Congresso da Juventude do PT debate o extermínio dos jovens negros

O encontro está marcado para a semana do dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra

O tema do 3º Congresso da Juventude do PT (3º ConJPT) será a luta contra o extermínio da juventude negra. Segundo dados do Mapa da Violência 2015, divulgados em maio deste ano, os negros são 2,5 vezes mais vítimas de armas de fogo do que brancos no Brasil.

Além disso, 58% das pessoas que morreram no país em decorrência do disparo de algum tipo de arma de fogo eram jovens entre 15 a 29 anos. Os dados são do estudo elaborado pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (FLACSO), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil.

“Parabenizo a valentia, a coragem e a inteligência política da juventude petista ao escolher esse tema”, afirma o professor Nelson Padilha, secretário Nacional de Combate ao Racismo do PT.

Para Padilha, o que tem por traz desse extermínio é o racismo. “Fundamentalmente numa questão econômica. Pois um grupo étnico economicamente majoritário não quer perder seu espaço na disputa pelo mercado de trabalho e, por isso, reprime a população negra”, ressalta.

O Mapa da Violência aponta ainda que enquanto as taxas de homicídios de brancos por arma de fogo caíram de 14,5 para 11,8 em 100 mil brancos, entre 2003 e 2012, os números em relação aos negros no mesmo período subiram de 24,9 para 28,5. Os dados mostram que são jovens pobres, negros, da periferia urbanas as principais vítimas de homicídios em nosso país.

O coordenador da Rede Urbana de Ações Socioculturais (RUAS), Max Maciel, afirma que levantar agora a questão do extermínio da juventude negra é tentar resolver um ônus de mais de 30 anos de atraso nas políticas voltadas para a juventude.

“A criança que salvamos na infância, estamos perdendo agora na juventude. Isso porque o Brasil enfrentou questões como a mortalidade e o trabalho infantil. Mas por muitos anos se omitiu em ações para a juventude. Apenas em 2010 é que conseguimos aprovar o Estatuto da Juventude, por exemplo”, destaca.

Max acredita que as conferências de juventude, os conselhos e a própria Secretaria Nacional de Juventude são importantes, mas agora é preciso ir além. “Precisamos discutir de forma mais aprofundada as potencialidades da juventude. Porque grande parte das políticas para esse segmento são voltadas para combater a violência. Nossa juventude precisa de políticas que garantam mobilidade, direito à cidade, à cultura, à educação, ao esporte”, complementa.

O secretário Nacional de Combate ao Racismo do PT ressalta que quanto mais a sociedade debater esse tema, mais subsídios teóricos e políticos serão gerados para os enfrentamentos ao racismo e combate aos altos índices de morte violenta entre jovens negros.

Segundo Padilha, para enfrentar esse extermínio é preciso mais políticas públicas de inclusão social, de distribuição de renda e riqueza, mais cotas, mais universidades públicas, mais educação pública. “Precisamos garantir a efetivação e ampliar ainda mais as políticas que o PT tem apresentado para o país. Isso vai possibilitar que cada vez mais gerações possam ter poder aquisitivo, político e de organização, e assim acabar com o racismo no Brasil”, completa.

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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