Com país em guerra, Guedes volta a mentir sobre saúde, emprego e renda
Ministro da Economia aposta na pura dissimulação ao dizer que prioridade é “primeiro a saúde”, enquanto articula tropa neoliberal para dizimar no Congresso R$ 35 bi de recursos ao SUS e aprovar auxílio de menos da metade do que o necessário para milhões de famílias sobreviverem. Bolsonaro sobe tom em ameaça a estados e governadores voltam a cobrar governo por vacinas. “Governadores, prefeitos, movimentos sociais, empresários, universidades, toda a sociedade civil precisa tomar as rédeas do combate à pandemia no Brasil”, defende o líder da bancada do PT na Câmara, Bohn Gass (RS)
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No momento em que a pandemia do coronavírus abre um cenário de verdadeiro holocausto, com o país superando os EUA em mortes por milhão de habitantes – são mais de 1.360 mortes em média, todos os dias – o Brasil colhe os resultados da omissão macabra de um governo que decidiu jogar roleta russa com 210 milhões de habitantes. Uma paralisia institucional fulminou a Esplanada dos Ministérios, com consequências econômicas, sociais e sanitárias ainda imprevisíveis naquela que já é a maior crise da história nacional.
Enquanto o próprio Ministério da Saúde espera o pior nas próximas semanas – as projeções da pasta apontam para 3 mil óbitos diários – o ministro da Economia Paulo Guedes aposta na pura dissimulação, afirmando que o país precisa de saúde, emprego e renda. Isso mesmo. Guedes defendeu, na quinta-feira (4), que primeiro vem “a saúde, sem saúde não há economia”.
A frase de tom humanista mostra que o ‘garoto de Chicago’ tomou mesmo gosto pela mentira. Afinal, o “defensor” da saúde é o mesmo que articulou a tropa de choque no Congresso para dizimar R$ 35 bilhões de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e oferecer um auxílio de menos da metade do que o necessário para milhões de famílias sobreviverem.
Em meio ao caos, a guerra entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores acirra-se. Se, de um lado, governadores aumentam a pressão sobre o governo para acelerar a aquisição de vacinas, Bolsonaro sobe o tom das ameaças e investe na morte, chacoalhando sua base de fanáticos direto do manicômio no qual transformou o Planalto.
“Nós temos que enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos de enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, comentou Bolsonaro, ciente do efeito diversionista de seus ataques.
Imunizantes, a única esperança
Na Região Sul, não há mais vagas nos hospitais para internar pacientes com Covid-19. Goiás, Minas, Rio e São Paulo também estão à beira do abismo sanitário. Segundo informa reportagem do ‘Valor’, “a cúpula da Saúde entende que não há muito no momento o que fazer, a não ser estimular a reabertura de hospitais de campanha nos Estados”.
Frente ao esgotamento generalizado da rede hospitalar, e incapazes de lidar com a crescente demanda por leitos de UTI, 14 governadores responderam à chacota de Bolsonaro com uma carta endereçada ao Executivo, na qual pedem agilidade do governo na compra de vacinas.
“Esses imunizantes são hoje para o Brasil e para os brasileiros muito mais do que uma alternativa ou medicamento: representam a própria esperança da população e, nesse sentido, nenhum governante pode correr o risco de não esgotar todas as possibilidades ou de procrastinar ações e procedimentos”, afirmam os gestores. “Cada minuto, cada hora e cada dia são preciosos e decisivos, e constituem a triste diferença entre viver ou morrer”.
Esperar Bolsonaro é morrer
O líder da bancada na Câmara, deputado federal Bohn Gass (RS), sustenta que apenas ampla uma articulação nacional, envolvendo diversos setores do país, poderá mitigar os efeitos da crise.
“Emergência nacional! Governadores, prefeitos, movimentos sociais, empresários, universidades, toda a sociedade civil precisa tomar as rédeas do combate à pandemia no Brasil”, cobrou Gass, em mensagem nas redes sociais. “Comprar vacina, tomar medidas sanitárias, sociais e econômicas é urgente! Esperar por Bolsonaro é morrer”, ressaltou.
Gass também reagiu durante aos comentários desumanos e do deboche do presidente a respeito da dor e do luto de milhões de famílias. “Ao chamar de “mimimi” o desespero de autoridades, profissionais de saúde, familiares e doentes ante ao descontrole da pandemia, e de “frescura” a dor de quase 260 mil famílias, Bolsonaro atinge o máximo do desrespeito e do desprezo à humanidade”, afirmou. “Iguala-se a carrascos como Ustra”, comparou Gass.
Da Redação, com informações de ‘Valor’