Críticas à Educação são culpa da ‘má vontade da mídia’, segundo Weintraub

Ministro da Educação tentou, em vão, esquivar-se das provas incontestáveis de má gestão; parlamentares da oposição foram ao STF para pedir o impeachment do ministro

Geraldo Magela/Agência Senado

O ministro da Educação Abraham Weintraub voltou a afirmar que a sua gestão realizou “o melhor Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de todos os tempos”, apesar dos erros na correção das provas que atingiram quase 60 mil alunos. Disse que foi ele próprio que detectou as falhas denunciadas por milhares de participantes nas redes sociais e chamou de “chuva de fake news” uma série de problemas na inscrição do Sisu em decorrência das falhas na correção. Segundo ele, grupos de mídia como a Globo e a Folha de S.Paulo agiram para “gerar terror e desmobilizar”.

Atendendo a convite dos senadores, ele compareceu à Comissão do Educação, Cultura e Esporte do Senado, nesta terça-feira (11) para explicar os problemas relatados durante a realização do exame. “Em maior ou menor grau, são maldades da imprensa e distorção. Teve uma chuva de fake news, mas estou acostumado”, afirmou Weintraub.

Ele também negou ter beneficiado um pai bolsonarista, ao encaminhar a reivindicação diretamente à direção do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) um pedido de revisão da prova da filha. Disse que todas as 172 mil reclamações tiveram o mesmo tipo de encaminhamento.

Sobre a demora em aplicar os cerca de R$ 1 bilhão recuperados pela Lava Jato – que o procurador Deltan Dallagnol pretendia utilizar em um fundo privado – o ministro alegou que os recursos serão distribuídos na forma de “voucher” para o pagamento de creches  nas regiões Norte e Nordeste, em programa que está sendo idealizado por ele, pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onix Lorenzoni.

Randolfe citou relatório da comissão externa da Câmara dos Deputados que apontou uma série de ineficiências na gestão do ministério, entre elas a diminuição no nível de escolaridade dos ocupantes comissionados, instabilidade, baixa capacidade de recrutamento e na retenção do corpo técnico.

Com base no trabalho dessa comissão, parlamentares da oposição foram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir o impeachment do ministro. Weintraub atribuiu as críticas, sem citar nomes, a um dos donos da cervejaria Ambev, Jorge Paulo Lemann, que financia programas de formação de quadros políticos, e também à deputada Thabata Amaral (PDT-SP), que integra um desses grupos.

“Uma das pessoas contratou o namorado (em alusão à deputada). Eu nunca contratei namorada na equipe do MEC. Isso por si só já basta. Existe um metacapitalista que tem o monopólio da cerveja no Brasil, que banca parte dos parlamentares que me criticam. A rotatividade nas empresas dele é gigantesca. Não dá para falar que é má gestão, mas uma técnica de gestão”, atacou o ministro.

Palavra morta

 

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES), afirmou que a gestão de Weintraub é ainda pior que a do antecessor Ricardo Vélez, que ficou à frente do ministério até abril de 2019. “Nada é tão ruim que não possa piorar. Piorou”, disse. O parlamentar listou violações em série do atual ministro, que configurariam crime de responsabilidade, pois ferem princípios da impessoalidade, legalidade, moralidade, publicidade e eficiência. “Eu afirmo, na gestão do senhor, todos esses princípios foram violados.”

Segundo o senador, ele violou o princípio da legalidade ao tentar restringir a participação de cientistas brasileiros em eventos internacionais. Imorais, segundo Contarato, foram as falas publicadas por ele nas redes sociais, quando sugeriu “ferro no Macron”, em resposta a críticas do presidente francês à política ambiental do governo Bolsonaro, ou quando chamou a mãe de internauta de “égua sarnenta e desdentada”. Ineficiência por ter deixado de gastar R$ 4,3 bilhões de verbas alocadas do ministério, “quando apenas 27,3% das escolas de ensino fundamental contam com biblioteca e apenas 37,2% com quadra de esporte.”

Ele listou ainda a descontinuidade no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, no atraso de repasses no programa Mais Alfabetização e na execução de apenas 1% do orçamento para o Ensino de Jovens e Adultos (EJA), além dos problemas ocorridos no Enem. “Diante disso tudo, não tenho perguntas. Contra fatos não há argumentos. O direito à educação pública de qualidade é uma palavra morta, vaga, que está deitada eternamente em berço esplêndido.”

Segundo o ministro, “legalidade, liberdade, dignidade, honra e decoro” são suas marcas pessoais. Ele também afirmou que a legislação lhe permite revidar agressões nas redes sociais. Já sobre o dinheiro “empoçado”, Weintraub disse que os recursos não gastos ficam contabilizados nas contas nacionais, e que os valores, quando investidos, “viram dívida ou patrimônio”, exercitando uma visão contabilista estreita.

Por Rede Brasil Atual

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