CPMI do Golpe retoma sessões nesta terça-feira (1º) para ouvir ex-diretor da Abin
Saulo Moura da Cunha, que estava no cargo no dia 8 de janeiro, deverá ser questionado sobre os alertas emitidos antes dos atos e sobre possíveis omissões da Agência
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A CPMI dos Atos Golpistas retoma os trabalhos nesta terça-feira (1), às 9 horas, com o depoimento do ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, que estava no cargo no dia 8 de janeiro e foi exonerado março. Ele deverá ser questionado sobre os alertas emitidos antes dos atos e sobre possíveis omissões da Agência, que é responsável por comunicar autoridades locais de segurança do Distrito Federal sobre os atentados aos prédios dos Três Poderes.
Servidor de carreira e oficial de Inteligência com mais de 20 anos de trabalho, Saulo exerceu diversas funções na Abin, entre as quais adido de Inteligência no Japão, diretor do Departamento de Contraterrorismo e diretor do Departamento de Integração do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin). Ele foi ainda designado para coordenar as ações de Inteligência dos Grandes Eventos no Brasil, como Jogos Olímpicos Rio 2016 e Copa do Mundo Fifa 2014. Antes de ser nomeado para integrar o Grupo Técnico de Inteligência Estratégica da equipe de transição do novo governo, em 1º de dezembro de 2022, ele exercia o cargo de coordenador-geral de Relações Institucionais e Comunicação Social da Abin.
A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), declarou semana passada que, durante o período de recesso parlamentar, a CPMI recebeu um grande volume de documentos sigilosos, “que vão respaldar tanto as oitivas quanto a apresentação de requerimentos para novas quebras de sigilo”, conforme divulgou o Correio Braziliense. “Nas próximas semanas, teremos reconvocações e acareações, de forma que possamos chegar aos autores intelectuais e aos financiadores do 8 de janeiro, um ato terrível contra a democracia brasileira”, afirmou Eliziane em entrevista ao jornal.
Na CPMI vamos intensificar as investigações sobre os atos golpistas de 8 de Janeiro, com novas oitivas, quebras de sigilo bancário e telefônico e mapeando a atuação dos financiadores, organizadores e executores da tentativa de golpe. 🔍📜
— Rubens Pereira Jr (@rubenspereirajr) July 31, 2023
Ainda no mês de agosto a CPMI deve ouvir também o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, para falar sobre a acusação de omissão no dia 8 de janeiro, quando era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e também sobre a minuta de decreto golpista encontrada pela Polícia Federal na casa dele. Além de Torres, os generais Augusto Heleno, Braga Neto e Gonçalves Dias deverão ter suas oitivas agendadas, conforme divulgado pelo site Metrópoles.
Relembre os depoimentos da CPMI do 8 de janeiro
Instalada em 25 de maio, a CPMI já ouviu oito depoentes e aprovou mais de 300 requerimentos, entre convocações de testemunhas, pedidos de informação e quebras de sigilos.
Na última reunião antes do recesso, dia 11 de julho, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid Barbosa, fez uso do habeas corpus apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e não respondeu a nenhuma pergunta durante a oitiva. Ele foi preso no dia 3 de maio na Operação Venire, que apura suposto esquema de fraudes nos cartões de vacinação. A Polícia Federal encontrou em seu celular diversas mensagens de teor golpista com o coronel Jean Lawand.
O coronel Jean Lawand Júnior teve que explicar, na sessão da CPI do dia 27 de junho, as conversas pelo whatsapp com o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente, e negou que as mensagens quisessem incitar um golpe de Estado. Numa das mensagens encontradas ele escreveu: “Cid pelo amor de Deus, o homem tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, de Divisão pra baixo está”.
Dia 26 de junho a Comissão ouviu o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar (DOP) do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime, que declarou que a Abin havia alertado aos órgãos de inteligência sobre o risco de ataques, mas o núcleo de inteligência do DOP não teve acesso a esses alertas.
Dia 22 de junho foi a vez do empresário George Washington Sousa, condenado a nove anos de prisão por ter colocado uma bomba em um caminhão próximo ao Aeroporto JK, em Brasília, em 24 de dezembro do ano passado. Ele ficou em silêncio durante a oitiva. No mesmo dia a CPI ouviu o diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF, Leonardo de Castro; e os peritos da Polícia Civil do DF Renato Carrijo e Valdir Pires Filho, que fizeram exames nas proximidades do aeroporto e no caminhão.
Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, depôs dia 20 de junho sobre blitze feitas em rodovias federais no dia do segundo turno das eleições, principalmente na região Nordeste, onde está a maior parte dos eleitores de Lula.
CPIs do MST e das Apostas
A CPI do MST também retoma os trabalhos nesta terça, às 14 horas, com o depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias. Em agosto devem depor o líder do movimento, José Rainha; o ex-ministro Gonçalves Dias, ex-chefe do GSI e o ministro Paulo Teixeira do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. A CPI das Apostas Esportivas recomeça os trabalhos na quarta (2) às 14 horas.
Da Redação