‘Crise da esperança’ no Brasil é a mais grave, afirma Conceição Tavares

Para a economista, é preciso consciência do tamanho do Brasil, da sua importância como mercado e de seu lugar no jogo mundial

Foto: Antonio Cruz/ABr

Para a economista Maria da Conceição Tavares, o Brasil vive atualmente uma crise política, uma crise econômica e aquela que a economista considera a mais grave de todas, “a crise da esperança”.

“A economia tem jeito. Nosso pesadelo é a desesperança no Brasil”, afirmou. As declarações foram publicadas nesta quinta-feira (12) pelo portal “Carta Maior”.

Segundo a professora-titular da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e professora-emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a crise da esperança produz a sensação do caos, “mesmo que ele inexista”, ao mesmo tempo em que veta qualquer alternativa capaz de preveni-lo.

“A primeira coisa da qual temos que nos conscientizar é sobre o tamanho do Brasil, a sua importância como mercado, o polo geopolítico que introduz no jogo mundial”, destacou.

“O Brasil não é qualquer coisa. Não se amarrota uma nação dessas na vala comum das economias aleijadas pelos mercados. O Brasil não cabe nesse buraco”, apontou.

Para a Conceição Tavares, há a responsabilidade de “explicar o que é este País a quem insiste em não reconhece-lo”.

“Agora que saímos do arrocho cambial, que nos impelia a déficits em contas correntes, temos espaço para recomeçar”, garantiu.

Na sua avaliação, é preciso olhar o Brasil. “E digo aos sem esperança que isso não é pouco, se nos deixarem olhar o todo, não só o roto”, enfatizou.

A volta da esperança no Brasil, para ela, passa pelo investimento público. “Ninguém vai investir se o Estado não puxar”.

“Resolvida a coisa cambial, temos que ganhar fôlego tributário para o investimento público que puxará as concessões. Mas isso não é tarefa para economista”, ponderou.

“Isso é coisa para uma frente ampla de interesses progressistas, partidários, não partidários, de movimentos sociais, de intelectuais, centrais sindicais e do capital produtivo, o que inclui inclusive banqueiros que financiam a produção porque se isso não acontecer eles  também serão penalizados, caso seus clientes corporativos afundem no arrocho”, advertiu.

“Nenhuma nação sai de uma crise de transição de ciclo econômico dessas proporções sem recompor seu rumo político, como se fez em 82, 88, 2002”, destacou.

Porém, diferente de períodos passados, “não estamos enforcados do lado cambial. E isso é quase inédito em relação às travessias de ciclos anteriores. Nossas reservas cambiais são recordes, da ordem de US$ 370 bi. Ninguém nos chantageará no guichê do FMI, como tiveram que se render os tucanos. O nome disso é margem de manobra”.

“O Brasil tem um recomeço esboçado e em vias de implantação. Temos o pré-sal e a Petrobrás”, listou Conceição Tavares.

“Ademais de não enfrentarmos uma crise cambial dispomos agora do banco dos BRICs”, lembrou a economista, completando: “Por conta do interesse da China, da Índia e mesmo da África do Sul no petróleo, pode-se montar uma operação com o banco, capaz de propiciar o alívio financeiro de que a Petrobrás necessita para investir e elevar a produção”.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da “Carta Maior”

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