Como mulheres na política influenciam no combate ao Covid-19
Parlamentares brasileiras e primeira ministra da Nova Zelândia são exemplos da importância da representatividade feminina
Publicado em
O Brasil ocupa a vexatória posição 134º de uma lista de 193 países no ranking de representatividade feminina no parlamento, segundo o Mapa Mulheres na Política 2019. São 77 deputadas em um total de 513 cadeiras na Câmara, e somente 12 senadoras entre os 81 eleitos.
Atualmente, as mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro e mais da metade da população total. Mesmo com tanta importância na economia e na sociedade, as brasileiras ocupam apenas 13% do total das cadeiras do Senado, 15% na Câmara dos Deputados.
Apesar da baixa representatividade feminina, quando as mulheres ocupam espaços políticos, elas reorganizam e rearranjam certas estruturas do poder patriarcal. O exemplo disso é a atuação das parlamentares petistas no combate ao coronavírus.
Com mais de 100 projetos de lei apresentados em defesa da classe trabalhadora, a aprovação da lei contra a violência doméstica durante a quarentena e a proteção do povos indígenas, as deputadas e vereadoras do PT têm tido um papel fundamental no combate ao Coronavírus.
“Foram as mulheres do PT e dos partidos de oposição que pautaram a importância de garantir auxílio emergencial para mães solo, por exemplo. Dificilmente, isso seria relevante discutir se fosse apenas homens”, explica Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT.
A lei que prioriza a mulher chefe de família para receber auxílio emergencial também foi uma iniciativa de parlamentares mulheres do setor progressista.
Em nível mundial, a Nova Zelândia conseguiu zerar os casos de coronavírus no país. Liderada pela primeira-ministra Jacinda Ardern, a Nova Zelândia é muito elogiada por sua resposta à epidemia de coronavírus, que incluiu um confinamento estrito de sete semanas até maio.
O arquipélago do Pacífico Sul, com uma população de cinco milhões de habitantes, registrou 1.154 casos confirmados e 22 mortes. O país não registra novos casos há 17 dias. Desde a semana passada tinha apenas um caso ativo, que já recebeu alta.
O caminho é longo
A participação de mulheres na política influencia na forma como o parlamento formula, elabora, propõe e encaminha políticas públicas. Portanto a representatividade feminina é fundamental para garantir pluralidade e qualidade na construção de sociedades mais justas, humanas e igualitárias. A nossa trajetória em solo brasileiro ainda é longa.
No ranking de mulheres no governo, o Brasil ocupa apenas a posição 149 em um total de 188 países. O governo de Jair Bolsonaro tem somente 9% de representatividade feminina, com apenas duas mulheres entre os 22 ministros. A média mundial é de 20,7%.
A baixa representatividade das mulheres brasileiras na política se reflete também na ocupação de cargos de poder dentro da Câmara dos Deputados. Das 25 comissões permanentes da Casa, apenas 4, ou seja 16%, foram presididas por mulheres no ano passado.
“Para transformar essa realidade, temos que atuar em todos os níveis. Por isso, o projeto Elas Por Elas incentiva a participação das mulheres na política desde o nível local como vereadoras e prefeitas até o nível mais global, como deputadas estaduais, federais, senadoras e até presidenta”, reforça Anne.
Conheça o projeto Elas Por Elas — clique aqui