CPMI do INSS: parlamentares do PT fazem balanço das investigações
Deputados federais Paulo Pimenta, Rogério Correia e Alencar Santana reiteraram que escândalo foi aprimorado no governo Bolsonaro e desbaratado por Lula
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Os deputados federais Paulo Pimenta (RS), Rogério Correia (MG) e Alencar Santana (SP), integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) na CPMI do INSS, fizeram um balanço, nesta quarta-feira (22), dos trabalhos da comissão, que completou dois meses de atividade. Os três parlamentares detalharam como as investigações revelaram o rombo na Previdência deixado pelo governo Jair Bolsonaro.
Pimenta, líder do PT na CPMI, começou sendo eloquente e claro a respeito do escândalo bilionário. “Esse esquema criminoso, ele começou no governo Bolsonaro. Esse esquema foi montado no governo Bolsonaro. E essa quadrilha foi desbaratada no governo do Lula, que, inclusive, garantiu que esse dinheiro esteja sendo devolvido para os aposentados e para as aposentadas”, resumiu o petista.
Em seguida, Correia descreveu como os assaltantes do INSS criaram entidades fantasmas, com o beneplácito do governo anterior. O deputado substanciou Pimenta ao trazer nomes, incluindo indicados políticos de Bolsonaro.
“Eu vou dar três exemplos de entidades, que nós já investigamos […] Uma delas chama Ambec […] A Ambec, quando começou, tinha três filiados. Foi lá um ex-ministro do Bolsonaro […] ao final do governo Bolsonaro, ele virou ministro, mas ele vem lá de trás no INSS, acumulando, portanto, um papel para poder se colocar como a pessoa que montou esse esquema. Ele chama José Carlos Oliveira”, apontou Correia.
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“Tem o caso também, que nós já vimos, da Conafer, a mesma coisa. E esse daí era um pessoal que se dizia representar os empreendedores rurais. Então, se escondia, de mentira, através de empreendedores rurais, querendo imitar sindicatos, coisa que ela nunca foi. E, agora, nós vimos esse caso dos ‘golden boys’ […] que é a Amar Brasil. Esse é um escândalo absurdo”, acrescentou.
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— Paulo Pimenta (@Pimenta13Br) October 22, 2025
Prevaricação bolsonarista
Santana, por sua vez, ressaltou a prevaricação bolsonarista como ingrediente fundamental para a consolidação das fraudes nas aposentadorias. Ele falou do senador Sergio Moro (União Brasil), ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, que nada fez, apesar das denúncias.
“Todo mundo que veio [à CPMI], de entidades, essas pessoas que eu citei, representantes como, essa semana, que veio da Amar Brasil, eles começaram em 2019, 2020, 2021 ou 2022. Todo mundo reforçou, trouxe elementos, provas, dados ou informações”, afirmou Santana.
“Aquele documento que o ministro Moro, à época, recebeu do Procon de São Paulo, em 2019, no dia 30 de julho de 2019 […] e naquela reunião, estava o presidente do INSS, o [Leonardo] Rolim. E o que foi feito? Recebeu a denúncia de 10 entidades que estariam fazendo descontos indevidos e eles fizeram o quê? Nada”, lamentou.
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Santana avaliou ainda que a bancada bolsonarista está receosa de que sejam convocados aliados de Bolsonaro para depor na comissão. “Eles estão com medo agora”, descreveu.
Os ‘golden boys do INSS’
Durante o balanço das investigações, Pimenta se disse particularmente estarrecido com os chamados ‘golden boys do INSS’, como ficaram conhecidos os jovens que enriqueceram por meio dos descontos indevidos.
“De tudo aquilo que nós estamos investigando até agora, eu quero dizer para vocês, eu fiquei impressionado nesse último depoimento: o cara da Amar Brasil”, relatou, referindo-se a Felipe Macedo Gomes, que permaneceu em silêncio na última sessão. A bancada do PT pediu a prisão dele.
“Gente, 35 anos. O cara, até alguns anos atrás, tinha um Fiat. Foi pego agora, semana passada, com uma Ferrari de R$ 4 milhões. Uma frota de carros, ele e os parceiros dele, de 29 carros de luxo. Uma quantidade enorme de relógios Rolex caríssimos. Uma despesa mensal de mais de R$ 100 mil, só em lojas de grife, para compra de roupas. Gente que nunca trabalhou, nunca plantou um pé de café”, disparou o deputado.
“Esses são os ‘golden boys do INSS’. Essa é cara do bolsonarismo que roubou os aposentados e aposentadas”, concluiu Pimenta, antes de lembrar que, em 2022, Gomes doou dinheiro à campanha de Onyx Lorenzoni, ex-ministro do Trabalho e Previdência de Bolsonaro.
Sobre o empresário Fernando Cavalcanti, outro ‘golden boy’ investigado, os parlamentares do PT também expuseram sua suspeita ascensão econômica. Cavalvanti é sócio do advogado Nelson Willians, cujo escritório movimentou R$ 4,3 bilhões entre 2019 e 2023, conforme as investigações da Polícia Federal (PF). Willians, que teve a prisão preventiva aprovada pela CPMI, já foi fotografado ao lado do governador de São Paulo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“O cara [Fernando Cavalcanti] veio para Brasília, em 2018, ganhava R$ 5 mil por mês, R$ 5 mil por mês. No primeiro ano, ele declarou, no Imposto de Renda, R$ 119 milhões”, contabilizou Pimenta.
“Então, estes jovens bilionários, que nunca trabalharam, só conseguiram fazer isso porque o governo Bolsonaro foi cúmplice e foi sócio dessa roubalheira”, apontou o líder do PT na comissão.
Da Redação
