também lamentou as perdas sofridas pelos agentes culturais com a pandemia do coronavírus, lembrando que a Cultura é um dos eixos organizadores do desenvolvimento econômico. Sua proposta é dispensar os produtores culturais do pagamento de taxas quando usarem espaços municipais e criar uma espécie de fomento para o setor, que não consegue receber os recursos advindos da Lei Aldir Blanc. Outra proposta é adotar a política de pontos de cultura nas comunidades, gerando renda e emprego com a formação de profissionais de economia criativa.

Questionada sobre como lidar com os reflexos da pandemia do coronavírus na educação das crianças, a candidata do PT recomendou cautela. “Quem conhece escola de dentro como eu conheço sabe que só poderemos retomar as atividades escolares presenciais a partir do momento que tenha vacinação, pois escola é área de aglomeração”, defendeu Margarida. “Será preciso reinventar uma pedagogia que considere essa circunstância inédita, e desenvolver estratégias de acolhimento e de recuperação não só escolar, mas de vivência, afetiva e social, construindo soluções que contemplem alunos e educadores”.

Sobre a retomada econômica e a geração de emprego e renda, Margarida chamou a atenção para as características da economia no município, formada em boa parte por pessoas que trabalham por conta própria e por micro e pequenas empresas, as maiores empregadoras de Juiz de Fora. “Nós já vínhamos enfrentando um processo muito duro com perda maciça de postos de trabalho, e a pandemia agravou tudo”, analisou.

“Agora, precisamos criar programas específicos de apoio a esses agentes econômicos, favorecendo o acesso ao microcrédito e investindo em qualificação para elevar a rentabilidade desses empreendimentos, principalmente os do setor de serviços, um setor forte em nossa cidade”, concluiu a candidata.

Margarida também afirmou que a Defesa Civil se tornará um órgão ligado diretamente ao gabinete da Prefeitura, que equipará seus profissionais e firmará convênio com a Universidade Federal de Juiz de Fora, que abriga um Núcleo de Observação de Risco, para elevar as ações preventivas e a capacidade de intervenção nas emergências. “A gente chega junto e depressa para resolver o que for possível e encaminhar o que for necessário”, resumiu.

No âmbito administrativo, Margarida irá recriar o Instituto de Planejamento Urbano, extinto no início deste século, decisão que, segundo ela, gerou a desorganização territorial e urbana vivida atualmente na cidade. “A mudança necessária não é apenas gerencial”, defendeu. “Nós precisamos de uma mudança real de projeto de desenvolvimento e de gestão, após trinta anos em que dois grupos políticos – um dos quais apoia meu adversário – se revezaram no poder”, afirmou a candidata. “E nós temos condições de oferecer à cidade o que é melhor para ela”.

Nas considerações finais, Margarida apelou às campanhas que, qualquer que seja o vencedor, não soltem fogos de artifício, para que a alegria não gere sofrimento a idosos, crianças, enfermos e animais. Ao encerrar, a deputada petista afirmou que espera “que a esperança vença o medo”.

Da Redação

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