INSS: Pimenta pede prisão e apreensão de passaportes de ‘Golden Boys’
Grupo de jovens empresários é acusado de desviar R$ 714 milhões de aposentados e pensionistas. Felipe Macedo, um dos envolvidos, doou R$ 60 mil à campanha de Onyx Lorenzoni, ex-ministro de Bolsonaro
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O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que coordena a base do governo na CPMI do INSS, apresentou ao colegiado dois requerimentos para serem protocolados no Supremo Tribunal Federal (STF) contra os empresários do grupo conhecido como “Golden Boys”. Eles são acusados de desviar cerca de R$ 714 milhões de aposentados e pensionistas por meio das associações Amar Brasil, Master Prev, ANDAPP e AASAP.
O primeiro requerimento solicita a prisão preventiva e a apreensão dos passaportes de Felipe Macedo Gomes, Américo Monte Júnior, Igor Dias Delecrode, Anderson Cordeiro de Vasconcelos, Marco Aurélio Gomes Júnior e Mauro Palombo Concilio. O deputado sustenta que há fortes indícios de estelionato, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa, além de risco de fuga ao exterior.
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O segundo requerimento pede medidas cautelares diversas, com retenção dos passaportes e proibição de saída do país para os mesmos investigados, a fim de garantir a aplicação da lei penal e impedir evasão internacional. Suspeita-se, inclusive, que um dos envolvidos esteja nos Estados Unidos.
Ambos os pedidos se baseiam nos artigos 282, 312 e 319 do Código de Processo Penal, que preveem restrições diante de provas de materialidade, autoria e ameaça à instrução criminal.
CPMI aprofunda investigações
As investigações da CPMI do INSS revelam, a cada sessão, a face mais perversa do esquema que desviou recursos de aposentados e pensionistas para enriquecer o grupo de empresários batizado de “Golden Boys”. Os jovens bilionários montaram um império de fraudes, disfarçado sob a fachada de “associações” e “convênios previdenciários”.
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Na oitiva desta segunda-feira (20), o depoente Felipe Macedo Gomes, dirigente da Amar Brasil, foi apontado como um dos principais operadores do grupo. Ele é acusado de chefiar quatro entidades que, juntas, movimentaram cerca de R$ 700 milhões entre 2022 e 2025, sendo R$ 300 milhões apenas pela Amar Brasil. Os valores são oriundos de descontos ilegais em benefícios de aposentados.
O depoente ficou em silêncio durante a oitiva, amparado por um habeas corpus (HC). Ele se recusou a fazer o juramento de dizer a verdade e a assinar o termo correspondente. Seu advogado, Levy Magno, argumentou que Gomes estava na condição de investigado e, portanto, tinha o direito constitucional de permanecer calado para não produzir provas contra si.
Rede de corrupção bolsonarista
Diante de indícios cada vez mais claros de estelionato e de atuação em organização criminosa, Pimenta (PT-RS) alertou para a gravidade dos fatos e o elo político do empresário com o bolsonarismo.
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“Estamos falando de um grupo que usou o governo Bolsonaro como escudo para assaltar o INSS. Felipe Macedo doou R$ 60 mil à campanha de Onyx Lorenzoni, então ministro da Previdência. Isso não é coincidência, é rede de corrupção”, afirmou Pimenta.
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) reforçou que os depoimentos e documentos obtidos pela comissão confirmam a estrutura típica de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.
“Os ‘Golden Boys’ criaram empresas e entidades de fachada para desviar dinheiro público e esconder o destino desses recursos. É um caso clássico de organização criminosa, e o Congresso não vai tolerar impunidade”, disse Contarato.
Durante a sessão, parlamentares do PT alertaram para o risco de fuga dos investigados. O deputado Rogério Correia (PT-MG) lembrou que alguns dos acusados já tentaram se ausentar do país nas últimas semanas.
“Esses rapazes enriqueceram com o dinheiro de aposentados e agora tentam fugir da Justiça. Não são vítimas, são golpistas de colarinho branco que transformaram o INSS em balcão de negócios”, afirmou.
Na mesma linha, o deputado Alencar Santana (PT-SP) destacou que a base do governo está atuando para garantir a responsabilização do grupo.
“A cada dia fica mais evidente que estamos diante de uma quadrilha bilionária. É nosso dever impedir que esses criminosos desapareçam com o dinheiro público e escapem da responsabilização penal”, declarou.
A CPMI já identificou 27 processos de irregularidades envolvendo contratos, descontos automáticos e empresas ligadas aos mesmos beneficiários. O relatório parcial, previsto para as próximas semanas, deve propor indiciamentos por estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva.
“Esses jovens bilionários acham que podem fraudar o Estado, comprar silêncio e seguir impunes. Mas a CPMI está desmontando, ponto a ponto, esse castelo de corrupção erguido sobre o sofrimento do povo brasileiro”, concluiu Paulo Pimenta.
Da assessoria parlamentar do PT, com Redação
