Covid-19: Negacionismo bolsonarista condena crianças à morte

Por falta de vacina, número de internações de pequenos de até cinco anos por Covid é quase o dobro do de idosos. “Ninguém mais morrerá por falta de vacina, de remédio e de oxigênio neste país”, garante Lula

Campanha bolsonarista contra vacina fez a proporção de crianças de até 5 anos internadas subir de 8% para 44% entre julho e 10 de setembro (Site do PT)

Contumaz propagador do lema fascista “Deus, pátria, família e liberdade”, Jair Bolsonaro, na prática, abusa da liberdade para atentar contra a Palavra e o futuro da nação, investindo contra as criaturas mais vulneráveis nas famílias. A insana campanha bolsonarista de sabotagem à vacina contra Covid-19 fez a proporção de crianças de até 5 anos internadas devido à doença subir de 8% para 44% entre julho e 10 de setembro.

Com a variação, o total de internações por Covid de crianças com essa idade passou a ser quase o dobro do de pessoas acima de 60 anos (2.205 contra 1.175). Tema de reportagem da Folha de São Paulo, a análise é de um pesquisador do Observa Infância, projeto da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que monitora indicadores infantis a partir de dados do Ministério da Saúde (MS).

“A cada dia que a gente passa sem vacina nessa faixa etária, a gente está condenando uma criança à morte por Covid, o que hoje já poderia ser evitável”, lamenta o autor do estudo, Cristiano Boccolini.

Segundo o pesquisador em saúde pública da Fiocruz, apesar de nos últimos meses ter caído o número de internações e mortes por Covid em todas as faixas etárias, a velocidade da queda é mais lenta entre crianças mais novas. Últimas a receberem imunização, elas vão sendo negligenciadas nos corredores do Ministério da Saúde, degradado pela atuação de Bolsonaro, o Herodes brasileiro, e seus cúmplices.

Neste ano, até 10 de setembro, foram internadas 12,1 mil crianças, e 439 delas não resistiram à doença. No período, apenas 2,5% de meninos e meninas com 3 a 5 anos tomaram as duas doses da vacina Coronavac (Butantan). Mas o desgoverno Bolsonaro não tem a mínima pressa – apesar dos apelos das famílias.

Conforme a reportagem, a câmara técnica de assessoramento em imunização da Covid do Plano Nacional de Imunizações (PNI) iria discutir o esquema de vacinação para crianças em reunião nesta sexta (30). No entanto, o assunto foi retirado da pauta porque ainda não há um posicionamento oficial do MS sobre a quantidade de doses que estará disponível – e nem o prazo para isso ocorrer.

Desgoverno protela decisões e propaga fake news para não vacinar as crianças

“É urgente essa tomada de decisão. A cada mês são mais de mil hospitalizações de crianças abaixo de cinco anos. Já tivemos mais de 12 mil hospitalizações e mais de 400 mortes neste ano”, alerta o pediatra Renato Kfouri, membro do comitê técnico do PNI.

“Isso não é residual. É mais do que todas as doenças do calendário infantil, mais do que pneumonia, meningite, hepatite, sarampo, todas juntas”, detalha o médico, que também preside o departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). “E daí?”, perguntaria o inquilino do Palácio do Planalto.

O uso da Coronavac na imunização infantil foi aprovado em julho pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a aplicação vinha ocorrendo apenas em municípios com vacina em estoque. Só no último dia 19 o Butantan entregou ao Ministério da Saúde 1 milhão de novas doses destinadas às crianças.

Indicada para meninos e meninas a partir de seis meses, a vacina da Pfizer só recebeu o aval da Anvisa neste mês. Mas o Ministério da Saúde não informa quando o imunizante estará disponível na rede pública de saúde e nem como estão as negociações com o laboratório. Há uma cláusula do contrato que permite ajustar o tipo de vacina a ser recebida. Estima-se que a Pfizer ainda deve entregar 35 milhões de doses.

O Brasil precisa vacinar 13 milhões de crianças entre 6 meses e 4 anos. O esquema vacinal para elas prevê a aplicação de três doses (39 milhões de doses, no total). Como as crianças entre 3 e 5 anos podem ser vacinadas com a Coronavac, o número de doses necessárias da vacina da Pfizer cairia para 21 milhões, estimam técnicos do ministério.

Lula: “Atenção especial para os que mais precisam”

A inação do desgoverno Bolsonaro para tomar esse tipo de decisão crítica que pode levar à morte de seres humanos não é inédita – muito pelo contrário. Desde o início da pandemia, o chefe do Executivo, que deveria ser a principal liderança no enfrentamento à crise sanitária, tornou-se o maior inimigo da saúde da população, criando entraves e propagando fake news contra a vacinação e a favor de medicamentos ineficazes.

Em dezembro de 2021, quando a Anvisa deu sinal verde para o uso da vacina da Pfizer em crianças a partir de cinco anos, Bolsonaro criticou a decisão e atacou a agência, desencadeando uma onda de ameaças aos técnicos e diretores. Sempre que pode, o futuro ex-presidente também minimiza o número de mortes de crianças pela doença. E elas continuam morrendo.

Em meio à insana campanha bolsonarista, apenas em 2020 e 2021 foram registradas 1.439 mortes por Covid de crianças de até cinco anos. Do total, 48% eram bebês de 29 dias a um ano incompleto (pós-neonatal). A média (1,9 por dia) equivale a dizer que todo santo dia duas famílias choraram a morte de seus bebês em 2020 e 2021. Mas o genocídio pode estar perto do fim.

“Ninguém mais morrerá por falta de vacina, de remédio e de oxigênio neste país”, afirmou Luiz Inácio Lula da Silva durante a Superlive Brasil da Esperança, nesta segunda-feira (26). “Vamos retomar e ampliar as boas políticas de saúde que fizemos nos nossos governos: o Samu, as UPAs, o Farmácia Popular e o Saúde da Família serão fortalecidos”, continuou Lula, mencionando políticas públicas também sabotadas por Bolsonaro.

“Chega de desvio de recursos dos medicamentos, do combate à violência contra as mulheres, do tratamento para o câncer e da merenda das crianças, para alimentar o orçamento secreto do Centrão”, disse ainda Lula. “Nós vamos governar para todos, mas com atenção especial para os que mais precisam.”

Da Redação, com informações da Folha de São Paulo

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