Cunha mostra força e escolhe 5 nomes no governo golpista de Temer

O presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha, peça-chave no processo de impeachment, agora indica nomes de sua relação para postos estratégicos federais

Antonio Cruz/Agência Brasil

Usurpador Michel Temer e Eduardo Cunha

A suspensão do mandato e do cargo de presidente da Câmara dos Deputados de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), não o tem impedido de colaborar com a composição do governo golpista de Michel Temer. Antes, Cunha ajudou o movimento golpista na aprovação do impeachment da presidenta eleita, Dilma Rousseff, na Câmara; agora, ganha espaços na administração federal, indicando nomes de sua relação e confiança para postos estratégicos.

Ao todo, Cunha já foi contemplado no governo golpista de Temer com a nomeação para cinco postos-chave de pessoas com as quais tem relação. O mais relevante deles é o Ministério da Justiça, ocupado agora por Alexandre de Moraes, que é advogado de Cunha. O ministro golpista da Justiça terá, entre outras responsabilidades, o comando sobre a Polícia Federal, que integra a operação Lava Jato.

Michel Temer e Alexandre de Moraes

Michel Temer e Alexandre de Moraes, novo Ministro da Justiça

A subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil passa a ser ocupada por Gustavo do Vale Rocha, que também advoga para Cunha. Em maio de 2015, em sabatina no Senado para uma vaga no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Gustavo Rocha chegou a ser questionado sobre a relação com Cunha. Respondeu que atuava na defesa do deputado suspenso pelo STF apenas em ações privadas. A indicação de Rocha foi resultado de articulação de Cunha para influênciar no Ministério Público Federal, já que a Procuradoria-Geral da República havia apresentado denúncia contra o presidente suspenso.

Pela Subechefia de Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil passam todos os atos legislativos aos quais o Governo precisa se posicionar, como as medidas provisórias e vetos a leis aprovadas no Congresso Nacional. As nomeações de integrantes dos escalões mais elevados do governo também costumam envolver a participação da SAJ.

O terceiro cargo de grande importância para atender aos interesses da Presidência da República que é ocupado por um nome ligado a Cunha é a liderança do governo na Câmara dos Deputados. Numa mostra de que mantém sua influência sobre a Casa, Cunha indicou, e foi atendido, André Moura (PSC-SE) para representar o governo golpista de Temer junto aos deputados. Além de responder a processo por tentativa de homicídio, Moura já foi identificado como integrante da “tropa de choque de Cunha”, por sua atuação nos bastidores para inviabilizar o funcionamento do Conselho de Ética que julga processo por quebra de decoro por Cunha.

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André Moura, novo líder do Governo na Câmara

Assessores

Eduardo Cunha também mostra parceria com o governo instituído depois do golpe quando emplacou nomes de assessores para postos relevantes. Ex-assessor especial, Carlos Henrique Sobral foi recebido como novo chefe de gabinete da Secretaria de Governo, ocupada agora pelo ministro golpista Geddel Vieira Lima.

Na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), após passar por cima da Lei 11.652/08, Temer nomeou o jornalista Laerte Rímoli, ex-assessor da secretaria de comunicação Cunha antes de ele ser suspenso do mandato e da Presidência da Câmara.

A inegável força de Cunha na composição do governo golpista cristaliza a percepção de que começa a ser recompensado seu empenho para manobrar o processo de impeachment na Câmara. E também a de que, embora seja um dos principais investigados na Lava Jato, Cunha terá a seu favor uma blindagem para livrá-lo das investigações e reverter o processo de cassação que corre no Conselho de Ética.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do “El País”

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